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Inovação na cafeicultura com o Ecotritus da Himev

José Braz Matiello

Engenheiro agrônomo do MAPA/Procafé

jb.matiello@gmail.com

Créditos José Braz Matiello
Créditos José Braz Matiello

Minha experiência em cafeicultura começou em 1968, no ex-IBC(Instituto Brasileiro do Café), onde comandei uma grande equipe de pesquisa e de difusão de tecnologia, na época, contando com 12 Estações Experimentais.

Depois entrei para o Procafé, que se transformou em uma Fundação nos últimos anos. São, portanto, 49 anos de atuação na cafeicultura. Nesse período fiz, também, viagens de estudo e de colaboração técnica, por meio da FAO e da Agência ABC, do Itamarati, em dezenas de países, no continente americano, no asiático e na Oceania.

As pesquisas que efetuamos junto aos técnicos da equipe, seja do ex-IBC, seja agora, da Fundação Procafé, creio ter dado bons resultados, pois procuramos, diferentemente de muitas outras, resolver problemas que aparecem no campo, ou seja, levar soluções adaptáveis aos cafeicultores nos vários setores de estudo, desde novas variedades, sistemas de plantio, tratos culturais, etc.

Desafios

Os produtores têm tido problemas no custo e rendimento da mão de obra, por isso, cada vez mais têm que optar por práticas mecanizáveis. Além disso, os custos de produção do café vêm aumentando e, por enquanto, ainda são compensadores, isto para quem obtém boa produtividade.

No entanto, os problemas de temperaturas mais altas e estiagens anormais vêm dificultando o alcance desse nível adequado de produtividade. O maior desafio, então, é obter boa produtividade, se possível acima de 40 sc/ha, com racionalização na administração de custos, nas compras e nas vendas.

 

Detalhe do Ecotritus derrubando e triturando os cafeeiros Créditos José Braz Matiello
Detalhe do Ecotritus derrubando e triturando os cafeeiros Créditos José Braz Matiello

O triturador Ecotritus

O interesse pelo triturador de restos de cultura surgiu de problemas encontrados em uma grande fazenda, onde presto consultoria, que desejava substituir uma grande área de cafezal velho e havia a alternativa usual, que demandava muito trabalho de maquinário, tanto em poda, depois arranquio, e ainda a retirada de madeira, tudo envolvendo custos elevados.

A alternativa de uso do equipamento triturador teve por base o conhecimento de experiências na região em uso florestal, mas não se sabia, na ocasião, como era o rendimento e a qualidade do serviço na lavoura de café. Pensamos, obviamente, nas vantagens que poderia oferecer, em termos de menor custo operacional e, também, no aproveitamento da grande massa de resíduos, que economizaria bastante na adubação da cultura posterior.

Dificuldades e a mais valia do Ecotritus

Entre os obstáculos, o primeiro tem sido a própria resistência do cafeicultor em substituir suas lavouras. É claro que existem práticas de recuperação técnica e economicamente viáveis, porém, após uma criteriosa análise, se possível assessorada por um técnico especialista, aquelas áreas em que não for indicada a recuperação, a substituição dessa lavoura por uma nova vai compensar muito, pois uma área pouco produtiva pode ‘comer’ o lucro das demais.

Segundo, o fato da substituição envolver muito trabalho e, lógico, custo adicional, parte pelo arranquio, mais uma parcela, hoje estimada em R$ 15 mil a R$ 20 mil por hectare para implantar uma nova lavoura de café.

Facilitando e barateando a erradicação e não revolvendo o solo, o equipamento vai facilitar tanto a erradicação como os novos plantios.

Área já erradicada pela passagem do Ecotritus, bem limpa (direita), ao lado da área de cafezal ainda não erradicada (à esquerda) Créditos José Braz Matiello
Área já erradicada pela passagem do Ecotritus, bem limpa (direita), ao lado da área de cafezal ainda não erradicada (à esquerda) Créditos José Braz Matiello

Uma mão na roda

A substituição de um cafezal exige a erradicação dos cafeeiros para liberar a área para os novos plantios. As alternativas operacionais mais comuns para a erradicação de cafezais são o uso de tratores ou pás carregadeiras com lâminas, arrancando e fazendo montes, para posterior queima, ou o esqueletamento/decote da ramagem fina, seguida da passagem de trincha e depois o arranquio dos troncos com corrente ou trator com lâmina.

Deste modo, nas alternativas normais de arranquio não se aproveitam os resíduos, que são queimados, ou são necessárias várias operações para o seu aproveitamento.

Os resíduos dos cafeeiros – folhagem, ramos e troncos das plantas, da lavoura erradicada, trazem consigo elevadas quantidades de nutrientes, na forma orgânica, disponíveis lentamente para o solo e benefícios aos cultivos posteriores. Pode-se estimar em mais de 500 kg/ha de N e de K numa plantação. Além disso, sua queima traz problemas ambientais.

Mecanização mais prática

A ajuda que pode ser dada ao cafeicultor pode ser observada como exemplo do experimento que fizemos, com o objetivo de testar um novo modo operacional na erradicação de cafezais, buscando deixar todo o material vegetal dos cafeeiros erradicados na área(mais de 500 kg/ha de N e K2O, além de outros macro e micronutrientes), sem atrapalhar os cultivos posteriores.

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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