Silvio André Meirelles Alves
Doutor em Fitopatologia e pesquisador da Embrapa
silvio.alves@embrapa.br
O cancro europeu das pomáceas é uma doença que afeta principalmente partes lenhosas, como os ramos do ano, os galhos e o tronco principal da planta, e ocasionalmente os frutos. O cancro apresenta áreas concêntricas alternadas de tecidos doentes e sadios ao redor de um centro deprimido, o que ocorre nos caules e troncos.
A partir do plantio de um novo pomar, as mudas que forem infectadas geralmente desenvolvem os sintomas no tronco. No caso de pomares adultos, ao surgirem plantas doentes, normalmente os sintomas são localizados nas partes mais periféricas da copa, nos ramos mais finos e pontos de colheita.
Os frutos também podem ser infectados e desenvolvem podridão geralmente na região calicinal. A presença desse sintoma é mais comumente visualizado no período de pré-colheita das frutas.
Infecção
Os frutos são mais sensíveis à infecção no início do seu desenvolvimento, nas primeiras semanas após a plena florada. O sintoma mais comum é a podridão na região calicinal, o qual se torna visível no período pré-colheita dos frutos.
A podridão afeta a aparência do fruto e também invade os tecidos internos, o que inviabiliza a comercialização desses frutos.
Sintomas visuais
Os cancros nos caules e troncos das macieiras são caracterizados por lesões necróticas escurecidas, em que o tecido afetado fica deprimido, para de crescer e as camadas mais finas da casca ficam propensas a desprender.
Como há crescimento desigual do tecido, podem aparecer anéis concêntricos e inchaço ao redor do cancro. No centro do cancro podem se formar pontuações esbranquiçadas, que são agrupamento de esporos do tipo conídio ou pontuações avermelhadas, que são estruturas do fungo onde são formados os esporos do tipo ascósporo.
Como consequência do desenvolvimento do fungo, pode ocorrer a morte de gemas, esporões e seca dos ramos.
Alternativas de controle
Na implantação de novos pomares, deve-se usar mudas sadias. Em pomares já estabelecidos, realizar monitoramento constante para detectar as plantas afetadas, retirar as partes doentes por meio da poda, seguido de pintura dos cortes, pulverização de fungicidas nos períodos de queda das folhas, floração e após a colheita.
O que há de novo
- Maior controle de qualidade fitossanitária das mudas antes da implantação de novas áreas;
- Maior rigor na retirada de cancros nos pomares já estabelecidos;
- Uso de fungicidas em períodos específicos, coincidentes com épocas de maior ocorrência de ferimento nas plantas.
Obstáculos
Os desafios de controle são muitos, devido às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença. As tarefas de monitoramento e retirada das partes doentes é muito demorada e onerosa, consequentemente, afetando a rentabilidade da cultura.
Por outro lado, a maior rigidez nas normas de produção de mudas tem contribuído para aumento da qualidade fitossanitária das mudas. Esse é o primeiro passo para um melhor controle da doença em longo prazo.
Além disso, o maior conhecimento dos períodos críticos para controle faz com que os produtores e responsáveis técnicos se sintam mais confiantes em tomar uma decisão no uso das formas de controle.
Muitas das informações geradas nos experimentos conduzidos no Brasil estão disponíveis no portal da Embrapa (www.embrapa.br), onde inclusive há um livro que pode ser baixado em formato pdf.