Fabrício Teixeira de Lima Gomes
Engenheiro agrônomo e mestrando em Ciência do Solo – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
agro.fabriciogomes@gmail.com
O limoeiro, assim como as plantas em geral, necessita de 17 nutrientes para o seu crescimento e desenvolvimento. Os nutrientes orgânicos (carbono, oxigênio e hidrogênio), são obtidos do ar e da água.
Os nutrientes minerais: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn) são obtidos do solo, e devem, quando em baixa disponibilidade no solo, ser fornecidos para as plantas por meio da calagem e adubação.
Atuação no solo
Entre as principais funções que os nutrientes desempenham, pode-se destacar:
Ü Nitrogênio: constituinte de proteínas, ácidos nucleicos e muitos outros, incluindo membranas e diversos hormônios vegetais.
Ü Fósforo: participa da transferência de energia, pois o ATP é necessário para a fotossíntese, translocação e de muitos outros processos metabólicos importantes.
Ü Potássio: apresenta importante função no estado energético da planta, na translocação e armazenamento de assimilados, na regulação do potencial osmótico das células e atua como ativador de enzimático.
Ü Cálcio: é um importante constituinte da parede celular, desempenha um importante papel na manutenção da estrutura e funcionamento das membranas celulares, é requerido em processos como a divisão celular, e é indispensável para a germinação do grão de pólen e para o crescimento do tubo polínico.
Ü Magnésio: faz parte da molécula de clorofila, atua como ativador enzimático, principalmente como cofator de enzimas fosforilativas. O Mg participa de uma série de processos vitais da planta que requerem e fornecem energia, como a fotossíntese, respiração, síntese de carboidratos, lipídeos, proteínas e absorção iônica.
Ü Enxofre: constituinte de todas as proteínas, faz parte do grupo sulfidrilo e ditiol, e atua em processos como fotossíntese, respiração e síntese de lipídios.
Ü Boro: atua na síntese de parede celular, no alongamento celular, na manutenção da integridade de membranas, transporte de carboidratos, na germinação do grão de pólen e desenvolvimento do tubo polínico.
Ü Cloro: sua principal função é como cofator de enzimas. Também apresenta efeitos osmóticos no mecanismo de abertura e fechamento de estômatos e balanço de cargas elétricas.
Ü Cobre: apresenta importante função como ativador e constituinte de enzimas, atua como transportador de elétrons, sendo essencial no processo fotossintético da planta e respiração celular.
Ü Ferro: importante para a biossíntese de clorofila e proteínas, constituinte e ativador de enzimas.
Ü Manganês: é constituinte e ativador de enzimas, com importante função em processos de oxirredução na planta,
Ü Molibdênio: participa como constituinte de várias enzimas, especialmente as que atuam no metabolismo do N e do S.
Ü Níquel: constituinte da enzima urease, além de ser centro ativo de enzimas hidrogenases e nitrogenases.
Ü Zinco: constituinte e ativador de enzimas, atua no metabolismo de carboidrato e proteínas, na síntese de auxina, RNA e estabilidade dos ribossomos.
Importância da análise de solo
Antes do plantio é fundamental que seja realizada a análise química e física do solo. Através da interpretação dos resultados obtidos, o técnico poderá recomendar a quantidade, forma e época de aplicação adequada dos nutrientes.
Esta prática tem como principal objetivo suprir as plantas naqueles nutrientes que se encontram em baixa disponibilidade no solo, garantindo o crescimento e desenvolvimento do limoeiro.
Recomendações de adubação para o limoeiro
Antes do plantio é a melhor oportunidade para incorporar o calcário, o que possibilita a correção da acidez nas camadas mais profundas do solo, além de fornecer Ca e Mg. O calcário deve ser aplicado visando elevar a saturação por bases a 70% e manter o teor de Mg em pelo menos 0,8 cmolc dm-3 na camada de 0 – 20 cm de profundidade.
Após a calagem, é importante buscar adicionar P em profundidade no sulco de plantio. Deve-se dar preferência a fontes de fosfatos solúveis em água, e se possível, contendo Zn. Além disso, havendo a disponibilidade, deve-se adicionar adubos orgânicos na cova de plantio.
Durante a fase de formação do pomar, até o quarto ano, as doses recomendadas de N, P e K levam em consideração a idade das plantas e os resultados da análise de solo. As doses de N e K devem ser parceladas de quatro a seis vezes, sendo que o maior número de parcelamentos é necessário nos primeiros anos após o plantio das mudas.
A aplicação de P deve ser, preferencialmente, em dose única, antes do primeiro parcelamento de N e K.
A adubação para pomares em produção leva em conta, além da disponibilidade de nutrientes no solo, os teores foliares de N e a produtividade esperada. A demanda por nutrientes é maior durante o período vegetativo mais intenso, quando a planta acumula reserva suficiente e equilíbrio de nutrientes na biomassa para garantir os processos de diferenciação floral, floração e fixação dos frutos.
As doses de N e K devem ser parceladas em três ou quatro aplicações durante o ano, aumentando a eficiência da adubação. O N e K devem ter 40% da dose recomendada aplicada na época do florescimento. O P pode ser aplicado em dose única, no primeiro parcelamento, especialmente quando o solo apresenta baixo teor do nutriente.
Em relação aos micronutrientes, em plantas com idade inferior a quatro anos, são recomendadas de quatro a seis aplicações de B, Cu, Mn e Zn nas folhas. Em pomares em produção, deve-se aplicar de três a quatro pulverizações com Mn e Zn, procurando atingir principalmente as brotações novas e folhas expandidas.
A adubação foliar com B deve ser realizada somente como complemento à adubação via solo, geralmente em pomares em formação, pois a eficiência de uso desse nutriente é maior quando aplicado no solo. A aplicação de B pode ser realizada juntamente com outras práticas de manejo, como os herbicidas de contato, por exemplo.
Além das recomendações acima, deve-se atentar a necessidade de gessagem. O gesso é um condicionar de solo que, além de neutralizar o alumínio tóxico em subsuperfície, fornece Ca e S para a cultura, possibilitando o aumento do sistema radicular em profundidade.
Fique de olho!
O estado nutricional do limoeiro deve ser monitorado por meio da análise química foliar. Entretanto, deve-se considerar os resultados da análise de solo e a quantidade de nutrientes exportada durante a colheita, para o adequado manejo nutricional da cultura e da fertilidade do solo.
Amostragens incorretas, tanto de solo quanto de folhas, para análise, são os maiores erros observados. Além da amostragem correta, é necessário que a interpretação dos resultados das análises e recomendação de adubação seja realizada por um profissional e que tenha experiência com a cultura.
Outro erro é fazer apenas um pequeno investimento no manejo da fertilidade do solo – nos anos em que o limão não está apresentando um bom preço, é comum o produtor reduzir o investimento em fertilizantes. Entretanto, deve-se considerar que esta prática irá afetar a produtividade nos anos seguintes, além de deixar as plantas suscetíveis ao ataque de pragas e doenças.
Sinais de deficiência nutricional
A plantas podem apresentar sintomas de deficiência quando o nutriente se encontra com baixa disponibilidade no solo, não atendendo a exigência do limoeiro. Entretanto, muitos desses sintomas são de difícil identificação e podem ser confundidos com doenças.
Dessa forma, é imprescindível realizar a análise química foliar para um monitoramento eficiente.
Os sintomas visuais de deficiência de B, Mn e Zn são os mais frequentes nos pomares. Em plantas com deficiência de B, as folhas novas apresentam áreas aquosas que se tornam translúcidas com o amadurecimento.
As nervuras ficam salientes, algumas vezes rachadas e com aspecto de cortiça, podendo ocorrer encurvamento e queda fácil das folhas. Os sintomas de deficiência de Mn ocorrem nas folhas novas, apresentando perda de brilho e clorose entre as nervuras, que permanecem verdes.
Nas plantas deficientes em Zn, as folhas novas são pequenas, alongadas, pontiagudas e eretas, com clorose entre as nervuras. As frutas são pequenas, com pouco suco, e ocorre seca dos ramos.
Novidades
Os maiores avanços na nutrição do limoeiro decorrem de pesquisas que possibilitaram a maior eficiência do uso de fertilizantes, da fertirrigação e do monitoramento do estado nutricional das plantas.
Além disso, as novas recomendações levam em consideração a demanda dos diferentes materiais, manejo de micronutrientes, incorporação de calcário em profundidade e adição de fósforo no sulco de plantio, o que proporciona um desenvolvimento mais rápido das mudas, produtividade mais precoce e conservação do solo.