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terça-feira, abril 30, 2024
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Irrigação em mangas: fundamental para a produção

Fotos: Glaucio Genuncio

Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de Fruticultura – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
glaucio.genuncio@ufmt.br

A irrigação da mangueira é de fundamental importância para a manutenção de água em seus estádios vegetativo e reprodutivo, pois faz parte de um fator para o controle do florescimento em regiões como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Porém, o descontrole na aplicação de água via irrigação por gotejamento ou microaspersão é um dos fatores que limita a produção de manga, seja pelo excesso ou pela falta de água proveniente do mal uso do sistema de irrigação.

O uso de irrigação pelos sistemas de gotejamento e microaspersão é o recomendável em função da economia de água, dada a eficiente alta do sistema (média de 90%).

Esta economia é fundamental para o uso eficiente de um recurso limitante, uma vez que a água é o fator que mais restringe o cultivo de plantas comerciais, como a mangueira. Assim, um adequado manejo de irrigação ou fertirrigação poderá dobrar a produção e a produtividade, além de potencializar a qualidade de frutos para a mangueira.

Sistemas disponíveis

Para a irrigação da mangueira é recomendável o sistema de irrigação localizado (gotejamento ou microaspersão), entretanto, dependendo das características técnicas envolvidas na análise de projeção do sistema, pode-se fazer uso da aspersão (fixa ou móvel).

Uma parte dos produtores prefere a implantação do sistema de microaspersão, por gerar um bulbo úmido maior ao redor da planta. De modo geral, estes microaspersores operam em pressões entre 200 a 300 kPa e vazões entre 40 a 150 L h-1.

Já para o sistema de gotejamento, o uso de gotejadores deve atender a pelo menos uma vazão de 60 L de água planta/h. Assim, se o gotejador tiver uma vazão de 10 L h-1, existe a necessidade de seis gotejadores por planta, distribuídos pelo perímetro da copa.

Manejo

Quanto ao manejo, pode-se destacar que, primariamente, acampará os estádios da planta, que seguem: preparo do solo para o plantio, plantio, crescimento I, crescimento II, repouso, sendo este últimos três considerados como estádios vegetativos e, indução da floração e frutificação, considerados como estádios reprodutivos.

Assim, a demanda da água, isto é, o manejo de irrigação, não é somente regido pelas características edafoclimáticas, mas sim pelas demandas fisiológicas específicas da cultura em suas diferentes fases de crescimento e desenvolvimento.

É recomendável, assim, o cálculo da evapotranspiração a partir das fórmulas matemáticas (ETo, KC, dentre outras variáveis) associadas ao uso dos tanques de evaporação.

Viabilidade para a mangueira

Apesar de a mangueira ser uma planta tolerante ao déficit hídrico, a irrigação é recomendável sempre que ocorrer uma estabilidade climática regional. Este fato, inclusive, foi o responsável pelo sucesso na produção de manga no semiárido do nordeste brasileiro (Petrolina e Juazeiro).

Segunda a Embrapa (Genu & Pinto, 2022; editores do livro A cultura da mangueira), a avaliação da distribuição do sistema radicular da mangueira sob irrigação torna-se importante como variável para a tomada de decisão sobre o adequado manejo de irrigação para esta cultura.

Fotos: Glaucio Genuncio

Segundo este autores, mangueiras Tommy Atkins irrigadas por aspersão subcopa em solo arenoso no perímetro irrigado do Vale do São Francisco apresentaram distribuição radicular horizontal entre 0,90 m a 2,60 m, com 68% das raízes responsáveis pela absorção de água e 86% responsáveis pela sustentação das plantas.

Outrossim, verticalmente, a uma distância de 1,00 m, observaram uma distribuição de 65% das raízes responsáveis pela absorção de água e 56% responsáveis pela sustentação das plantas. Estes dados garantem ao técnico uma melhor acurácia, tanto na aplicação de água quanto no manejo da fertirrigação para a cultura; o que melhora de forma significativa tanto o manejo nutricional quanto o de irrigação.

Variedades mais exigentes

Todas as variedades de manga demandam irrigação apropriada em um nível tecnológico que exija a indução floral. Quanto às novidades, a automatização da fertirrigação é um assunto a ser tratado futuramente, uma vez que o seu custo de implantação é alto e o treinamento do operador torna-se necessário.

Relevância da irrigação

Em sistema com adoção da técnica de indução floral, o que ocorre no semiárido nordestino, o manejo de irrigação faz parte do pacote tecnológico para que se alcance a plena floração. Assim, a aplicação da indução floral garante a produção de manga o ano todo naquela região.

Um dado importante é que o estresse hídrico é uma condição natural para que a mangueira paralise o seu estádio vegetativo. Assim, quando se associa uma programação adequada entre irrigação e estádios vegetativos da mangueira com o uso de reguladores de crescimento, técnicas de poda e manejo nutricional, a técnica pode ser eficaz na indução de uma maior maturação de brotos produtivos e, consequentemente, uma garantia de produção contínua da mangueira.

Especificamente, o efeito do estresse hídrico é um fator importante para o aumento da atuação de reguladores de crescimento na floração. Em contraponto, a uso da irrigação é fator sine qua non para florescimento.

Assim, a associação de estresse hídrico (ausência de irrigação) em um período programado com a entrada da irrigação também em um período adequado, favorecerá a floração e, consequentemente, uma garantia de produção e produtividade, aliada à qualidade de fruto.

Investimento

O investimento na irrigação, para a manga, fica em torno de R$ 6 mil a R$ 12 mil/ha, dependendo do nível tecnológico empregado. Existem projetos automatizados que podem ultrapassar os R$ 30 mil/ha.

Quanto à análise do seu custo-benefício, ressalta-se que, sem irrigação ou fertirrigação, a produção de manga no cenário da região de maior representatividade no Brasil (Juazeiro e Petrolina) não seria viável.

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