35.6 C
Uberlândia
sexta-feira, outubro 4, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosLavouras irrigadas: Investimento ou custo?

Lavouras irrigadas: Investimento ou custo?

Fotos: Daniel da Cunha

Com a irrigação é possível disponibilizar água na quantidade e no momento certo; proporciona fazer até três safras em uma mesma área e uma melhor utilização da estrutura da propriedade e, por fim, o aumento da renda por unidade de área.

Dizem que quando a lavoura vai bem, o sono do produtor é outro. Mas, quando vai mal, a tranquilidade não é a mesma. A ausência de chuvas e os veranicos estão entre os fatores que mais prejudicam os cultivos, pois comprometem os resultados de produtividade em todas as regiões produtoras do Brasil.

Para não ficar à mercê de condições climáticas desfavoráveis, o produtor pode optar pela irrigação da lavoura, sistema em fase inicial e de expansão no Estado de Mato Grosso, onde ocupa mais de 240 mil hectares em culturas como soja, milho, feijão e algodão.

Tecnologia

Existe mais de um tipo de irrigação e, no Mato Grosso, a mais presente é a irrigação por pivô central. O objetivo do sistema é suprir a necessidade hídrica das plantas em regime parcial ou total, de acordo com a regularidade das chuvas. Independente da cultura e do tamanho da área, a agricultura precisa de água para produzir e a irrigação é a única técnica capaz de permitir o aumento da produção, sem, necessariamente, o aumento da área cultivada.

De acordo com o especialista em sistemas agrícolas irrigados e consultor agrícola, Daniel da Cunha, a situação ideal para se utilizar a irrigação por pivô central é justamente em regiões que sofrem mais com períodos secos ou com a ocorrência de veranicos.

Entre as vantagens, segundo ele, está a possibilidade de calendarização dos cultivos, a adição de água na quantidade e no momento certos, a possibilidade de fazer até três safras em uma mesma área, a melhor utilização da estrutura da propriedade e, por fim, o aumento da renda por unidade de área.

“Mato Grosso tem potencial para irrigar mais de 10 milhões de hectares, no entanto, como tem um regime de chuvas mais regular e mais bem distribuído em comparação com outros Estados, a irrigação tem um caráter predominantemente complementar para as principais culturas produzidas nessa região, que é a soja, milho e o algodão”, destaca o especialista.

A exceção acontece no estabelecimento de uma terceira safra, que em Mato Grosso é de feijão e milho-semente. Neste caso, a irrigação será sempre plena do começo ao fim. Hoje, o feijão ocupa aproximadamente 60 mil hectares e as lavouras estão concentradas principalmente na região da BR 163.

Já na Bahia, Maranhão, Piauí, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde o clima regional é mais instável, a irrigação contínua é necessária e oferece aos produtores a segurança de alcançar excelentes ganhos de produtividade.

Sustentabilidade

O produtor Jadison Dors, de Campos de Júlio (MT), aposta na irrigação por pivô desde 2014, em 485 hectares de sua propriedade, onde planta soja, milho e feijão. A implantação do sistema em sua área se deu, inicialmente, para possibilitar a terceira safra. Com o passar do tempo, no entanto, o agricultor explica que a modalidade ganhou espaço, permitiu o aumento da área de safrinha, passou a ser conduzida com auxílio de gestão profissional e os resultados foram inúmeros.

“Colocamos os pivôs em solo arenoso e médio, mais próximo da água. Mas não estávamos produzindo bem, pois estávamos trabalhando sem saber a quantidade de água que a planta precisava. A partir do momento que contratamos a consultoria de um especialista em manejo e irrigação não erramos mais e, além do aumento da produtividade nas três culturas, passamos a economizar principalmente em água e energia”, frisa o produtor.

O especialista em sistema irrigado determina onde e quanto vai irrigar e trabalha com o auxílio de dados de estações meteorológicas e sensores de solo instalados na propriedade. No caso do produtor Jadison, o custo com energia para o sistema de irrigação teve redução de R$ 250,00 por hectare.

Gestão

Mas, infelizmente, este não é um exemplo comum em áreas irrigadas no Estado. De acordo com o consultor, menos de 10% das lavouras com o sistema possuem gestão profissional de irrigação, ou seja, poucos agricultores utilizam algum parâmetro técnico para a tomada de decisão. “Quanto e quando irrigar são definidos diariamente – baseado em dados empíricos e apenas visuais, o irrigante trabalha totalmente no escuro”, explica.

Além de não obter o resultado esperado e correr riscos, o produtor pode enfrentar dificuldades por parte dos órgãos ambientais. “Grande parte da pressão e rigidez desses órgãos sobre o uso da água em irrigação está relacionada à falta de profissionalização, pois o irrigante chega a utilizar 20 a 30% a mais de água do que a planta realmente precisa ou que o solo consegue armazenar”, destaca Daniel.

“Portanto, quando se fala em sustentabilidade na irrigação, estamos falando em utilizar água e energia de forma sustentável, respeitando o sistema de produção como um todo: solo, planta e atmosfera”, completa.

Vantagens

“As melhores médias da fazenda estão nas áreas de pivô, mesmo onde o teor de argila é baixo”, conta o agricultor mato-grossense. Ele explica ainda que na cultura do feijão o resultado chegava a 42 sacas por hectare antes da implantação do pivô e, depois, a média foi de 61 sc/ha.

O mesmo ocorre com a soja, que antes produzia até 54 sc/ha e com a irrigação alcança até 83 sc/ha, um aumento em torno de 30 sacas por hectare.

É inegável que a planta que recebe o manejo assertivo e a quantidade ideal de água produz mais e melhor. E com a irrigação, todo o sistema de produção ganha. “Passamos a poder escalonar melhor o plantio, não precisamos adquirir novas máquinas e a fertilidade de toda a área melhorou”, conta Jadison.

Como não há risco de falta de água, a adubação é feita de maneira “caprichada”, palavra usada pelo produtor para explicar o ganho de micro e macronutrientes que a terra teve.

ARTIGOS RELACIONADOS

Feira Internacional de Irrigação debate necessidades agrícolas

  De 19 a 21 de setembro Campinas (SP) sediará a FiiB " Feira Internacional da Irrigação Brasil, que nesta edição apresentará o avanço da...

Plantio de tomate – O que há de novo

Carlos Antonio dos Santos Engenheiro agrônomo e mestre em Fitotecnia pela UFRRJ carlosantoniods@ufrrj.br Mariella Camargo Rocha Engenheira agrônoma, doutora em Fitotecnia e pesquisadora no Instituto Federal Goiano "...

Feijão: O fosfito no manejo da podridão radicular

Autor Aldeir Ronaldo Silva - Engenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas - ESALQ/USP - aldeironaldo@usp.br A podridão radicular do feijão é...

1° Encontro Estratégico Remineralizadores de Solo e a Nova Agricultura

No dia 23 de julho Patos de Minas (MG) recebeu o 1° Encontro Estratégico Remineralizadores de Solo e a Nova Agricultura, realizado pela Harvest Minerals, apresentando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!