19.6 C
Uberlândia
segunda-feira, maio 13, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosMancha púrpura do alho e relação com inoculantes

Mancha púrpura do alho e relação com inoculantes

Crédito: Eduardo Sekita

Leandro Luiz Marcuzzo
leandro.marcuzzo@ifc.edu.br
Rodrigo Rosa
Pesquisadores – Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul

A ocorrência de doenças é um fator limitante para a produção do alho (Allium sativum L.) no Brasil. Entre as doenças, a mancha púrpura, causada por Alternaria porri (Ellis) Cif., tem sido considerada uma das mais destrutivas nas condições de temperatura elevada no Brasil.

O uso de inoculantes bacterianos pode ser uma das formas de manejo dessa doença, porém, é necessária a avaliação do comportamento temporal da doença entre eles. Entre as formas de caracterizar o desenvolvimento da doença, a curva de progresso temporal é a melhor representação de uma epidemia.

A interpretação do formato dessas curvas e seus componentes, como a taxa e a severidade final, são fundamentais para realizar o manejo de epidemias.

Como não se dispõe de informação sobre o assunto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o progresso temporal da mancha púrpura do alho em função do uso de diferentes inoculantes comerciais.

Pesquisa

O trabalho foi conduzido no Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul, no município de Rio do Sul (SC), durante o período de 13 de junho a 7 de novembro de 2022.

Bulbilhos de alho da cultivar Chonan foram vernalizados a 4ºC por 50 dias e após tratamento das sementes foram microbiolizadas durante uma hora com os inoculantes comerciais à base de Azospirillum brasilense; Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens; Bacillus licheniformis; Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B.pumilus e de Rhizophagus intraradices e testemunha com água.

Logo em seguida foram semeados a campo em três repetições constituídas de uma área de 1,3 x 1,25 m utilizando cinco linhas com espaçamento de 0,25 m entrelinhas e 10 cm entre plantas, totalizando um estande final de 65 plantas em cada repetição (equivalente a 400.000 plantas.ha-1).

Dez plantas em cada repetição foram previamente escolhidas e demarcadas aleatoriamente para a avaliação da doença. A calagem, a adubação e os tratos culturais seguiram as normas da cultura.

Para que houvesse inóculo na área, plantas adultas de alho-poró (Allium porrum L.) infectadas naturalmente com A. porri e apresentando sintomas nas folhas foram transplantadas entre cada parcela ao redor do experimento no dia do plantio.

A severidade da doença foi avaliada pela escala diagramática proposta por Axevedo (1997) em cada folha presente na planta a intervalos regulares de sete dias.

Resultados

O modelo logístico representado por: y=ymax/(1+exp(-ln(yo/(ymax-yo)-r*x)), onde y é a intensidade final de doença; ymax, intensidade máxima da doença; ln(yo/(ymax-yo) refere-se à função de proporção da doença na primeira observação; r corresponde à taxa; e x, ao tempo em semanas após o início da doença apresentou o melhor ajuste quanto à curva de progresso da doença e foi escolhido para representar o progresso da mancha púrpura na avaliação dos inoculantes (Tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros estimados pelo modelo logístico ajustado aos dados da mancha púrpura do alho e taxa de infecção aparente (r) com diferentes inoculantes comerciais. IFC/Campus Rio do Sul, 2022

TratamentoParâmetros do modelo logístico*r
ymaxyorR2 
10,0263601,6225540,3106280,9373510,013 ns
20,0246681,8731730,2596350,9620540,015
30,0240321,4876290,1655820,90019800,018
40,0281601,4551160,1415500,9038320,018
50,0260841,4357610,2293010,9197130,012
Testemunha0,0240003,3398100,3121400,9777160,025
CV(%)    32,05
*ymax: intensidade máxima da doença; yo refere-se a função de proporção da doença na primeira observação; r corresponde à taxa; R2: coeficiente de determinação; r é a taxa de infecção aparente. CV- coeficiente de variação. ns – não significativo pelo teste F. Tratamento: 1) Azospirillum brasilense; 2) Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens; 3) Bacillus licheniformis; 4) Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B.pumilus; 5) Rhizophagus intraradices e testemunha com água.

Foi verificado que o inoculante à base de Azospirillum brasilense apresentou a maior taxa (0,31) de progresso, enquanto que a mistura de Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B. pumilus a menor taxa(0,14), mas na taxa de infecção aparente o menor valor (0,12) foi com Rhizophagus intraradices (Tabela 1).

Constatou-se que a mistura de Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens e B. pumilus apresentou o pico máximo da severidade com 2,8%, enquanto que Bacillus licheniformis teve o menor acúmulo da doença com 2,4%.

É uma diferença de apenas 0,4% na severidade máxima entre esses inoculantes, porém, todos superiores à testemunha (Tabela 1).

A baixa intensidade da doença deve-se às condições ambientais de temperatura, que foram desfavoráveis para o desenvolvimento da doença.

Conclui-se que os inoculantes comerciais avaliados não apresentaram diferença no comportamento de progresso temporal da mancha púrpura do alho.

ARTIGOS RELACIONADOS

Com bioestimulantes o corte das árvores acontece mais rápido?

Autores Bruno Nicchio Engenheiro agrônomo e doutor em Solos e professor da Fundação Carmelitana Mário Palmério bruno_nicchio@hotmail.com Marlon Anderson Marcondes Vieira Engenheiro agrônomo e...

Importações de alho ainda na dianteira

Nos meses de maio, junho e julho de 2020 as importações brasileiras ficaram acima dos volumes ...

Cálcio é determinante na qualidade da uva?

AutorGivago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) givago_agro@hotmail.com A videira se adapta bem a uma grande...

Produtores em alerta: Percevejo-marrom da soja

Autores Diego Tolentino de Lima Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia diegotolentino10@hotmail.com Diarly Sebastião dos Reis Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia diarly.reis@gmail.com A...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!