Victor de Souza Almeida
Consultor em Horticultura, mestre e doutor – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
O cultivo hidropônico do tomateiro é uma técnica com a qual se pode obter maior produtividade e melhoria no controle de diversos fatores durante o ciclo produtivo. Entretanto, essa técnica ainda requer aprimoramento em vários aspectos, dentre eles as doses de nutrientes na solução nutritiva.
As exigências nutricionais são as mesmas do cultivo a campo, porém, nesse sistema todos os elementos necessários ao crescimento e desenvolvimento da planta devem ser fornecidos via solução nutritiva, uma vez que o substrato, ao contrário do solo, não serve como reserva nutricional.
Manejo
O manejo nutricional deve ser feito diariamente pela avaliação dos níveis de nutrientes e da quantidade de solução nutritiva que está sendo fornecida às plantas. A forma mais simples de monitorar a quantidade de nutrientes fornecidos é pela condutividade elétrica da solução, que é uma medida indireta da quantidade de sais dissolvidos na água.
Soluções com alta condutividade elétrica (mais salinas) tendem a resultar na produção de frutos de maior qualidade, porém, com redução na produtividade das plantas. Soluções menos concentradas tendem a aumentar a produtividade e reduzir a qualidade dos frutos pelo efeito diluição (maior quantidade de água nos frutos nessas condições).
Portanto, o produtor deve levar em consideração as exigências do mercado consumidor para ajustar o melhor manejo.
Outro ponto importante é sempre fazer o monitoramento da condutividade elétrica e do volume de solução drenada após as irrigações. Quando a condutividade elétrica da solução drenada for maior que a da solução original, significa que está havendo acúmulo de sais no substrato e estes devem ser lavados para evitar o aumento da salinização. A lavagem pode ser realizada aplicando-se água pura, reduzindo a condutividade elétrica da solução original, ou aumentando o volume de solução aplicada.
Outro cuidado que se deve ter é em relação ao volume da solução drenada. Altos volumes significam prejuízo devido ao desperdÃcio de sais, que têm custo elevado. Por outro lado, baixos volumes podem significar estresse hídrico ou risco de aumento de salinidade no substrato. O ideal é que se trabalhe com valores próximos a 15%.
Nutrientes fundamentais
Os nutrientes fundamentais que devem ser fornecidos às plantas são divididos em macro (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e micronutrientes (boro, zinco, manganês, molibdênio, ferro e cobre), de acordo com a concentração no tecido das plantas.
A dosagem necessária de cada nutriente varia de acordo com o tipo de tomate produzido, região, época do ano, qualidade da água e condições de cultivo. Portanto, não existe uma solução que se adaptea todas situações, devendo o produtor estar sempre fazendo ajustes finos para adequar a nutrição à sua realidade de cultivo.
Em hortaliças de fruto, como o tomateiro, normalmente se utilizam duas soluções nutritivas. A primeira (fase vegetativa) é usada até o pegamento dos primeiros frutos e a segunda (fase de frutificação), do pegamento dos frutos até o final do ciclo. A principal diferença é a concentração de potássio, que aumenta com o aparecimento e desenvolvimento dos frutos.
Como exemplo temos a solução de Furlani e Pires (2004), em que a solução vegetativa é composta por 480 gramas de nitrato de cálcio, 288 gramas de nitrato de potássio, 128 gramas de fosfato monoamônio e 256 gramas de sulfato de magnésio para cada 1.000 litros de água.
Já a solução de frutificação é composta por 480 gramas de nitrato de cálcio, 288 gramas de nitrato de potássio, 64 gramas de fosfato monoamônio, 96 gramas de fosfato monopotássico, 96 gramas de sulfato de potássio e 256 gramas de sulfato de magnésio para cada 1.000 litros de água.
Deve-se, também, adicionar os micronutrientes. Hoje existem misturas prontas disponíveis no mercado que facilitam muito o manejo e evitam erros de pesagem e mistura.
Como a quantidade de micronutrientes é muito pequena, tem-se a opção de comprar no mercado misturas prontas, que facilitam o manejo e reduzem a chance de erro na hora da pesagem.