Planta daninha presente em todas as regiões do Brasil pode causar muita dor de cabeça aos produtores e perdas de até 80% da produção
Para ter uma boa produção é necessário atenção e zelo ao longo de toda a safra. Se descuidar de alguma etapa do processo pode acarretar muitos problemas. Uma delas é o manejo, falando mais especificamente das infestações por plantas daninhas, como o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), muito complexa por apresentar biótipos com resistência múltipla a herbicidas.
Com o objetivo de auxiliar os produtores rurais nessa situação, o pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, doutor em Fitotecnia, Lucas Heringer Barcellos Júnior, orienta sobre os principais pontos que merecem cuidado.
Apesar de existirem muitas espécies daninhas, o capim-pé-de-galinha é uma das mais problemáticas. Com incidência em todo o país, essa planta tem gerado muita dor de cabeça aos produtores, principalmente os mato-grossenses.
Na soja, por exemplo, as primeiras aparições dela surgem em setembro, ainda antes do plantio e seguem por toda a safra. “De agora para frente, quem não controlou a planta, vai perder produtividade. Será muito difícil o manejo do pé-de-galinha resistente em pós-emergência da soja. Temos relatos na literatura de que as perdas nesses casos podem chegar a 80%, e se nada for feito, inviabilizará a colheita”, aponta o pesquisador.
Danos diretos e indiretos
O capim-pé-de-galinha causa danos diretos e indiretos ao produtor. De forma direta, por meio da competição gerada entre as plantas daninhas e as culturas por água, luz e nutrientes, causando, consequentemente, a diminuição na nutrição do cultivo principal.
Os danos indiretos podem ocorrer por essas plantas por se tornarem hospedeiras principalmente de pragas e doenças, que às vezes ficam ali alojadas nela e acabam migrando posteriormente para a lavoura.
E então, o que fazer?
Tendo em vista a relevância de manejar a planta daninha, o pesquisador da Fundação MT relata os principais pontos de cuidado que devem ser levados em consideração. O primeiro acontece lá no início da infestação, antes do plantio da soja, quando recomenda-se fazer uma boa dessecação com produtos específicos para isso.
O segundo ponto é manejar as daninhas com herbicidas nas épocas específicas indicadas pelos profissionais do setor. “Esse é um ponto muito importante. Às vezes o produto funciona bem, mas ele é aplicado na época errada. Tem que entender os estágios corretos das plantas daninhas. É importante a aplicação do herbicida quando estão mais novas, assim o pré-emergente não permite que novas sementes emerjam”, explica Lucas Barcellos.
Resistência é percalço
O manejo básico do capim-pé-de-galinha ao longo dos anos vem sendo o mesmo: desseque e plante e utilize herbicidas pós-emergentes. O que deve ser mudado, segundo o doutor Lucas Barcellos, são as estratégias de manejo, posicionamento de herbicidas e momento correto de aplicação. “É necessário que em áreas com pé-de-galinha resistente, o produtor faça dessecação antecipada à semeadura da soja e introduza herbicidas pré-emergentes no sistema, possibilitando a rotação de mecanismo de ação. Isso muda o cenário”, aponta.