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Atualmente, o greening é considerado a mais importante doença de citros no mundo. Huanglongbing (HLB ou greening) é causado por uma bactéria (Candidatus Liberibacter asiaticus) que vive nos vasos do floema das plantas de citros (laranja, tangerinas, limões, limas ácidas e outras espécies), causando sérios prejuízos à citricultura, como redução da produção das plantas afetadas (menos frutos por planta e queda dos frutos afetados antes da sua colheita), redução da qualidade das frutas produzidas (muito ácidos e com pouco açúcar, e amargos) e redução da longevidade das plantas afetadas (desfolha, perda de raízes com definhamento das plantas).
Segundo Renato Beozzo Bassanezi, engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e pesquisador cientÃfico do Fundecitrus, esta doença é muito importante porque:
– Dissemina-se rapidamente entre os pomares. A bactéria causadora é transmitida eficientemente pelo inseto psilÃdeo Diaphorina citri, que se reproduz rapidamente e tem capacidade de disseminação à distância superior a dois quilômetros;
– O controle da transmissão da doença é muito difícil e depende da ação conjunta de todos os produtores de uma região;
– Uma vez infectada, a planta não tem cura e todas as variedades cÃtricas comerciais são afetadas;
– Após a infecção, a doença evolui rapidamente por toda a planta e, principalmente em plantas jovens, a sua produção e longevidade são reduzidas drasticamente em poucos anos;
– A presença de plantas doentes e sem o controle do psilÃdeo na região impedem que pomares recém-plantados se tornem produtivos, mesmo com as melhores práticas de controle do psilÃdeo.
Prejuízos
Estima-se que mais de 38 milhões de plantas cÃtricas tenham sido erradicadas no Estado de São Paulo de 2005 a 2014, e que entre 15 e 20% de plantas com sintomas ainda estejam nos pomares paulistas.
No estado da Flórida (Estados Unidos), onde a doença foi primeiro relatada em 2005 e os produtores optaram por não eliminar as plantas doentes, atualmente mais de 80% das plantas se encontram infectadas e a produção vem caindo drasticamente (em 2004 era de 150 milhões de caixas de laranja e para a safra de 2014 foi estimada em 102 milhões de caixas).
Principais regiões atacadas
Renato Beozzo adverte que o HLB está presente em diversos países do sudeste e sul da Ásia, costa leste e sul da África do Sul, alguns países do Oriente Médio, em quase todos os países da América Central e do Caribe, vários estados do México e importantes Estados produtores dos EUA (como Flórida, Texas e, recentemente, Califórnia) e na América do Sul (Brasil, Paraguai e Argentina).
O pesquisador informa que, no Brasil, está presente nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Em São Paulo sua maior ocorrência está nas regiões citrícolas Leste e Centro, onde foi primeiro relatada, e com menor incidência nas regiões Norte, Noroeste, Oeste e Sul. Estima-se que mais de 60% dos talhões de laranja do Estado de São Paulo tenha a ocorrência de pelo menos uma planta com HLB.
Sintomas
As plantas afetadas têm o sistema radicular bastante reduzido. Os ramos mais afetados ficam com as folhas amarelas e as folhas maduras ficam com uma clorose assimétrica (chamada de mosquedado) e caem.
“Os frutos ficam deformados, tortos, de tamanho pequeno, de baixa qualidade e também caem antes da colheita. Àmedida que os sintomas avançam pela copa das plantas afetadas, a planta fica debilitada, desfolhada e produz cada vez menos“, esclarece Renato Beozzo.
Principais medidas de controle
Como não há variedades resistentes ou tolerantes ao HLB, e tampouco medidas eficazes e economicamente viáveis para a cura das plantas infectadas, o controle do HLB recomendado por Renato Beozzo é baseado na prevenção da ocorrência de novas infecções nos pomares.
O controle do HLB exige a integração de diversas medidas de controle, que devem ser aplicadas interna e externamente à propriedade por todos os produtores de uma região (manejo regional).
Planejamento do plantio e renovação dos pomares
– Evitar o plantio em regiões altamente afetadas pela doença, próximo à áreas contaminadas e com baixo controle do psilÃdeo;
– Plantio em áreas grandes (com mais de 700 ha) e renovação de pomares em blocos contÃnuos;
– Evitar o plantio de pomares estreitos;
– Plantio de mudas sadias de viveiros telados e certificados, preferindo mudas mais velhas com formação das pernadas;
– Boa nutrição das plantas. A adubação não evita a contaminação das plantas e nem cura a planta infectada, mas plantas bem nutridas suportam mais a presença da bactéria do HLB e podem ter maior longevidade produtiva que plantas doentes mal nutridas;