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Maracujá: Nordeste ainda domina cultivo

Maracujá – Crédito: shutterstock

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá. A produção nacional, no ano de 2018, de acordo com o IBGE, foi de 602.651 toneladas em uma área de 43.248 ha. A região nordeste destacou-se como a principal produtora, com 375.541 toneladas em uma área de 29.953 hectares, o que representou um aumento de 11% em relação a 2017.

Na segunda posição aparece a região sudeste, com 97.307 toneladas, seguida da região sul, com 75.245 toneladas, e que vem se destacando na produção da fruta, com produtividade de 20,6 t.ha-1, a mais elevada do Brasil, seguida da região centro-oeste, com 19,2 t.ha-1 e da sudeste, com 17 t.ha-1.

A produtividade média de maracujá no Brasil é de 14,1 t.ha-1 (IBGE, 2018), considerada baixa. Na região nordeste, a produtividade foi de 12,8 t.ha-1 e na região Norte, 11,3 t.ha-1. Em áreas onde são utilizadas cultivares melhoradas e tecnologias adequadas de produção, esta produtividade pode chegar a 50 toneladas.

No pódio

A Bahia continua sendo a principal produtora de maracujá do Brasil, com 160.902 toneladas, seguida do Ceará, com 147.458 toneladas. Santa Catarina manteve a terceira posição, com 53.961 toneladas, destacando-se no cenário nacional pela quantidade e qualidade dos frutos produzidos.

Com relação ao ano anterior, observou-se que o Rio Grande do Norte perdeu a quinta posição que ocupava para Minas Gerais, tendo uma redução de 37% de sua produção. O Espírito Santo manteve-se na mesma posição, com pouca variação de produção e área plantada.

Tabela 1 – Principais estados produtores de maracujá em 2018

UF Quant. produzida (t) Área (ha) Produtividade (t ha-1)
Bahia 160.902 15.724 10,23
Ceará 147.458 6.862 21,49
Santa Catarina 53.961 2.270 23,77
São Paulo 32.967 1.819 18,12
Minas Gerais 31.505 2.135 14,76
Espírito Santo 25.876 1.241 20,85

          Fonte: IBGE

Nos últimos cinco anos, o Estado de Santa Catarina tem aparecido com grande destaque na produção de maracujá, passando de 800 ha em 2013 para 2.270 ha em 2018, ou seja, quase triplicando sua área de plantio, assim como viu sua produção passar de 15.366 toneladas para 53.961 toneladas em 2018.

Também é importante ressaltar a qualidade dos frutos colhidos no Estado, apresentando-se grandes e bonitos, muito bem aceitos no mercado. Apresentam coloração de casca amarela e polpa alaranjada.

Oferta e demanda

Toda a oferta do maracujá produzido no Brasil é absorvida internamente para atender a dois segmentos – o da agroindústria, para extração de polpa, que absorve aproximadamente 40% dos frutos, e o mercado de frutas frescas, que abastece as feiras, mercados e Ceasas, que absorve os 60% dos frutos restantes. A Ceasa de São Paulo é a principal praça de comercialização de maracujá no Brasil.

Comparando-se a safra de 2018 com a de 2017, verifica-se que houve um aumento de 8,6% na quantidade de maracujá produzida no Brasil, 5,2% maior que a do ano de 2017, mas ainda menor que os anos de 2015 e 2016, quando tivemos em torno de 700 mil toneladas produzidas. Apenas a região norte apresentou redução na quantidade de maracujá produzido em relação ao ano de 2017.

Exportação e importação

A exportação de maracujá no Brasil é insignificante, pois a produção abastece o mercado interno, como dito anteriormente. Para o mercado de suco, nosso principal importador são os Estados Unidos, seguido de Holanda, Reino Unido, Portugal e Uruguai.

Custo produtivo e rentabilidade

O custo de produção depende do pacote tecnológico adotado pelo produtor. De acordo com o Anuário Agrianual 2019, estes custos podem variar de R$ 21.483,00 para o maracujá de sequeiro, com uma produtividade esperada de 17 t.ha-1, a R$ 66.699,00 para o maracujá irrigado, com produtividade esperada de 38 t.ha-1.

Assim como o custo de produção, a rentabilidade da cultura depende do pacote tecnológico adotado pelo produtor, das condições climáticas e da ocorrência de pragas e doenças. De acordo com o Agrianual 2019, nas condições da região sudeste, em condições de sequeiro e uma produtividade de 17 t.ha-1, espera-se uma rentabilidade em torno de R$ 617,00/ha, enquanto que para o maracujazeiro irrigado e produtividade esperada de 38 t.ha-1, estima-se uma rentabilidade de R$ 22.100,00 por hectare.

Balanço geral 2019

Considerada uma cultura de alto risco devido à ocorrência de pragas e doenças, aliada a fatores como falta de chuvas em algumas regiões e baixa tecnologia adotada por alguns produtores, o maracujá vinha apresentando redução nas áreas de plantio e da produção do fruto desde o ano de 2013.

Entretanto, a partir do ano de 2018, verificou-se um pequeno aumento da área plantada e da produção, motivado principalmente pela remuneração da fruta, que teve seus preços muito baixos no ano de 2017, quando foi comercializada nos valores praticados nas safras de 2014 e 2015. Essa tendência permaneceu no ano de 2019.

Perspectiva 2020

Considerando que os preços praticados nos anos de 2018 e 2019 foram satisfatórios, deve permanecer a tendência de aumento na área plantada para 2020. É interessante observar que os problemas com distribuição irregular de chuvas e controle de algumas doenças, como fusariose e virose, ainda sem controle, devem colaborar para os níveis de produtividade, considerados baixos para a cultura.

Autoria:

José Carlos CavichioliPesquisador científico da APTA/Polo Regional Alta Paulistajccavichioli@apta.sp.gov.br

Leandro Aparecido Fogagnoli ContieroEngenheiro agrônomo, pós-graduando em Agronomia – Unesp Ilha Solteira

Renan Borro CelestrinoEngenheiro agrônomo, professor da E.T.E.C. Engº Herval Bellusci de Adamantina/Centro Paula Souza

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