Daniel da Silva Souza
Engenheiro florestal, geógrafo e consultor ambiental
Produtividade, segurança e economia: são essas as três características marcantes dos sistemas mecanizados de colheita. Se nas décadas anteriores os sistemas mecanizados eram exclusividade de grandes empresas, hoje o cenário mudou: até pequenos produtores já podem fazer uso da colheita mecanizada.
Todo o segmento florestal (indústria de papel e celulose, fábricas de painéis de madeira, produtores de biomassa para energia, serrarias, empresas de postes e mourões e proprietários independentes) vêm aderindo à colheita mecanizada.
São várias as razões para a adoção de máquinas florestais pesadas na colheita, dentre elas a redução de acidentes de trabalho, aumento da produtividade, ergonomia para o operador, agilidade e diminuição dos custos de produção. A própria estrutura demográfica brasileira exige que as atividades sejam cada vez mais mecanizadas – o País está envelhecendo rapidamente e gerando forte declÃnio da oferta de mão de obra.
Hora de escolher
Para escolher a máquina ideal para a colheita é preciso levar em consideração a topografia do terreno, o volume do povoamento, o tipo de floresta e o uso final que a madeira terá.
Para sistemas de toras curtas, o Harvester já é bastante comum no Sul e Sudeste do Brasil, estando cada vez mais presente em outras regiões. Com este equipamento é possível cortar e processar as árvores no campo, substituindo a força de trabalho de até 25 operadores de motosserra. Um harvester corta, desgalha, descasca, secciona as toras no tamanho desejado (de forma automatizada) e as empilha, gastando para isso apenas alguns segundos.
Vantagens sem fim
Como o processamento da árvore ocorre em campo, há vantagens ambientais e logÃsticas: as cascas e galhos, ao ficarem na propriedade, acabam garantindo boa parte da ciclagem de nutrientes e reduzindo o peso e o volume de madeira a ser transportada.
Mecanicamente, os Harvester’s são compostos por uma máquina base com uma grua e um cabeçote. Preferencialmente a máquina base deve contar com sistema de esteiras em substituição aos pneus, que reduz consideravelmente a compactação do solo.
Para o uso economicamente viável de um Harvester, recomenda-se que haja volume de madeira igual ou superior a 200 metros cúbicos por hectare e inferior a meio metro cúbico por árvore.
Próximo passo
Depois de cortada e processada, a madeira precisa deixar o campo. Entram em ação as máquinas florestais do tipo Forwarder. Essas máquinas fazem o baldeio das toras, levando-as para os pátios intermediários ou para as margens das estradas. São capazes de transportar até 25 toneladas de madeira numa única viagem.
Lembrando que as toras devem ser curtas (não superiores a seis metros) e a distância de baldeio não deve ultrapassar 300 metros, para não comprometer a eficiência do sistema.
Forwarder e Harvester formam uma dupla afinada quando o assunto é colheita de toras curtas. Mas, para toras classificadas como longas indica-se o uso do Feller Buncher (em substituição ao Harvester) acompanhado do Skidder (no lugar do Forwarder).
Cortador acumulador
O FellerBuncher é conhecido como cortador acumulador, pois o cabeçote utilizado é capaz de cortar e acumular vários indivíduos antes de tombar as toras no solo. Não ocorre o processamento como no Harvester, há apenas o destopamento (que é o corte da porção superior da árvore) e o seccionamento em toras com mais de seis metros de comprimento. Este maquinário chega a colher até 200 árvores por hora e é bastante eficiente quando as árvores apresentam mais do que meio metro cúbico de volume individual.
Para fazer o baldeio de árvores colhidas pelo FellerBuncher, o Skidder tem sido uma excelente opção. As toras são acumuladas em feixes e arrastadas pelo Skidderpor meio de uma pinça traseira ou por cabos de aço.
Depois de transportada para o pátio intermediário ou para as margens das estradas, a madeira pode ficar na área (para secagem e perda de peso), ou pode seguir imediatamente para o pátio final.
A colheita
A finalidade do uso da madeira colhida vai determinar o tempo que esta ficará ociosa antes do transporte final. Para serraria e laminação, por exemplo, as toras são colhidas com no máximo cinco dias.
Madeiras de pinus tendem a desenvolver microrganismos manchadores ou apodrecedores, caso fiquem muito tempo aguardando a retirada, o que gera prejuízos estéticos e econômicos. Para energia, a espera é maior e a secagem em campo diminui o custo de transporte, mas é preciso cuidado, pois há aumento no risco de incêndio.
O transporte para o pátio final normalmente ocorre com o uso de caminhões, bi-trens ou até tri-trens do tipo fueiro. Essas carrocerias são leves, resistentes e permitem o transporte de grande volume de madeira.