O primeiro passo para o sucesso no plantio é a utilização de sementes de alta qualidade e livres de pragas e doenças, possibilitando que o híbrido possa expressar seu máximo potencial produtivo.
Felipe Pontes Teixeira das Chagas – Técnico em Agropecuária – felipexpt@hotmail.com
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas – Engenheira florestal – kyviapontes@gmail.com
Se fizermos uma busca recente aos dados de produção sobre as principais culturas agrícolas, poderemos observar os avanços da agricultura e, consequentemente, o aumento de produtividade e tecnologias que favorecem o homem do campo.
Hoje, é possível encontrar mais de 100 espécies de milho, que podem variar em relação ao porte, tolerância ambiental, tamanho e formato da espiga, bem como cor e quantidade dos grãos.
O milho é uma planta completa, se considerarmos todas as possíveis utilizações, podendo ser colhido o grão seco para a indústria e alimentação; a espiga verde para produção de conservas e comidas típicas, como a pamonha e canjica, além da sua utilização como forragem, podendo ser fornecido in natura ou em forma de silagem para vários tipos de animais.
Esse padrão de planta é cada vez mais importante, principalmente devido ao aumento no consumo humano e necessidade de produção.
Necessidade por híbridos de alta qualidade
Cada vez mais ocorre o aumento da população do mundo, o que acarreta a maior demanda por alimentos, como é o caso dos grãos. O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, passou a investir em desenvolvimento de tecnologias que têm como objetivo elevar a produtividade e qualidade, reduzindo a necessidade de tratos culturais mais específicos nos ciclos de cada cultura.
Esse processo tecnológico foi necessário devido às espécies cultivadas “comuns” não conseguirem atender as necessidades do produtor em relação à tolerância e produção, muito menos os padrões do mercado, visto que em quase todos os cultivos foi observado o aumento na incidência de pragas, doenças e desenvolvimento da mecanização das grandes culturas.
Neste aspecto, surgiram os híbridos e as variedades, também chamadas de cultivares. Estas começaram a apresentar resistência a pragas, doenças e padronização da lavoura, sendo uma opção mais confiável e vantajosa para o produtor, principalmente por atenderem os níveis de produção almejados, o que permite uma maior relação de retorno financeiro ao fluxo de vendas – produtor e comércio consumidor.
Técnica e produtividade
O primeiro passo para o sucesso no plantio é a utilização de sementes de alta qualidade e livres de pragas e doenças, possibilitando que o híbrido possa expressar seu máximo potencial produtivo. Sendo obtidas sementes de alta qualidade, é possível ter boas estratégias de produção, tais como plantio precoce, menor espaçamento entrelinhas e plantio direto.
Tal prática garante o melhor estabelecimento das plântulas de milho, as quais emergem rapidamente e são capazes de tolerar condições adversas que possam ocorrer. De acordo com os dados da companhia nacional de abastecimento, a CONAB, a produtividade média de milho no País, na década de 1970, era de 1.632 kg.ha-1, apresentando um elevado incremento para 5.700 kg.ha-1, contabilizado na última safra de 2020. Um aumento significativo e justificado pelo desenvolvimento de cultivares mais produtivas, indicadas especialmente para cada região e clima específico.
As grandes empresas do agronegócio, mais precisamente do ramo de sementes, atuam diariamente na melhoria e desenvolvimento de novas cultivares, contando com fazendas experimentais localizadas em todas as regiões do nosso País, visando ter referências sobre todas as variáveis climáticas e os tipos de variações dentro do mesmo clima.
Isto resulta em híbridos mais adaptados a cada região, período de plantio e utilização, o que significa que nem sempre o melhor híbrido para os plantios localizados no Mato Grosso será o mais produtivo em plantações na Bahia, o que é válido para as demais regiões e Estados.
Assim, são avaliados vários parâmetros, desde coloração, formato do grão, altura da planta, relação de folha/haste, precocidade e tolerância a pragas. Todos estes fatores são necessários para que o produtor utilize a variedade mais adequada a sua necessidade.
O plantio direto
Com a substituição dos cultivos convencionais pelo plantio direto, se fez necessário o desenvolvimento de variedades tolerantes/resistentes a herbicidas de amplo aspecto. Entre vários, o mais popular e comercializado é o glifosato. Este é um herbicida sistêmico, de amplo espectro e dessecante de culturas.
Atualmente, não podemos falar de produção de milho de maneira comercial sem a utilização deste herbicida, pois é a partir de sua utilização que se tem resultados positivos, com ganhos principalmente por redução dos custos com tratos culturais.
Principais cuidados e erros
Para ter como resultado uma produção almejada, deve-se ter atenção a alguns detalhes. Como mencionado anteriormente, a escolha das sementes é uma etapa fundamental, sendo necessário ter certeza na qualidade do produto que foi adquirido.
Outro fator importante é o preparo da área no pré-plantio, devendo ser realizada a limpeza de maneira correta, bem como os tratos envolvendo correção química e física, em caso de solo compactado, e combate às formigas.
O espaçamento deve ser pensado de acordo com o porte que será atingido pela planta. Na literatura especializada, comumente é visto o espaçamento reduzido, com a utilização de 45 cm a 50 cm entrelinhas.
A adubação deve ser feita na maneira recomendada, com NPK, porém, a quantidade e concentração podem variar de acordo com o cultivar. Um ponto que vale atenção é a resistência ao acamamento, que é maior ou menor, dependendo da cultivar.
De modo geral, o principal cuidado que se deve ter é escolher a melhor cultivar para o local onde será feito o plantio. Dessa forma, inúmeros problemas poderão ser reduzidos, ou até mesmo evitados.
Custo-benefício
O Brasil é um dos maiores produtores de carne do mundo, e esse fato está diretamente relacionado com a produção de alimento para os animais. Assim, é visto que o milho é o componente principal das rações destes animais, o que resulta em uma demanda muito elevada de produção.
Além disso, qualquer efeito negativo de comprometimento na produção pode resultar em altas de preço, não somente deste, mas em diversos itens, visto que o milho faz parte dos mais variados insumos necessários para o consumo diário da população.
A produção varia conforme a região, mas para dados de 2020, no Rio Grande do Sul foi visto que o custo total de produção de milho é de aproximadamente R$ 5.000,00 por hectare, 9,83%. Além disso, os cálculos indicam uma rentabilidade de 36,65%, o que significa que o produtor utilizará 117 sacas contra 147,2 sacas da safra anterior para pagar os custos.
Essa redução na produção é um indicador motivador para o uso de híbridos de qualidade e maior tolerância, promovendo uma redução nos custos e um maior retorno financeiro. Desse modo, a briga pelo aumento das produtividades, por plantas resistentes e mais eficientes, sempre serão o objetivo de todos os produtores.
Isto só será possível com o avanço no desenvolvimento de novas variedades, para que cada novo plantio seja melhor que o último, e assim se atenda a demanda crescente por alimentos no mundo.