Rafael Rosa Rocha
Mestre em Ambientes e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado do Mato Grosso (UFMT)
rafaelrochaagro@outlook.com
Rayla Nemis de Souza
Doutoranda em Biotecnologia e Biodiversidade – UFMT
nemisrayla@gmail.com
Aliado ao advento da tecnologia LED, originou-se o conceito de agricultura indoor, que permite cultivar os microverdes, baby leafs e plantas medicinais em espaços subutilizados, devido ao controle das variáveis ambientais, garantindo aumento na previsibilidade da produção e proximidade entre o produto e o consumidor, reduzindo o risco da falta de abastecimento.
LED para cultivo indoor é um dos termos mais pesquisados na internet por cultivadores interessados em conhecer e aprender ou aprimorar o cultivo feito em área interna, ou seja, em “ambiente fechado”, como sugere o termo indoor.
LED é um dispositivo capaz de transformar energia elétrica em luz, ou seja, esse equipamento é uma lâmpada, mas não uma lâmpada comum. A diferença é bem objetiva: o LED transforma energia em luz sem utilizar filamentos metálicos, radiação ultravioleta, descarga de gases ou outras formas usadas pelas lâmpadas convencionais.
No LED, esta transformação acontece na matéria (é o que se chama de “Solid State” ou “estado sólido”). Isso dá ao LED uma série de vantagens sobre as lâmpadas comuns (como as HPS), desde economia no uso de corrente elétrica, maior amplitude de espectros de luz, muito mais durabilidade, e claro, a principal delas: mais precisão na hora de controlar sua intensidade e espectros de luz emitidos nas plantas cultivadas neste sistema.
Sem luz, o cultivo de microverdes, baby leafs e plantas medicinais não faz fotossíntese e sem fotossíntese essas plantas não produzem a energia necessária para se desenvolver.
É nesse ponto que começamos a entender o tamanho da importância das tecnologias de iluminação LED para cultivo indoor, onde a luz solar não está disponível para a fotossíntese das plantas, tornando a iluminação artificial crucial para o sucesso do cultivo.
Com isso, o produtor consegue maior número de ciclos por ano, otimizando maiores produções em menores espaços de área e tempo, conseguindo entregar sempre o produto final sem influências de clima e outras intempéries.
Culturas beneficiadas
A iluminação artificial no cultivo de folhosas, como a alface, almeirão, chicória, salsinha, cebolinha, coentro e manjericão tem sido empregada em ambiente protegido com o objetivo de reduzir o ciclo de produção e acelerar, portanto, o crescimento das plantas.
Isso abre uma grande oportunidade de aumentar os lucros do produtor e oportunidades, visando maior rendimento no mesmo espaço, justamente porque se consegue acelerar o crescimento das fases mais precoces dos ciclos das culturas folhosas, gerando alto rendimento para a comercialização de folhosas baby e mais jovens, muito empregadas para hortaliças como a rúcula, a alface e outras.
Isso cria uma excelente oportunidade para aumentar os lucros do produtor e maximizar as possibilidades, permitindo maior rendimento no mesmo espaço.
O resultado é a possibilidade de acelerar o crescimento das fases iniciais dos ciclos das culturas folhosas, com alto rendimento para a comercialização de folhosas jovens, como rúcula, alface e outras hortaliças.
As folhosas
Na produção de folhosas, o carro-chefe é a alface, a qual agrega vários segmentos diferenciados. No Brasil, cultivamos alface de coloração verde e de coloração roxa, além de materiais genéticos que são considerados bicolores.
Nestes, temos tanto a presença da coloração roxa quanto verde, devido à clorofila e carotenoides, que são pigmentos produzidos durante o crescimento das plantas. A produção desses pigmentos depende do material genético, da intensidade luminosa e da composição espectral.
A produção destes pigmentos é altamente estimulada por comprimentos de ondas na faixa do ultravioleta e azul, que são mais energéticos, comparativamente com outros comprimentos de ondas.
As luzes UV e azul, portanto, irão intensificar a produção desses pigmentos em detrimento do crescimento das plantas. Por isso, luminárias que fornecem luz artificial composta por 70 – 80% de radiação na faixa do vermelho e 30 – 20% na faixa do azul têm proporcionado bons resultados na produção de pigmentos, sem reduzir o tamanho da planta.
Equilíbrio de onda de luz
Há a necessidade de estabelecer um equilíbrio entre os comprimentos de ondas na faixa do vermelho em relação ao azul. As composições exatas podem variar em função do interesse em agregar maior intensidade na cor, mas sem esquecer da necessidade de manter a produtividade.
De forma geral, quando se compara o cultivo indoor aos métodos tradicionais de agricultura ao ar livre, podemos listar algumas vantagens, tais como o maior controle sobre as condições climáticas.
Ao contrário da modalidade outdoor, o cultivo indoor permite que o responsável pela plantação tenha controle sobre alguns fatores climáticos, como a temperatura, podendo evitar o calor ou o frio excessivo, chuvas fortes e rajadas de vento, que no cultivo ao ar livre prejudica a produção.
Outro ponto é sobre a luminosidade que, sendo controlada, evita o excesso ou a escassez da incidência de raios solares. Dessa forma, é possível garantir que as plantas recebam a quantidade necessária de cada um desses elementos para se desenvolverem da melhor maneira possível.
Fitossanidade sob controle
Outras vantagens são em relação à diminuição e prevenção de pragas. Neste cultivo indoor, o ambiente fechado proporciona uma exposição consideravelmente menor às pragas que são encontradas com grande frequência no modelo outdoor.
Com isso, a qualidade dos alimentos produzidos também cresce. Consequentemente, outras vantagens também são alcançadas, como o aumento do rendimento do plantio.
As vantagens mencionadas anteriormente desempenham um papel essencial para garantir esse benefício no cultivo indoor, contribuindo para um desenvolvimento mais saudável das plantas e, por conseguinte, promovendo um rendimento mais elevado do plantio.
Recomendações importantes para este cultivo
Algumas dicas básicas para começar o cultivo interno é focar nos seguintes pontos de atenção: o espaço físico onde será realizado o cultivo; uso ou não de estufa e outros equipamentos necessários; tipo de iluminação utilizado; qual terra usar para plantar no cultivo indoor é a mais adequada; irrigação, umidade e uso de fertilizantes; e como realizar o controle de pragas.
Aqui estão alguns acessórios essenciais recomendados para iniciantes: estufa; painel de LED; exaustores; dutos de alumínio; mini ventilador; termohigrômetro; tesoura de poda; vaso (plástico ou de feltro); filtro de carvão para filtrar odores; e hanger (suporte para pendurar o painel).
Você também vai precisar de dois fatores fundamentais: conhecimento básico sobre o cultivo e planejamento. Também vale ressaltar que, antes de fazer o investimento, deve-se buscar pessoas tecnicadas no sistema e realizar análise do mercado local para ver demanda de produção e consumo.
E, olhando para o futuro, é natural que produtos com aparência e sabor diferenciados atraiam a atenção do consumidor, criando um amplo leque de opções para o consumo de microverdes, folhas jovens e plantas medicinais.
Por isto, são buscados pelos produtores atentos às tendências e novidades, variedades coloridas e espécies que ainda não vinham sendo cultivadas com finalidade de colheita jovem.
