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Milho: detalhes que podem fazer a diferença

Lígia Maria Maraschi da Silva Piletti
ligia.piletti@ifms.edu.br
Izidro dos Santos de Lima Junior
izidro.lima@ifms.edu.br
Engenheiros agrônomos, doutores em Produção Vegetal e professores – Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS)
Thiago Alberto Ortiz
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Universidade Paranaense (UNIPAR)
thiago.ortiz@prof.unipar.br

Ao longo dos anos, a agricultura evoluiu e se tecnificou significativamente. Atualmente, no Brasil, os cultivos alcançam altas produtividades na maioria das culturas. Esse progresso é atribuído a várias tecnologias desenvolvidas, como cultivares altamente produtivas, biotecnologias modernas para proteção de cultivos, melhor aproveitamento da janela de plantio adequada, análises de solo e recomendações de adubação mais acessíveis e aplicáveis, além de produtos químicos adequados para cada praga e doença, entre outros fatores.

No entanto, para alcançar produtividades ainda maiores, algumas práticas agrícolas de fácil aplicação são de extrema importância, especialmente no cultivo de milho.

Importância do arranjo de plantas

O arranjo de plantas refere-se à disposição das plantas na lavoura, incluindo a densidade de semeadura (quantidade de plantas por unidade de área), o espaçamento entre linhas e a quantidade de plantas semeadas por metro.

A manipulação do arranjo de plantas é um dos fatores que influenciam o rendimento de grãos da cultura. Entre as formas de manipulação, a densidade de semeadura e o período de plantio têm apresentado o maior impacto no rendimento de grãos, uma vez que pequenas variações na população de plantas podem alterar significativamente o rendimento final.

As plantas podem ser distribuídas de várias maneiras, e as variações na distância entre elas na linha e entre as linhas determinam os diferentes arranjos na lavoura. O arranjo ideal é aquele que proporciona uma distribuição mais uniforme das plantas por área, permitindo uma melhor utilização de luz, água e nutrientes.

Com o passar dos anos, o espaçamento entre linhas de milho diminuiu para favorecer um melhor arranjo das plantas (equidistância). Isso também auxilia no fechamento mais rápido da entrelinha pela cultura e beneficia o controle cultural de plantas daninhas.

O aumento no rendimento de grãos, resultante da utilização de menores espaçamentos, deve-se à melhor distribuição das plantas na lavoura, o que evita a competição excessiva por luz dentro da linha. Essa competição ocorre somente quando a densidade de plantas é alta ou a fertilidade é baixa.

A importância de conseguir estandes uniformes

Estandes uniformes são aqueles em que as plantas estão distribuídas equidistantemente e emergem simultaneamente na mesma época. A desuniformidade espacial é um dos fatores que mais afetam o rendimento de grãos de milho, uma espécie da família das Poaceae particularmente sensível a essa variação.

Isso ocorre porque os híbridos modernos não perfilham e, geralmente, produzem apenas uma espiga por planta, não possuindo a capacidade de compensar eventuais falhas na emergência, como outras espécies dessa família.

Esses prejuízos são maiores em lavouras com alta tecnologia empregada, pois quanto maior a população de plantas e mais elevado o teto produtivo almejado, mais negativo será o efeito da irregularidade na distribuição espacial sobre o aproveitamento dos recursos.

Estudos que compararam diferentes níveis de desuniformidade espacial em diversos espaçamentos concluíram que o rendimento de grãos diminui com o aumento da desuniformidade espacial entre as plantas na linha de cultivo do milho.

Sucesso do plantio à colheita

O é ideal obter o número de espigas na colheita o mais próximo possível do número de sementes semeadas, dentro da faixa de população recomendada para o híbrido específico, considerando a zona de manejo onde está sendo cultivado.

A população ótima varia conforme o nível de tecnologia empregada, o tipo de híbrido, a adubação e, principalmente, a disponibilidade hídrica. Em áreas sem irrigação e com riscos de deficiência hídrica, a densidade de plantas deve ser menor. Por outro lado, em áreas com boa distribuição de chuvas ou que contam com irrigação e alta fertilidade do solo, é possível aumentar a população de plantas de milho.

A qualidade do plantio depende de fatores como a profundidade de semeadura. Em solos arenosos, a profundidade recomendada é de 5,0 a 6,0 cm, enquanto em solos argilosos deve ser de 3,0 a 5,0 cm.

Mecanização

A velocidade de semeadura deve ser controlada para garantir uma distribuição adequada das sementes. A recomendação é que a velocidade seja de 5 km h-1. Velocidades maiores podem aumentar a probabilidade de plantas duplas ou falhas de semeadura.

Atualmente, existem máquinas que conseguem realizar uma excelente distribuição com velocidades mais rápidas, mas isso depende da tecnologia embarcada na semeadora.

A equidistância entre as plantas é crucial. Quanto mais uniformemente distribuídas estiverem as plantas, melhor será a quantidade de nutrientes disponível, a incidência de luz solar e, consequentemente, o desenvolvimento das plantas.

O adubo deve estar posicionado a 5,0 cm ao lado e 5,0 cm abaixo da semente para garantir que as raízes da planta possam acessar os nutrientes adequadamente. É fundamental garantir um bom contato e compactação da semente com o solo para assegurar a germinação adequada.

Distribuição espacial das plantas de milho

A qualidade da semeadora utilizada na operação de semeadura é um dos fatores mais importantes para o sucesso da implantação da cultura. É essencial que o produtor rural invista em um parque de máquinas moderno, pois a modernização nesta área é fundamental para a qualidade das operações a campo.

Além disso, a manutenção preventiva de qualidade e a correta regulagem da semeadora são essenciais para assegurar a distribuição adequada das sementes. A qualificação da equipe de colaboradores envolvidos no processo de semeadura é igualmente importante.

O produtor não deve economizar nessa área; é necessário que todos entendam que a construção de grandes produtividades na lavoura começa com a tarefa de posicionar as sementes no local ideal para que possam atingir seu potencial produtivo.

É imprescindível que toda a equipe da propriedade conheça a tecnologia embarcada e compreenda que cada semente deve gerar uma planta saudável e produtiva, posicionada corretamente conforme o planejamento da equipe técnica.

Outro fator relevante é a qualidade da semente, que deve ter uma taxa de germinação preferencialmente superior a 90% no campo. As empresas detentoras de sementes precisam estar atentas a essa demanda.

Agricultura digital

Os sensores integrados nas semeadoras, sejam de fábrica ou adaptados, são atualmente essenciais para a detecção rápida de problemas na distribuição de sementes, tanto pelo operador da máquina quanto pela equipe técnica e pelo produtor rural, desde que este tenha acesso à internet.

O produtor precisa se capacitar e também capacitar seus funcionários para essas novidades, não medindo esforços para integrar a maior quantidade de tecnologia possível em seu sistema de produção.

Após a instalação da cultura, o monitoramento e a manutenção da população instalada são fatores primordiais para o sucesso da lavoura. Nesse contexto, a utilização de drones para o monitoramento do desenvolvimento da cultura é muito importante, devido à rapidez e agilidade na tomada de decisões pelo produtor.

A cada dia surgem novas soluções tecnológicas que visam auxiliar o produtor na condução de sua lavoura e de seus negócios. Somente por meio da capacitação e atualização constante o produtor rural conseguirá escolher aquelas soluções que realmente trazem benefícios, evitando equipamentos e tecnologias que, muitas vezes, apenas aumentam os custos e diminuem a rentabilidade da atividade agrícola.

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