Jade Cristynne Franco Bezerra
Doutoranda em Ciência Florestal – UNESP
jade.bezerra@unesp.br
Vitória Maria Bisewski
Mestranda em Proteção de Plantas – UNESP
vibisewski@gmail.com
Fellipe Kennedy Alves Cantareli
Doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Goiás (UFG)
cantareli@discente.ufg.br
A diferença entre o minipepino (pepino comum em uma variedade menor) e a Coccinia grandis é bastante significativa, pois eles pertencem a diferentes espécies e possuem características distintas, apesar de serem confundidos sempre, devido à aparência semelhante.
O minipepino é uma variedade de Cucumis sativus, enquanto a Coccinia grandis é uma espécie distinta. Cucumis sativus tem origem na Ásia, sendo ideal para consumo fresco, em conservas ou em saladas. Possui coloração verde e polpa aquosa, com sementes pequenas. O tamanho é reduzido, geralmente entre 5,0 a 10 cm de comprimento.
Já a variedade Coccinia grandis tem frutos pequenos, de 4,0 a 7,0 cm, verdes com listras brancas, quando imaturos, tornando-se vermelhos brilhantes quando maduros. As folhas são em forma de coração.
É uma planta trepadeira perene que cresce rapidamente e é usada tanto em culinária quanto na medicina tradicional. Pode ser consumido como vegetal, in natura, cozido, frito ou em curry.
As folhas e os frutos imaturos também são consumidos. Cresce bem em climas tropicais e subtropicais. É resistente e pode crescer rapidamente, às vezes sendo considerada uma planta invasiva. Essas diferenças entre ambas as variedades refletem as distintas utilidades e maneiras de cultivo e consumo dessas duas plantas.
Cultivo
Embora menos comum entre as cucurbitariáceas, a planta do minipepino é propagada apenas vegetativamente, por meio de estacas, pois as sementes são inférteis. Para a seleção do material propagativo, deve-se escolher estacas de aproximadamente 10 a 15 cm de comprimento, retiradas de plantas já adultas e que apresentem bom potencial produtivo.
É importante escolher ramos saudáveis e vigorosos, o que facilita o pegamento e consequentemente, aumenta a produtividade. As estacas devem ser cortadas logo abaixo de um nó e devem ter, pelo menos, um par de folhas.
A extremidade cortada pode ser tratada com hormônio enraizador (AIB) para aumentar a taxa de pegamento, no entanto, a taxa de enraizamento costuma ser naturalmente elevada. As estacas podem ser plantadas em embalagens para produção de mudas ou diretamente no solo.
O substrato deve ser bem drenado e mantido úmido, e as estacas em local sombreado até que enraízem, o que geralmente leva algumas semanas.
Consumo
Os frutos imaturos de Coccinia grandis produzem altos níveis de compostos bioativos, que podem ser uma importante ferramenta para a saúde, se incluída em diferentes dietas. Seus frutos podem ser consumidos tanto in natura, no preparo de saladas, refogado, quanto no preparo de conservas.
Devido ao seu tamanho, é mais comum ver o minipepino ser utilizado no preparo de picles.
Entenda a infertilidade
A infertilidade das sementes de Coccinia grandis pode ser atribuída a vários fatores, que podem variar desde características genéticas da planta até condições ambientais específicas. Um dos fatores mais conhecidos a respeito da infertilidade das sementes do minipepino é que a espécie produz frutos partenocárpicos.
A partenocarpia é um fenômeno em que frutos se desenvolvem sem a necessidade de fertilização, resultando em frutos sem sementes, ou com sementes malformadas e inviáveis, que é o caso do minipepino.
Esse processo pode ocorrer naturalmente ou ser induzido por técnicas agrícolas. A partenocarpia ocorre quando o ovário da flor se desenvolve em um fruto sem que ocorra a fertilização do óvulo. Isso pode acontecer pela ação de hormônios vegetais que regulam o crescimento e a divisão celular no ovário.
Os hormônios desempenham um papel crucial na iniciação e desenvolvimento do fruto partenocárpico, simulando as mudanças fisiológicas que normalmente ocorrem após a fertilização.
Potencial de mercado
Os minipepinos apresentam grande potencial de mercado, sendo frequentemente usados para fazer conservas devido ao seu tamanho pequeno e textura crocante. Além do mercado de produtos processados, o minipepino para consumo in natura também apresenta grande potencial, principalmente no que se diz respeito ao mercado de legumes baby.
Este último tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por várias tendências e preferências dos consumidores. Há um crescente interesse dos consumidores por alimentos saudáveis, frescos e naturais.
Legumes baby, com seu tamanho conveniente e facilidade de consumo, atendem perfeitamente a essa demanda. São práticos para consumo imediato, sem a necessidade de cortes ou preparações extensas. Isso os torna ideais para lanches rápidos, refeições rápidas e uso em saladas e pratos prontos.
A demanda crescente por alimentos frescos e saudáveis, junto com a disposição dos consumidores em pagar um preço elevado por produtos de qualidade, sugere que o segmento de legumes baby continuará a crescer.
No entanto, produtores e distribuidores devem estar atentos aos desafios associados aos custos de produção e logística para maximizar o potencial de mercado desses produtos.
O que há por vir
A exploração do minipepino no mercado brasileiro enfrenta diversos desafios, tanto na produção quanto na comercialização. Por ser uma espécie pouco explorada, há uma certa dificuldade aos produtores no que se diz respeito ao acesso à informação quanto aos tratos culturais diversos, como adubação, irrigação, controle de pragas e doenças.
Por ser uma planta rústica, os tratos culturais que deveriam ser aplicados acabam sendo negligenciados, o que pode ocasionar redução na produção, causando prejuízos aos produtores.
Outro desafio seria a aceitação do consumidor. Muitos consumidores ainda não estão familiarizados com os minipepinos e seus benefícios, exigindo campanhas de marketing e educação para aumentar a demanda.
O mercado brasileiro pode ter preferências específicas por determinados tipos de pepino, e o minipepino precisa se estabelecer como uma opção desejável aos consumidores locais.