18.5 C
Uberlândia
domingo, novembro 24, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesMorango: por onde começa o plantio?

Morango: por onde começa o plantio?

Foto Shutterstock

Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
Engenheiro agrônomo e biólogo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor de Engenharia Agronômica – Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
fabriciocustodiodemouragoncalves@urc.uespi.br

Embora as condições climáticas do Brasil possuam um amplo potencial para o cultivo do morangueiro, sua principal produção é oriunda das regiões sudeste e sul, com destaque para o Estado de Minas Gerais, principal produtor nacional, seguido de São Paulo, sendo que ambos são responsáveis por aproximadamente 65% da produção do País.

Outros Estados que têm o morango tradicionalmente cultivado e como uma atividade importante para sua economia e em termos sociais são o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Tem-se verificado crescimento da produção em outros Estados e também na região nordestina, com destaque para a Bahia.

Potencial produtivo

O morango é uma fruta de mercado em expansão, com bastante demanda junto ao consumidor em virtude de características visuais, sabor, coloração, aroma e bom valor nutricional.

Trata, também, de outras características, como é o caso da grande necessidade de uso de mão de obra, principalmente na época da colheita, com média de empregabilidade de quatro pessoas por hectare.

Nesse sentido, torna-se uma boa opção para agricultores familiares, com o aproveitamento de pequenas áreas para a produção. Contudo, antes de iniciar o empreendimento, é necessário verificar a demanda do mercado consumidor e a logística de transporte, pois o morango é uma fruta muito perecível.

A produção visa abastecer o mercado de frutos “in natura”, porém, a produção para a indústria de processamento vem crescendo dia a dia.

Preparo do solo

O morangueiro prefere solos levemente ácidos, com pH na faixa de 5,5 a 6,0, ricos em matéria orgânica e com a textura areno-argilosa. Além disso, a boa drenagem do solo é um fator muito importante, pois a planta não tolera um mínimo encharcamento. Por isso, é primordial que se verifique a presença de manchas no solo e promova análises individuais para tantas quantas forem as manchas necessárias.

A mobilização do solo para a cultura depende da análise química. Se os resultados determinarem a necessidade de aplicação de calcário, a mobilização deve ser intensa, revolvendo o solo profundamente. Caso contrário, a mobilização deve ocorrer somente até a espessura da camada umificada ou da camada enraizada.

Foto Shutterstock

Implementos

Existem, pelo menos, quatro tipos de implementos utilizados pelos agricultores tradicionais: os arados de disco e de aivecas, as grades aradoras, os escarificadores e as enxadas rotativas.

Os arados são indicados para uma mobilização profunda com revolvimento, enquanto as grades aradoras servem para mobilizações médias, às vezes, da mesma forma que a enxada rotativa. Quanto aos escarificadores, estes servem para mobilizações verticais profundas e rasas, porém, sem revolvimento.

Após o preparo primário, promove-se o destorroamento e a nivelação, com o auxílio de grades niveladoras, ou constroem-se os canteiros mecanicamente, dispensando a nivelação. Isso deve ser realizado, de preferência, bem próximo à época do plantio.

A altura é variável e dependente da drenagem interna do solo. Quanto à drenagem, 20 cm é a média. A largura varia de 1,00 m a 1,20 m. Já a distância entre canteiros é de 50 centímetros.

Nutrição

Calagem: aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 80% e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc/dm3.

Adubação orgânica: utilizar de 15 a 30t/ha de esterco puro de galinha (poedeira). Este deve ser aplicado em mistura com os adubos minerais de plantio, 25 a 30 dias antes do transplante das mudas, nos canteiros de produção.

Adubação mineral de cobertura: aplicar 180 kg/ha de N e 90 kg/ha de K20, parcelando em seis aplicações espaçadas de um mês, a partir do plantio das mudas.

Adubação foliar: sugere-se, também, quatro aplicações de solução de ureia a 5,0 g/L, uma vez por semana, a partir do plantio. É recomendada, também, a aplicação de solução de micronutrientes, contendo boro, zinco e cobre, a cada três semanas. Além disso, na fase de frutificação, é vantajoso o uso de potássio, na forma de sulfato de potássio e cálcio, via foliar, para melhor firmeza dos frutos.

Dicas importantes

A área não deve ter antecedentes de plantio de morangueiro, batata, tomate, pimentão ou outra hortaliça da família das solanáceas, para evitar a reinfestação e doenças de solo.

Época de plantio:

a) Produção de mudas: setembro a novembro;

b) Produção de frutos: depende do clima da região de cultivo, variando do início de fevereiro ao final de abril. O plantio escalonado (até junho) permite estender a colheita de frutos de melhor qualidade, obtidos das primeiras floradas.

Espaçamento e mudas necessárias:

a) Produção de mudas: entre 1,5 a 3,5 m2 por matriz, obtendo-se de 75 a 150 mudas por metro quadrado para a maioria das cultivares;

b) Produção de frutos: 30 x 30 a 35 cm, sendo as plantas dispostas em quadrado ou quincôncio, em canteiros com duas a quatro fileiras, em função do porte do cultivar e da umidade do ar no local. São utilizadas de 65 a 80 mil mudas por hectare, de acordo com o espaçamento e a área de carreadores utilizados.

Plantio

Em geral, os erros mais comuns na produção de morangueiro estão relacionados ao plantio, que deve ser planejado com antecedência, pois influencia diretamente no investimento e manejo da produção.

Antes do plantio é importante realizar análise do solo para verificar a necessidade de calagem e adubação, o que é essencial para uma produção de qualidade. A correção do solo deve ser realizada com base na recomendação de um agente da assistência técnica após a análise de solo e, pelo menos, três meses antes do plantio.

De maneira em geral, o plantio é realizado nos meses de fevereiro e maio, porque é durante esse tempo, de dias mais curtos e temperaturas mais baixas, que a planta tem seu florescimento estimulado.

De preferência, o plantio deve ser no final da tarde, para favorecer o pegamento das mudas. É importante a aquisição de mudas sadias e de cultivares resistentes às doenças.

O plantio escalonado (até junho), em regiões frias, permite estender a colheita de frutos de melhor qualidade, obtidos das primeiras floradas. Já o cultivo protegido pode permitir, em alguns casos, que o produtor tenha a fruta durante todo o ano.

Detalhes que fazem a diferença

Foto Shutterstock

Quanto aos aspectos climáticos, o principal fator que limita e tem definido as condições que tornam apta uma determinada região para o cultivo do morangueiro é a temperatura, seguido da disponibilidade hídrica.

O morangueiro é considerado sensível ao excesso e à falta de água. Os períodos críticos em que o morango necessita de uma quantidade hídrica exata ocorrem logo após o transplante das mudas, na época da formação dos botões, na floração e frutificação.

Erros no manejo de água geralmente provocam sérias reduções na produtividade. A espécie de morango cultivada desenvolve-se sob condições de clima temperado e subtropical, sendo apontada como referência a faixa de temperatura de 13 a 26°C como condição propícia para a floração e frutificação.

Sob temperaturas constantes, acima de 28°C há inibição da floração e abaixo de 3°C o risco de danos por geadas. Portanto, é fundamental verificar essas referências para se tomar a decisão pelo cultivo do morangueiro em determinada localidade.

O controle do mato que nasce junto à muda também é importante. Esse trabalho é feito manualmente e simultâneo a uma prática profilática, que é a retirada das folhas velhas e com sintomas de doenças. Em estágios mais avançados, é recomendada a prática da profilaxia contínua aliada à eliminação dos estolhos ou “cipós” que por ventura apareçam, tirando a “força” da frutificação.

Colheita

A colheita do morango ocorre 60 dias após o plantio e permanece durante todo o ciclo da cultura. O ponto de colheita é determinado por um tom avermelhado e um tamanho uniforme dos frutos. Além disso, devem ter paladar adocicado.

Os que não tiverem essas características devem ser deixados no campo para maturação e posterior colheita. Recomenda-se que aconteça duas vezes por semana, com intervalo de três dias para que haja uma boa maturação.

Na cultura do morangueiro, a colheita deve ocorrer, prioritariamente, nas primeiras horas da manhã para garantir uma boa aparência dos frutos. Colheitas realizadas nas horas mais quentes do dia podem prejudicar a aparência dos frutos devido ao manuseio intensivo para colhê-los e embalá-los.

ARTIGOS RELACIONADOS

Quer ganhar uma RAM top de linha e ainda garantir qualidade e mais proteção no seu cultivo?

Com a campanha Vou de RAM você consegue. Saiba mais no vídeo

O limite entre o sabor frutado e fermentado

  Dr. Aldir Alves Teixeira e Regina Teixeira É sabido que alguns produtores fornecedores de cafés especiais para a torrefadora illycaffè questionam “por quê“ alguns...

BASF destaca o manejo integrado de pragas e doenças em hortifrúti durante a Hortitec

A BASF apresenta soluções inovadoras para a proteção de hortifrúti durante 25ª edição da Hortitec, considerada a maior feira técnica de horticultura da América...

Panorama nacional da produção de morangos

Em 2021, o morango movimentou cerca de R$ 1,7 bilhão, entretanto, sabe-se que os preços variaram bastante nos grandes centros de comercialização da fruta.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!