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Mosca-branca deve aumentar nessa safra

A expectativa é desafiadora: a população de mosca-branca deve aumentar nesta safra, exigindo estratégias inovadoras para proteger as lavouras.

Daniela Aparecida Teixeira
Doutora em Agronomia/Horticultura – Unesp
daniela.teixeira@hotmail.com

A pressão causada pela mosca-branca sobre os cultivos, em especial de soja, deve aumentar na safra 2023/24, devido ao fenômeno El Niño. Já quente e úmido, características que por si favorecem o desenvolvimento do inseto, o país pode ter temperaturas acima da média e períodos chuvosos irregulares até meados de 2024.

Crédito Shutterstock

O manejo adequado da praga é fundamental para evitar impacto negativo sobre a produtividade da soja.

Aumento da pressão de mosca-branca

A complexidade da biologia do inseto, por si só, já é um fator que dificulta seu controle, pois apresenta biótipos e a identificação dos mesmos só ocorre por marcadores moleculares.

Seu ciclo de vida sob condições favoráveis pode ser de duas a quatro semanas. As fêmeas ovopositam até 300 ovos, ou seja, podem produzir até 15 gerações em um ano.

A espécie Bemisia tabaci é um inseto que  se alimenta predominantemente das folhas e esse processo, por si, já é responsável pelo enfraquecimento do vegetal. Quando a planta é exposta a esse fator, alinhado com o estresse do ambiente (altas temperaturas, por exemplo), pode acarretar em quedas severas de produção.

Prejuízos

Dependendo da severidade, as quedas na produção da soja podem atingir até 30%. Como as condições climáticas do Brasil são ideais para o desenvolvimento da espécie, considerada praga severa de diversas culturas, com o panorama climático causado pelo El Niño, essas condições tendem a se tornar ainda mais propícias para a reprodução e proliferação desse inseto-praga.

A espécie em questão causa prejuízos diretos, relacionados à sucção da seiva quando se alimenta, e indiretos. Ao se alimentar do tecido vegetal, esse fica suscetível à entrada de patógenos que podem causar doenças.

Outra questão é que, ao se alimentar, a mosca-branca excreta uma substância rica em açúcares, que pode ser ideal para o crescimento de fungos e consequente diminuição de área para realização da fotossíntese.

Características climáticas

O clima tropical predomina no país e é influenciado por diversos fatores, como altitude, latitude, umidade, etc. É caracterizado por estações bem definidas de clima quente e úmido e outra de frio e seco.

A alta umidade e temperatura são condições ideais ao desenvolvimento da mosca-branca. O fenômeno climático tem contribuído para o aumento significativo das temperaturas, o que resulta em condições ainda mais propícias para o desenvolvimento desse inseto.

Impacto nos cultivos

A alta temperatura e o tempo seco são condições ideais para o desenvolvimento de diversos insetos, pois a chuva funciona como um controle natural. A alta temperatura e ausência de chuvas acelera o ciclo desses insetos, ou seja, há um aumento considerável na população em curto espaço de tempo.

O monitoramento nas culturas deve ser intensificado nesse período pois, é por meio dessa prática que será realizada a tomada de decisão para entrar com o controle. O produtor percebendo a necessidade, deve entrar com seu controle prescrito por um engenheiro agrônomo.

É importante destacar que, nesse panorama, a aplicação nunca deve ser realizada nos períodos de temperatura elevada, pois em um cenário de clima quente e seco, o produto tem uma translocação mais lenta e consequente eficiência reduzida.

Estratégias eficientes

Como é uma realidade que essas condições climáticas vão colaborar significativamente para o aumento da população do inseto, as estratégias indicadas e que já estão sendo acatadas por alguns produtores são escolhas de cultivares mais resistentes e a alteração no calendário de plantio, aguardando o período em que as variações climáticas são mais indicadas e o controle mais eficiente.

Controle cultural é um método que deve ser considerado, objetivando eliminar qualquer cultura que possa ser hospedeira. A eliminação tem como função criar um ambiente cada vez mais desfavorável à presença do inseto-praga. 

Também se deve considerar a distribuição espacial dos cultivos, pois no final do ciclo da cultura de interesse há diminuição na oferta de alimento e a tendência é a dispersão do inseto na direção do vento, para procura de alimentos.

Cultivos na direção contrária ao vento tendem a reduzir essa problemática e a utilização de barreiras de vento também.

Sempre que possível, destruir as fontes de infestação ou reservatório, pois são nesses locais, quando não houver cultura de interesse em campo, que os insetos se manterão e aumentarão sua população.

A utilização de plantas-armadilhas com aplicação de inseticidas sistêmicos também é uma prática preventiva que auxilia. O que é importante frisar é que um único método não é o suficiente.

A ideia é que o manejo seja integrado, e quanto mais medidas, preventivas e curativas forem utilizadas, maior será a eficiência.

Alerta

Segundo o INMET, em anos em que ocorre o El Niño, culturas que têm maior exigência hídrica, como grãos, soja e milho primeira safra, são beneficiadas. Porém deve-se atentar ao índice pluviométrico, pois a alta umidade aumenta a incidência e a severidade das doenças.

No Brasil central, a escassez de chuvas prejudica o desenvolvimento das culturas. Há forte aumento da transpiração dos vegetais e da temperatura do solo, portanto, o ideal seria recorrer à mudança do calendário de plantio.

A utilização de cultivares adaptadas às condições climáticas é de extrema importância. O uso de cobertura de solo ou de sombrite também são alternativas viáveis para minimizar os impactos.

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