21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, abril 18, 2024
- Publicidade -
InícioDestaquesNa COP26, Embrapa apresenta mapas de estoque de carbono orgânico do solo

Na COP26, Embrapa apresenta mapas de estoque de carbono orgânico do solo

O presidente da Embrapa, Celso Moretti, participou de um painel sobre “Carbono Orgânico no Solo – Oportunidades e Desafios” nesta terça-feira (2/11) durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontece em Glasgow, Escócia, até o dia 12 de novembro.

Moretti destacou a pesquisa da Embrapa Solos, que resultou no lançamento recente dos mapas de carbono orgânico dos solos brasileiros. “Trata-se de mais uma contribuição da ciência para a agricultura brasileira, de fundamental importância para a mitigação das mudanças climáticas. O Brasil ocupa o primeiro lugar entre os 15 países que detêm potencial para estocar carbono em nível global. Investir em estudos do solo é fundamental para a descarbonização da agricultura.

O painel contou com as presenças do Secretário-Adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire; do Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Camargo; e do associado da Climate Connection, Eduardo Brito Bastos.

Confira o vídeo do presidente sobre a participação na COP26 no link https://www.embrapa.br/documents/32009307/0/V%C3%ADdeo+Moretti+COP+26/770f86a1-dc89-129e-210f-3b9055b429b0?videoPreview=1&type=mp4

Mapas permitem identificar solos degradados

Solo – Crédito: Shutterstock

Os novos mapas permitem identificar áreas degradadas, quando a matéria orgânica não está mais presente e gerar mapas de potencial de sequestro de carbono, entre outras funções. “O Brasil tem 36 bilhões de toneladas de carbono orgânico armazenados em seus solos, o que corresponde a 5% do estoque global. Entender esse processo é parte da solução das mudanças climáticas”, destacou, lembrando que o carbono orgânico no solo contribui para a estruturação física desse recurso natural. Os solos com maior teor de matéria orgânica têm maior capacidade de fertilização e retenção de água, entre outros benefícios. “Os mapas permitem, portanto, também identificar áreas com solos degradados”, acrescentou.

O presidente destacou que o investimento em ciência dos solos foi fundamental para transformar esse recurso natural no País e fazer com que o Brasil seja hoje líder em agricultura tropical no mundo. “Nos mapas, é possível ver que a maior quantidade de carbono orgânico está armazenada na Amazônia em função da maior produção de matéria vegetal e no Sul do Brasil. Por outro lado, no Semiárido e Pantanal temos menor concentração pelos solos arenosos, que dificultam o acúmulo de matéria orgânica.

Fernando Camargo destacou que o desenvolvimento dos mapas de carbono orgânico dos solos brasileiros é um dos resultados do PronaSolos, lançado em 2019, para mapear os solos brasileiros nos moldes do que já é feito nos Estados Unidos desde a década de 1980. “Apesar de ser uma potência agroambiental, o Brasil não conhecia grande parte de seus solos. O PronaSolos é um empreendimento hercúleo e uma iniciativa de Estado, que envolve vários parceiros, para estudar meticulosamente os solos brasileiros pelos próximos 30 anos”, acrescentou. O conhecimento dos solos é a base para a agricultura digital, a partir do uso correto de fertilizantes, entre outros parâmetros.”

O Secretário do Mapa e também presidente do Conselho de Administração da Embrapa ressaltou que o solo é um insumo básico para a agropecuária. “No caso do Brasil, o aporte científico e tecnológico nas pesquisas de solo foi fundamental para que o salto da agricultura ao longo das últimas cinco décadas”, pontuou. Segundo ele, graças aos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o Brasil passou de importador de alimentos na década de 1970 para um dos maiores exportadores globais, beneficiando cerca de 850 milhões de pessoas.

Segundo Moretti, com o conhecimento de apenas 5% dos seus solos, o Brasil já é a maior potência agroambiental do mundo. “Imagine quando conhecermos 50%”, enfatizou.

O Secretário-Adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire, elogiou a iniciativa de elaboração dos mapas de estoque de carbono orgânico no solo. Ele ressaltou a importância desse conhecimento para a descarbonização da agricultura, que é a meta do Brasil para 2050. “A ideia é que a preservação dos solos resulte em benefícios econômicos para os produtores. Trata-se, portanto, de um processo ganha-ganha, para o qual o Brasil tem uma enorme vocação natural”, frisou.

Brasil avança na elaboração do modelo MRV tropicalizado

Imagem removida pelo remetente.

Eduardo Bastos, da Climate Connection, ressaltou a importância do setor privado para auxiliar na elaboração de políticas públicas para reforçar o papel dos solos brasileiros na agenda global. A Climate Connection é a maior aliança privada do País para fomentar o mercado de carbono. Segundo ele, hoje no mundo existem 64 países com ações de precificação de carbono, abrangendo aproximadamente 20% das emissões mundiais, ou seja, cerca de 12 bilhões de toneladas. Estudo recente, lançado pela Câmara Internacional do Comércio, mostra que esse potencial para o Brasil é de US$ 100 bilhões. “Parte importante desse resultado vem do agro, do bom manejo a partir de técnicas, como plantio direto e rotação de culturas, entre outras.

Segundo ele, o grande desafio para incluir o agro nesse sistema envolve, principalmente, a implementação de boas práticas agrícolas com base no sistema de Mensuração-Relato-Verificação (MRV). “Graças à parceria com a Embrapa, foi possível desenvolver essa metodologia tropicalizada”, pontuou, lembrando que todos os 52 modelos de medição existentes foram criados para países de clima temperado. “Portanto é premente investir em um modelo adaptado às nossas condições climáticas, que é o que estamos fazendo”, acrescentou.

Em parceria com a Embrapa e outras instituições, a Climate Connection desenvolveu um estudo com mais de 400 agricultores em 15 estados brasileiros, que resultou na coleta de 80 mil amostras de solo no País. O estudo está sendo ampliado para 16 estados, com a participação de 1.800 produtores de quase todos os biomas. “Isso só é possível com a união entre governo, setor privado e academia. Começamos com a Embrapa e hoje temos 70 instituições parceiras”, destacou.

Moretti comentou que esse é mais um resultado da ciência que move a agricultura no Brasil. “A base do avanço tecnológico é uma base robusta de dados. Em Deus, nós acreditamos. Todos os demais têm que apresentar seus dados”, brincou o presidente.

Recuperação de pastagens degradadas

O Secretário Fernando Camargo destacou que uma das metas do programa ABC+ é a recuperação de 30 milhões de pastagens degradadas. Em relação a essa questão, o presidente da Embrapa lembrou que o Brasil já investe nessa área há mais de 30 anos, principalmente a partir dos sistemas que integram lavoura, pecuária e floresta (ILPF), que hoje ocupam mais de 17 milhões de hectares. Até 2025, está previsto um crescimento de mais 10 milhões de hectares e até 2030, a expectativa é passar dos 30 milhões

ARTIGOS RELACIONADOS

Fertilizante orgânico ajuda a enfrentar as intempéries climáticas

Benefícios, manejos, estratégias produtivas e mais.

Como estimular a produção de fitoalexinas nas plantas

Os ataques de patógenos na agricultura provocam grandes perdas nas colheitas. Quando estes entram em ação, as plantas ativam suas defesas.

Ácidos húmicos melhoram nutrição na batata

As substâncias húmicas são compostos orgânicos condensados, produzidos pela ação microbiana, e que diferem dos biopolímeros por sua estrutura molecular e elevada persistência no solo.

Reaproveitamento da solução nutritiva na hidroponia

  Helio Grassi Filho Professor da área de Nutrição Mineral de Plantas da Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP heliograssi@fca.unesp.br   Uma solução nutritiva é o meio pelo qual...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!