Após a frustração da última safra de trigo e diante da desvalorização do cereal, agricultores do sul do Brasil estão de olho em alternativas de cultivo para o período de inverno. Nesse contexto, a aveia branca surge como uma boa opção, encaixando-se no sistema de rotação de culturas. “Em propriedades que semeiam trigo sobre trigo, a aveia branca atua no controle de fungos causadores de manchas foliares“, explica a coordenadora de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl.
Cultura apta para a produção de grãos, sementes, forragem, feno ou cobertura de solo, a aveia branca destaca-se por ser um dos cereais mais nutritivos para a alimentação humana e animal, muito rica em fibras dietéticas e teor de proteína.
Entretanto, o crescimento da cultura esbarra na baixa oferta de cultivares no mercado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, praticamente toda a área semeada com aveia branca corresponde à produção de somente uma cultivar, o que não é bom para o sistema produtivo. “Isso faz com que o controle de algumas doenças se torne mais difícil, já que os fungos vão se adaptando e se tornando mais resistentes ao longo das safras“, esclarece a pesquisadora de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes.
“Muitos dos materiais disponíveis não apresentam as características exigidas pela indústria alimentÃcia, fazendo com que a produção seja direcionada apenas para o consumo animal, o que resulta em uma menor valorização do produto“, informa Kassiana Kehl.
A Fundação Pró-Sementes, enquanto empresa de pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, visa a necessidade de substituição das cultivares atualmente ofertadas no mercado. Nesse sentido, a entidade vem trabalhando em conjunto com o programa de melhoramento em aveia da Faculdade de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF), atuando diretamente em empresas do ramo de alimentação humana e animal, buscando desenvolver cultivares de aveia branca conforme a demanda de cada segmento.
Para a safra 2015/2015 os parceiros lançam duas novas cultivares de aveia branca indicadas para os três estados do sul do Brasil.
UPFPS Farroupilha:
A elevada qualidade de seus grãos torna a cultivar UPFPS Farroupilha ideal para a alimentação humana. Possui elevado Ãndice de descasque, 92% dos grãos acima de 2 mm de espessura, elevado pH (Peso Hectolitro) e grãos brancos. “Por essas particularidades, a Fundação Pró-Sementes aposta no sucesso da aveia branca UPFPS Farroupilha junto às indústrias alimentÃcias, procurando, assim, incentivar hábitos alimentares mais saudáveis à população“, conclui a pesquisadora Kassiana Kehl.
Caracteriza-se, também, por ser um material de ciclo precoce, atendendo a demanda dos produtores que, a cada ano, buscam cultivares de desenvolvimento mais acelerado.
UPFA Ouro:
Trata-se de um material de ciclo mais longo, considerado médio/tardio. Por apresentar elevado teto produtivo de grãos e de massa verde, é indicada para alimentação animal em forma de silagem. É uma boa alternativa para produtores de leite que utilizam milho, já que o cereal de inverno possui um bom teor de proteína e o custo de produção é menor em relação ao milho. “Com a aveia branca UPFA Ouro, o produtor tem um custo-benefÃcio mais favorável, sem prejudicar a produção leiteira“, afirma Kassiana Kehl.
Além disso, a cultivar destaca-se pela alta sanidade foliar, sendo moderadamente resistente à ferrugem da folha, manchas foliares e acamamento.