19 C
Uberlândia
sexta-feira, julho 26, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosNutrição citrícola de ponta

Nutrição citrícola de ponta

A necessidade nutricional dos citros varia conforme a idade das plantas, ou seja, para plantas em formação a adubação é diferente de plantas em plena produção.

Maíra Ferreira de Melo Rossi
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
maira.rossi1@estudante.ufla.br

A alta produtividade da cultura dos citros ocorre graças ao manejo da fertilidade do solo, em razão dos avanços obtidos nas pesquisas nessa área nas últimas décadas.

Os citros são exigentes em cálcio, assim, a calagem é uma etapa muito importante na formação de um pomar. Além do cálcio, nitrogênio, fósforo e potássio também são essenciais nas adubações.

Foto: Shutterstock

Em relação aos micronutrientes, pode-se destacar o boro, o zinco e o manganês, pois são as mais frequentes deficiências observadas nos pomares. Durante a fase de formação dos plantios, também pode ser identificada deficiência de cobre, já que os fungicidas cúpricos são aplicados nessa fase com menor frequência.

Consequências da falta de nutrientes

A deficiência de nitrogênio pode ocasionar a formação de frutos menores. O mesmo ocorre quando falta zinco, além dos frutos ficarem pequenos, também ficam pálidos. A formação de frutos pequenos pode ser vista também em razão da falta de cálcio e magnésio.

A queda de frutos é um sintoma comum que pode ter diversas causas, entre elas a deficiência de potássio, molibdênio e boro. A deficiência de potássio pode causar também a rachadura dos frutos.

Algumas deficiências nutricionais podem afetar a qualidade interna dos frutos, como no caso do fósforo, em que o sintoma são frutos com a ráquis central separada e, para o boro, frutos com albedo muito espesso.

Práticas recomendadas

Entre as práticas necessárias para o manejo nutricional estão a calagem, a gessagem e as adubações: no sulco de plantio, de formação e de produção. O plantio é o melhor momento para realizar a calagem em profundidade, com a incorporação do calcário para corrigir a acidez do solo.

Dessa forma, antes da implantação do pomar, o calcário é aplicado na faixa de plantio em que serão colocadas as mudas. Além dessa aplicação, uma dose adicional deve ser aplicada no sulco de plantio. O mesmo vale para o restante da área, que também deve receber calcário, com a indicação da realização da incorporação em ruas alternadas, evitando assim a erosão.

Em pomares já formados, aproximadamente 70% da dosagem de calcário indicada deve ser aplicada sob a projeção das copas e o restante nas entrelinhas. Nesses pomares, assim como o calcário, o gesso deve ser aplicado na faixa de adubação se os teores foliares de cálcio forem inferiores a 35 g kg-1.

No sulco de plantio é indicada a aplicação de P2O5 (90 gramas por metro de sulco), utilizando preferencialmente fontes de fosfato solúveis em água e que contenham zinco adicionado a sua formulação. Nessa etapa é possível assim incorporar em conjunto tanto o calcário quanto o fósforo em profundidade.

Demanda atendida

Durante a adubação de formação do pomar, em plantas de até quatro anos, as doses de adubos fonte de NPK devem atender às necessidades de desenvolvimento e crescimento da planta, assim como a produção inicial de frutos.

Uma etapa muito importante que vai determinar as doses adequadas de nutrientes necessárias para o cultivo é a amostragem de solo, usando a análise de solo como critério para a recomendação. As doses de N e K recomendadas de acordo com a análise de solo devem ser aplicadas de forma parcelada entre os meses de setembro a março. Já o fósforo deve ser aplicado em uma dose única, de julho a agosto.

Para pomares em produção, as recomendações de N, P e K mudam conforme a variedade e a produtividade esperada, de acordo também com o destino das frutas, indústria ou consumo in natura.

Quando adubar

Essa adubação deve ser realizada no período das águas, quando a demanda por nutrientes é maior, assim como na adubação de formação, durante a produção a aplicação de N e K deve ser parcelado, visando reduzir as perdas.

A adubação com micronutrientes, muito importante para os frutos, pode ser feita de setembro a maio, com a aplicação foliar de boro, cobre, manganês e zinco. Contudo, o boro deve, preferencialmente, ser aplicado via solo, na forma de ácido bórico, parcelado em duas ou três aplicações.

As doses indicadas dependem de diversos fatores, como a idade do pomar, o teor de boro encontrado no solo e o porta-enxerto utilizado. Quando observados sintomas de deficiência de micronutrientes nas plantas, deve ser realizado o ajuste da dose para a correção desta.

Foto: Shutterstock

Fertirrigação

Com o crescente aumento das áreas irrigadas de citros, o uso da fertirrigação também acompanha essa tendência. Em áreas de citros irrigadas, a adoção de fertirrigação é facilitada, sendo assim uma técnica viável para a nutrição das plantas.

É comprovado que o uso da irrigação aumenta a produtividade das plantas cítricas. Aliada à nutrição das plantas via fertirrigação, proporciona maior eficiência no aproveitamento dos nutrientes fornecidos, se comparado ao adubo sólido aplicado comumente.

A distribuição facilitada dos fertilizantes reduz a necessidade de mão de obra, diminuindo os custos. Contudo, o produtor deve se adequar a esse sistema. Sendo assim, são necessárias mudanças na condução da cultura, tecnificação para operar o sistema e acompanhamento da fertirrigação para que não ocorram desbalanços nutricionais, como a acidificação do solo na região do sistema radicular.

Tecnologias disponíveis

Os avanços nas recomendações de nutrientes, principalmente para a adubação de formação, possibilitaram ganhos na eficiência de uso dos fertilizantes, evitando desperdícios.

No passado, os plantios eram menos adensados e com o crescente adensamento dos pomares, consequentemente um maior número de plantas por área, a antiga recomendação de cálculo de adubação por planta resultava em doses muito elevadas. Atualmente, a recomendação é realizada por área (hectare), evitando assim o uso de doses muito elevadas.

O monitoramento nutricional é essencial para minimizar possíveis impactos ambientais em resultado do uso excessivo de fertilizantes. A adoção de estratégias como a diagnose visual, a análise de solo e foliar permite tomadas de decisão mais corretas.

O produtor deve se atentar às doses adequadas, a época de aplicação, a frequência e ao modo de aplicação dos fertilizantes. Após a aplicação dos adubos fertilizantes, é também muito importante a avaliação dos pontos críticos em relação à produtividade das plantas, para determinar se as aplicações de fertilizantes culminaram na resposta desejada.

Cuidados

Pela alta exigência de cálcio, os cultivos de citros podem encontrar dificuldades em solos muito ácidos. Dessa forma, a calagem no plantio é o melhor momento para corrigir essa acidez, quando pode ser feita a incorporação do calcário em camadas mais profundas do solo.

Atualmente, apesar da incorporação com grade pesada nas faixas de plantio, para se evitar a erosão, as entrelinhas recebem calcário também, porém, a incorporação é realizada em ruas alternadas.

Mesmo após a implantação do pomar, durante a condução da cultura, o calcário deve ser aplicado, nesse momento sobre a projeção das copas e o restante nas entrelinhas.

Outro cuidado a ser tomado é o monitoramento em pomares fertirrigados, pois pode ocorrer a acidificação do solo. Nesses casos, toda a dose indicada de calcário deve ser aplicada sob a projeção da copa.

A qualidade da água é outro fator importante, que pode sofrer variações conforme a região. A gessagem constitui mais uma etapa importante dos cultivos e que se diferencia conforme a textura dos solos do local de plantio. Dessa forma, deve-se aplicar uma tonelada por hectare de gesso em solos arenosos, 1,5 tonelada para os de textura média e duas toneladas em solos argilosos.

Nesse contexto, a análise de solo visa auxiliar os produtores na tomada de decisão, com a dose adequada de fertilizantes a ser utilizada e eficiência na correção do solo.

Respostas da planta

A nutrição adequada para os cultivos de citros é essencial para uma boa produtividade, desde o florescimento, pegamento dos frutos e qualidade do produto final. O aspecto visual dos frutos, assim como suas características organolépticas de cor e sabor, é muito importante para a comercialização.

O suprimento adequado de nutrientes reflete diretamente nos frutos. Assim, o nitrogênio pode reduzir o tamanho dos frutos, contudo, aumentar o teor de sólidos solúveis, a acidez e a quantidade de suco.

Já altas doses de potássio diminuem o conteúdo de sólidos solúveis e proporciona aumento da acidez devido ao maior tamanho dos frutos e espessura da casca.

Além dos aspectos que conferem qualidade ao fruto, a adubação adequada possibilita maior resistência aos frutos durante as operações de colheita e transporte.

Na ponta do lápis

A mudança do cálculo de adubação para citros, considerando a área ao invés da dose por planta, promoveu economia no uso de fertilizantes, evitando assim perdas do produto aplicado, além da redução de custos.

O uso crescente da irrigação e da fertirrigação, com a aplicação mais localizada dos fertilizantes, também propicia benefícios em relação ao aproveitamento dos insumos e aumento da produtividade.

As pesquisas desenvolvidas buscam cada vez mais uma maior especificidade em relação às variedades plantadas, as copas, os porta-enxertos e suas combinações. As respostas obtidas por meio desses estudos podem auxiliar os produtores na adubação ideal de acordo com as cultivares, juntamente com as respostas obtidas por meio da análise de solo, considerando os aspectos desejados da fruta produzida, para indústria ou consumo in natura.

ARTIGOS RELACIONADOS

Nutrisafra – A nutrição de ponta que sua lavoura merece

A Nutrisafra sempre se fez presente na Hortitec, a maior feira da América Latina do setor. “Como uma empresa focada em HF, essa é...

Corretores de carência nutricional

As hortaliças são de grande importância nutricional para o consumo humano, devido ...

Extratos naturais – As pragas que se cuidem

A produção orgânica de alimentos vem crescendo em nosso País, assim como em todo o planeta. Em 2016, de acordo com o Ministério de Agricultura e Abastecimento (MAPA), o número de unidades produtivas no Brasil aumentou cerca de 30%, relativo a 2015. Os registros de cadastro do Mapa mostram (ao final de dezembro de 2017) 17.251 produtores orgânicos certificados em nosso País.

Monitoramento do pH, da temperatura e da oxigenação da solução nutritiva

  Glaucio da Cruz Genuncio Doutor em Agronomia - Nutrição Mineral de Plantas glauciogenuncio@gmail.com Everaldo Zonta Doutor em Agronomia - Fertilidade do Solo Elisamara Caldeira do Nascimento Mestre em Agronomia Tomando-se...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!