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Nutrição vegetal do futuro

 

Franco Borsari

Engenheiro agrônomo, sócio-diretor da consultoria BBAgro Global, promotor do Fertishow® e autor de diversos trabalhos e pesquisas de mercado relacionados a nutrição vegetal no Brasil e no mundo

franco@bbagro.com.br

Nutrição do futuro - CréditoShutterstock
Nutrição do futuro – CréditoShutterstock

Há 20 anos, quando iniciei meus trabalhos como engenheiro agrônomo, não existia celular e internet. As análises de solo eram enviadas pelo correio e demoravam de 20 a 30 dias para chegar ao seu destino.

Telefonemas interurbanos eram caríssimos e a alta tecnologia era o fax. Os técnicos e vendedores das empresas de fertilizantes tinham que programar suas paradas em locais onde houvesse uma central telefônica que transmitisse seus documentos por fax e possibilitasse ligações para as empresas.

Muita coisa mudou de lá para cá, mas nem nos meus sonhos mais futuristas, quando estudante do colégio agrícola e depois da agronomia, poderia imaginar que um “drone“ se tornaria uma ferramenta de apoio na nutrição vegetal.

Hoje é difícil encontrar uma região agrícola que não tenha um laboratório de análise moderno e equipado, que recebe as amostras com facilidade e envia os resultados de análise por email num Iphone em poucos dias. Isso possibilitou um grande avanço na interpretação e tomada de decisão do que fazer com nossas lavouras antes que os problemas apareçam.

A evolução tecnológica avança em velocidade exponencial, com disputas para saber qual tecnologia proporciona o maior aumento de produtividade. Já existem soja transgênica, máquinas autodirigíveis, insetos predadores comercializados em caixinhas, mas o que mais me fascina é ver o quanto a tecnologia em nutrição vegetal avançou.

Durante a revolução verde, os fertilizantes minerais dominaram o mercado.Com a grande oferta da indústria, assistimos a grande evolução da produtividade agrícola, possibilitando, desde o pequeno ao grande produtor, melhorar seu rendimento, em substituição do fertilizante orgânico (esterco de curral ou restos vegetais).

Do passado para o futuro

Os fertilizantes orgânicos, como a casca do café, o esterco de curral e o estrume das vacas, ficaram como coisa do passado mais remoto, significando o antigo e o defasado. Mas, como na vidanada se cria, tudo se transforma, assistimos o retorno dos fertilizantes orgânicos, na forma de fertilizantes organominerais.

A Embrapa criou uma rede de fertilizantes, mesclada por jovens e velhos cientistas para pensar nesta tendência e ajudar a indústria a aproveitar a infinita quantidade de resíduos orgânicos gerados pela agroindústria e pela atividade agrícola para otimizar o uso dos fertilizantes minerais.

Mas o mais fascinante é ver o grande avanço que estes fertilizantes minerais, orgânicos e organominerais estão proporcionando à agricultura, associado ao conhecimento da fisiologia vegetal, criando uma espécie de ajuste fino na nutrição vegetal.

Ao entender o efeito de cada nutriente e composto orgânico presente nos fertilizantes, estamos conseguindo aumentar o rendimento das lavouras, auxiliando as plantas a enfrentarem o estresse abiótico cada vez mais presente na natureza.

 Franco Borsari, engenheiro agrônomo, sócio-diretor da consultoria BBAgro Global - Crédito Arquivo pessoal
Franco Borsari, engenheiro agrônomo, sócio-diretor da consultoria BBAgro Global – Crédito Arquivo pessoal

 

Corrida tecnológica

Estamos às vésperas de uma nova corrida tecnológica. Pelo menos uma dezena de empresas já investe em milhões de dólares em tecnologias para aumentar a eficiência dos fertilizantes, capazes de diminuir as perdas dos fertilizantes na atmosfera, no solo ou nas águas que chegam aos nossos lençóis freáticos. Com este aumento de eficiência, a redução de doses prolonga nossas reservas minerais e elimina a possibilidade de contaminação.

Atualmente, fica até antiquado falar que um técnico ou vendedor que defende todas estas tecnologias é um “picareta“ ou mágico. Na prática, o que estamos vendo é uma série de resultados práticos que está estimulando a ciência a explicar o porquê e como tudo isso está acontecendo.

Quando ouvimos termos como oligossacarídeos, glicina betaína, ácido húmico, ácido fúlvico, aminoácidos, quelatos, polímeros, etc…, ficamos atentos e respeitamos, pois muito disso é a tendência atual dos agricultores de sucesso.

O mais interessante é que toda essa tecnologia não tem preconceito, pois ela não escolhe o tamanho e a localização do agricultor. Estamos vendo desde os gigantes até os agricultores da agricultura de subsistência aderirem a estas tecnologias.

Mais quantidade e qualidade

A possibilidade de encurtar o ciclo da soja e permitir um segundo plantio no ano agrícola é a demonstração de que a produtividade tem que ser vista pela ótica da quantidade produzida por número de dias cultivados, e não só na produção por área, como fizemos até hoje.

Isso também se deve ao grande avanço da nutrição moderna, associada a uma série de ferramentas tecnológicas criadas pelos homens comprometidos em alimentar o mundo e melhorar a renda para ao produtor.

De acordo com os diversos cientistas especialistas em nutrição vegetal presentes no XVI Congresso Mundial de Fertilizantes, realizado no Rio de Janeiro, em outubro passado, as tecnologias inovadoras na nutrição vegetal redefinirão a indústria global de fertilizantes.

É tentador olhar de forma crítica para as previsões das novas tecnologias em nutrição vegetal. O desafio é prever quais interfaces e dispositivos terão sucesso, e quais desaparecerão sem deixar rastro. Quem viver, verá!

Essa matéria você encontra na edição de fevereiro da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua!

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