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Nutriente para qualidade do tomate

Leandro HahnEngenheiro agrônomo, doutor e pesquisador em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas na Epagri e professor – Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp)leandrohahn@epagri.sc.gov.br

Camila MoreiraGraduanda em Agronomia – Uniarpcamilamoreiraa0310@gmail.com

Jonatan HickmanGraduando em Agronomia – Uceff-Itapirangajonathan.hickmann@hotmail.com

Tomate – Crédito: Shutterstock

O tomate (Solanum lycopersicum L.) é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais exigentes em fósforo (P). O elemento atua no metabolismo das plantas, tendo um papel importante na respiração, na transferência de energia da célula e na fotossíntese.

Além disso, é componente estrutural dos genes e cromossomos, coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos, permitindo um desenvolvimento adequado das raízes e aceleração da maturidade. Plantas com teores adequados de P apresentam crescimento vigoroso, com elevado pegamento de frutos de maior calibre.

Absorção nutricional

A eficiência de absorção dos nutrientes pelo tomateiro é baixa. Estudos mostram que a eficiência de absorção dos fertilizantes fosfatados no tomate é de aproximadamente 10%, com o restante ficando adsorvido no solo e indisponível às plantas.

Portanto, limitações ou equívocos no fornecimento de P no início do ciclo vegetativo podem resultar em restrições no desenvolvimento da planta, podendo não ser revertido, mesmo com o aumento do suprimento de P a níveis adequados em etapas posteriores.

Diagnóstico da deficiência de P no tomate

Como o P é um nutriente essencial para as plantas, é necessário estar atento a sua falta. Os sintomas de deficiência de P não são identificados facilmente no tomateiro. No entanto, algumas características devem ser observadas pelos tomateiros e podem auxiliar a identificar esta deficiência.

A taxa de crescimento das plantas é reduzida desde os primeiros estádios de desenvolvimento, o caule se torna fino e fibroso e as folhas mais velhas apresentam coloração roxa na parte inferior (nem sempre visível). Essas folhas caem prematuramente e a planta retarda sua frutificação. A produtividade de frutos de maior valor comercial é drasticamente reduzida.

Análise

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A análise foliar para diagnóstico do estado de P na planta deve ser realizada na 4ª folha completamente expandida da haste principal no momento da maturação do primeiro fruto. Para lavoras com altas produtividades, a concentração de P considerada ótima para as folhas do tomateiro é de 4,0 a 8,0 g/kg.

Quando essa concentração fica abaixo de 2,0 g/kg, ocorre a diminuição no crescimento vegetativo e na produção de frutos. Amostragens de folha fora deste período podem ser realizadas quando se suspeita que as plantas não estão bem atendidas com o elemento, porém, devem-se coletar também folhas de plantas assintomáticas, com o objetivo de comparar as duas amostras.

Como aplicar fósforo no tomate

O modo de aplicação do P pode interferir na disponibilidade do nutriente para a planta.  O elemento pode ser distribuído em três momentos distintos do cultivo do tomate: em pré-plantio, no plantio (transplante das mudas) e em cobertura.

No pré-plantio, a aplicação é recomendada com o objetivo de corrigir o solo em área total, até uma camada normalmente de 20 cm de profundidade. Aplicam-se doses que variam principalmente com os teores de argila do solo, buscando atingir um teor crítico. As doses variam de região para região do Brasil, de acordo com recomendações regionais.

No transplante de mudas aplicam-se normalmente as maiores doses de P. Considerando que lavouras de tomate são mudadas anualmente, muitas áreas com teores baixos de P são ocupadas e não se tem tempo hábil para fazer a correção em área total.

Desse modo, quase todo P é aplicado no plantio do tomate, com a maior parte sendo aplicada de forma localizada, no sulco de plantio e, eventualmente, parte do elemento aplicado em área total.

Pós-plantio

Em pós-plantio o P pode ser aplicado numa etapa denominada de amontoa, ou via fertirrigação. Em ambas situações, ele é aplicado de forma localizada, na superfície do solo. Via fertirrigação há a necessidade de o elemento ser altamente solúvel, podendo ser aplicado na forma de monoamônio de fosfato (MAP) purificado, ácido fosfórico (P51) ou fosfato monopotássico (MKP).

Fontes pouco solúveis causam entupimento dos gotejadores. Aplicações em pós-plantio devem ser realizadas até 80 dias após o transplante, quando praticamente toda planta de tomate é formada estruturalmente.

Como descrito, verifica-se que o tomaticultor dispõe de inúmeras formas de aplicação de P em tomate, no entanto, há diferenças consideráveis na eficiência da aplicação e no custo destas aplicações.

De modo geral, todas as aplicações em pós-plantio são mais caras e menos eficientes do que aplicações no plantio. Aplicações em pré-plantio feitas há muito tempo também tendem a ser menos eficientes, pois a adsorção aumenta com o tempo de aplicação.

Estudos

Resultados de pesquisas demonstram que a forma mais eficiente é a aplicação no plantio de forma localizada. Pesquisadores da Embrapa Hortaliças (Marouelli et al., 2015) verificaram não haver influência da forma de aplicação do P sobre as variáveis de produção do tomateiro em solo com alta disponibilidade de P.

Entretanto, no solo com baixa disponibilidade do nutriente, os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de metade da dose total de P em pré-plantio e o restante via fertirrigação.

No Sistema de Produção Integrada do Tomate Tutorado de Mesa (Sispit), desenvolvido pela Epagri de Caçador (SC), a dose total de P deve ser aplicada no plantio quando os teores disponíveis estão acima do “médio”.

Se a interpretação indicar teores muito baixos ou baixos, que são doses elevadas de adubos fosfatados, recomenda-se a aplicação em duas etapas: na primeira aplica-se metade da dose a lanço em toda a área por ocasião do preparo do solo no plantio da aveia, e a outra metade na base, no sulco de plantio do tomate.

Experimento com modos de aplicação de P

A Epagri de Caçador (SC) está realizando um experimento comparando modos de aplicação de P em pré-plantio, plantio e na fertirrigação na cultura do tomate, em área de plantio direto com baixo teor de P no solo.

O experimento está sendo realizado na safra 2020-21 e será repetido na safra 2021-22. No experimento serão avaliados o rendimento comercial e a qualidade de frutos, os teores minerais em folhas e frutos, os teores disponíveis de P no solo, a atividade de enzimas fosfatases ácida e alcalina e efeitos sobre variáveis fisiológicas das plantas, como trocas gasosas e eficiência instantânea do uso da água da folha.

Uma avaliação importante será verificar o efeito dos modos de aplicação de P na distribuição das raízes do tomate, o qual será avaliado pelo escaneamento das raízes crescidas em mini-rizotrons.

A técnica do plantio direto de tomate está em franca expansão na região sul do Brasil, especialmente de Caçador. Isto está ocorrendo por se tratar de uma tecnologia ambientalmente amigável, com inúmeros benefícios à manutenção da qualidade física, biológica e química do solo, reduzir ou até mesmo eliminar perdas de solo, água e nutrientes por erosão e, não menos importante, melhorar a qualidade e produtividade do tomate.

Reconhecimento

Atualmente, as recomendações de adubação do tomate pelo Sistema de Produção Integrada (SISPIT) são utilizadas por inúmeros produtores da região sul do Brasil. Um melhor ajuste destas recomendações, especialmente de fertilizantes fosfatados terá um impacto imediato na cadeia produtiva do tomate.

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