Erick Santos
agroericksantos@gmail.com
Sabrina Gomes Monteiro
sabrinamonteiro.agro@gmail.com
Engenheiros agrônomos – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Embora as mangueiras possam crescer e se desenvolver relativamente bem em solos ácidos, a alta exigência pelo nutriente cálcio é determinante para a produção e qualidade dos frutos.
Portanto, a prática de calagem é recorrente, elevando o pH do solo, neutralizando o alumínio e/ou manganês trocáveis, fornecendo cálcio e magnésio às plantas, elevando a saturação de bases.
Condições específicas
Em solos ácidos, a baixa disponibilidade de cálcio pode afetar os níveis desse elemento na planta, resultando em distúrbios fisiológicos como o colapso interno nos frutos, quando os níveis ficam abaixo do crítico da planta.
Já em solos alcalinos, uma alternativa para suplementar o cálcio é o uso de gesso ou fosfogesso, que aumenta os teores de cálcio sem alterar o pH do solo.
A adoção de práticas agronômicas alinhadas às necessidades específicas das plantas em campo inclui estratégias como a fertilização de base e cobertura, considerando nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, micronutrientes e a implementação de irrigação controlada.
Correção do solo
No contexto da manutenção e correção do solo em pomares já estabelecidos, uma recomendação fundamental, baseada na análise química do solo, é a aplicação de calagem e gessagem, sendo esta última uma alternativa em casos específicos.
A calagem é calculada considerando a porcentagem de saturação por bases, visando elevá-la para 80%. Além disso, sugere-se uma aplicação na cova de plantio de 100 g a 300 g de calcário dolomítico, cuja quantidade dependerá das dimensões da cova.
Por exemplo, em covas de 60 cm x 60 cm x 60 cm, pode-se ajustar a quantidade de calcário conforme necessário.
Adubação
Quanto à recomendação para a aplicação de fertilizantes, é crucial realizar análises das características do solo e avaliação do estado nutricional da planta por meio da análise foliar.
Recomenda-se o uso de parcelas, especialmente ao aplicar fertilizantes nitrogenados, associadas a práticas culturais para evitar perdas de nutrientes por lixiviação e erosão. A adubação foliar é incentivada como medida corretiva e complementar à adubação no solo.
Além disso, ao determinar a quantidade de fertilizantes a serem aplicados, deve-se levar em conta outras características da parcela, como exportação de nutrientes da safra anterior, idade das plantas, tratos culturais, presença de sintomas de deficiências nutricionais, espaçamento e previsão de produção.
A manifestação de aspectos como a redução das atividades fotossintéticas e o estresse se torna evidente no cultivo, resultando em frutos com formatos inadequados, deformados e apresentando variações significativas em textura e sabor.
Esses fatores adversos também exercem impacto direto nos rendimentos de polpa, comprometendo a qualidade geral da produção.
Qualidade dos frutos
Quando se trata da qualidade dos frutos, dois micronutrientes essenciais, o boro (B) e o zinco (Zn), desempenham papéis cruciais. São considerados os principais elementos, com uma relação direta na produção e qualidade das frutas.
A deficiência de B manifesta-se em deformações na inflorescência e em frutos de tamanho reduzido, enquanto a falta de Zn impacta na deformação da estrutura floral, resultando na emissão de panículas pequenas e de forma irregular.
Os sintomas decorrentes da deficiência de B e Zn não apenas comprometem a formação dos frutos, mas também afetam negativamente sua qualidade final.
Essas deficiências têm repercussões diretas no valor de mercado da produção agrícola, influenciando a aceitação pelos consumidores e, consequentemente, a quantidade produzida. Portanto, a atenção adequada aos níveis desses micronutrientes é fundamental para assegurar uma produção frutífera de alta qualidade e competitiva no mercado.
Limitações
A deficiência de macro e micronutrientes impõe limitações ao crescimento, desenvolvimento e produção de frutos nas plantas. Variações na textura e composição do solo, condições climáticas adversas, uso inadequado de fertilizantes e práticas de manejo inadequadas podem estar associadas à falta de conhecimento técnico.
Portanto, a realização de análises de solo e foliares, a adoção de práticas específicas para diferentes áreas, a implementação de sistemas eficientes de irrigação e drenagem, o uso de produtos sustentáveis, além de incentivos fiscais e parcerias para capacitação de produtores, constituem alternativas estratégicas para a melhoria da produção, qualidade e produtividade de mangas.
Na produção comercial de manga, diversos desafios são enfrentados, e a nutrição mineral da manga destaca-se como um deles, resultante do tipo de manejo cultural, da análise nutricional solo-planta e da seleção genética de variedades.
Entre os problemas conhecidos de desordem fisiológica, como o colapso do fruto, o “corte negro” é uma questão para a qual ainda não há pesquisas suficientes para explicar sua ocorrência.
A falta de conhecimento sobre as possíveis causas do corte negro limita o desenvolvimento de práticas eficientes de controle, resultando em alta incidência e elevadas perdas pós-colheita de mangas devido a essa desordem. Os problemas de ordem fisiológica representam um desafio decorrente do manejo nutricional do sistema.
Dicas importantes
Na análise nutricional, é fundamental realizar avaliações por meio de análises de solo e foliares para garantir a produtividade e qualidade de cultivares, como a manga Kent.
A combinação dessas análises, aliada ao patrimônio genético e às condições ambientais, desempenha um papel crucial na redução de distúrbios fisiológicos, como a incidência do colapso interno.
Qualidade das mangas
Pode-se inferir que a garantia de uma produção de manga bem nutrida é essencial para alcançar elevados padrões de qualidade, produtividade e resistência a distúrbios fisiológicos.
O manejo nutricional adequado, baseado em análises de solo e foliares, é fundamental para assegurar o suprimento adequado de macro e micronutrientes. A implementação de práticas sustentáveis, sistemas eficientes de irrigação e drenagem, além do uso de produtos adequados, são estratégias vitais para otimizar o crescimento e desenvolvimento das mangueiras.
A seleção cuidadosa de variedades, considerando o patrimônio genético e as condições ambientais, contribui para a resistência a desordens fisiológicas, como o colapso interno. No entanto, desafios como o “corte negro” ainda demandam pesquisas adicionais para desenvolver estratégias eficazes de controle.
A promoção de práticas sustentáveis, aliada a incentivos fiscais e parcerias para capacitação de produtores, é fundamental para melhorar continuamente a qualidade e a competitividade da produção de manga. Dessa forma, a busca pela nutrição ideal é um investimento estratégico para garantir um setor frutífero saudável e sustentável.