27.1 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasO papel da bioenergia na descarbonização

O papel da bioenergia na descarbonização

Produzida a partir de resíduos da agroindústria, a bioenergia é parte fundamental na transição energética que tanto o mundo procura”, diz presidente da Fiemt.

Já imaginou se fosse possível reaproveitar resíduos, evitando descartes, e ainda criar energia? Pois essa tecnologia, que alia economia circular e transição energética, já existe. É a bioenergia, que está no cerne da bioeconomia e é fundamental para tornar a economia cada vez menos ancorada em combustíveis fósseis. Presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos destaca que, hoje, a modalidade representa cerca de 6% da energia usada no mundo.

Ele explica que a bioenergia tem três pontos fundamentais. Primeiro, é flexível, podendo ser apresentada nas formas sólida, líquida e gasosa. Assim, pode ser utilizada em diferentes contextos, como, biogás, geração de energia, geração de calor e biocombustível líquido em veículos, aviões e navios. Os outros pontos consistem na capacidade de utilizar a infraestrutura existente e na escalabilidade. “O Brasil tem um potencial muito grande dentro dessa área”, enfatiza.

Para se ter ideia dessa capacidade, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), Renata Isfer, ressalta que o país usa apenas 3% de seus resíduos para fazer biogás e biometano. “A gente produz cerca de 5 milhões de metros cúbicos de biogás e podemos chegar a quase 200 milhões de metros cúbicos, além de 120 milhões de biometano. O potencial é gigantesco”.

Ela explica que a bioenergia pode, inclusive, ser utilizada pelo cidadão comum. “Você vai pegar o seu resíduo e transformar em energia elétrica para a sua fazenda ou em biometano para abastecer os veículos ou, ainda, fazer biofertilizantes”.

Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso (Fiemt), Silvio Rangel cita exemplos como o bagaço de cana para a cogeração de energia e a vinhaça para a produção de biogás e biometano. “O etanol de milho, por exemplo, aproveita resíduos para cogeração de energia”, completa.

Oportunidade de negócios

Para ele, “o setor de bioenergia é parte fundamental na transição energética que tanto o mundo procura”. Alinhada com o presidente da Fiemt, Renata Isfer afirma que há um grande potencial na agroindústria, principalmente para a indústria sucroenergética. “Isso é uma oportunidade não só de descarbonização, mas também de negócios”, acrescenta.

Gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo defende que o Brasil tem a capacidade de aumentar sua produção de bioenergia sem a necessidade de utilizar terras florestais ou causar impactos negativos na produção de alimentos, uma situação que difere da realidade observada na maioria dos países.

Embora o tema esteja em alta, a presidente da Abiogás afirma que a bioenergia ainda não tem seu potencial de descarbonização reconhecido. “A gente ainda encontra uma certa dificuldade para explicar que o hidrogênio renovável, vindo do biometano ou do biogás, tem menor pegada de carbono. A bioenergia vem do que é plantado. E, quando você planta, você gera o oxigênio para a atmosfera e faz a captura de carbono”.

Na prática

O presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos, cita como exemplo da cadeia completa da bioenergia uma planta de biofertilizante acoplada a uma usina que processa cana-de-açúcar. Essa usina produz toda a energia que ela necessita para a produção de açúcar e etanol a partir do bagaço de cana, exporta energia para o sistema, produz açúcar (alimento), etanol, biocombustível e, futuramente, vai produzir biogás por meio da vinhaça, que é um subproduto da produção de etanol.

Como nesse sistema nada se perde, essa vinhaça é tratada e retorna para o campo, pois é rica em potássio. Já o biogás e o biometano vão servir como base para a produção de biofertilizante. “É um sistema completo, fechado, onde a gente não perde nada. Esse é um sistema que, de fato, é um sucesso no Brasil. A gente começou isso antes de o mundo falar em transição energética. Hoje, nós estamos à frente. Precisamos manter o foco e desenvolver novas tecnologias”.


Sobre o Projeto Indústria Verde

O Indústria Verde é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apresentar as contribuições da indústria brasileira à agenda ambiental. A indústria é parte da solução no desenvolvimento sustentável. O setor produtivo é um dos pioneiros a assumir a responsabilidade de estimular a implementação dos compromissos climáticos no país.

ARTIGOS RELACIONADOS

Fruteiras em sistemas de produção de baixa emissão de carbono

Dentre os Gases de Efeito Estufa (GEE) emitidos pelas atividades humanas, o gás carbônico (CO2) ...

Mercado de Carbono cresceu quase quatro vezes no último ano

Negociações voluntárias no mundo atingiram US$ 1.9 bilhão, maior valor anual desde que o índice começou.

Conferência Internacional DATAGRO sobre açúcar e etanol destaca ‘A Próxima Revolução da Bioenergia’

Encontro reúne os principais líderes internacionais do setor sucroenergético em São Paulo no mês de outubro

Títulos verdes para produção de carbono

No mundo, desde 2017 já foi emitido US$ 1 trilhão de títulos verdes e no Brasil, US$ 9 bilhões

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!