Odair José Marques
Engenheiro agrônomo e professor de Fitotecnia da Universidade Federal de Uberlândia – Campus Monte Carmelo
Ainda não há um número preciso de quantos híbridos de milho há no mercado brasileiro na atualidade, mas estima-se que esteja próximo de 480 cultivares convencionais e transgênicas. Na safra de 2016/17 o número era de 315 cultivares, enquanto na safra anterior (2015/16) chegou a 477.
Características
Entre as características desejadas em um híbrido de milho estão, primeiramente, que seja produtivo, depois que apresente uma boa adaptação ao ambiente em que será cultivado (altitude, solo, temperatura, radiação solar e disponibilidade hÃdrica, etc.) e por último que apresente resistência às principais doenças e pragas da cultura, sendo este último obtido pelo método da transgenia.
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Cuidados na escolha
Um híbrido de milho ideal para uma propriedade é aquele que é recomendado pelas empresas detentoras de seu registro para a região onde a propriedade está localizada, e que se adéque ao nível socioeconômico do produtor.
Se ele escolher um híbrido de milho moderno altamente responsivo à adubação, por exemplo, não é possível cultivá-lo com baixo investimento de custeio da lavoura. Numa analogia chula, é como dirigir uma Ferrari numa estrada cheia de buracos, com toda aquela potência reprimida, sem poder usá-la.
A resposta da cultura será proporcional ao investimento realizado até certo limite, pois cai na Lei dos Incrementos Decrescentes, que é um conceito da adubação química, mas pode ser extrapolada para outros elementos que compõem o custo de produção.
Neste caso, a margem de retorno do investimento (rentabilidade da lavoura) se torna mais estreita a cada unidade produzida, ou seja, o custo por unidade produzida é maior, mas a resposta da cultura se torna proporcionalmente menor.
O inverso também é verdadeiro, ou seja, um produtor que tem um alto nível socioeconômico e investe pesadamente num híbrido de milho de menor responsividade certamente esbarrará nos limites genéticos de produção daquele híbrido, associado à interação do mesmo com o ambiente de produção e aos manejos e tratos culturais realizados.
Seria como usar um motor de motocicleta de 1.000 cilindradas numa bicicleta – com certeza ela ficará potente, mas não tem estrutura para suportar a potência do motor.
Cuidados
Os cuidados com cada híbrido mudam pouco, em relação a qualquer outra cultivar de milho. Eu diria que um bom preparo do solo é fundamental, preferencialmente que seja adotado o plantio direto na palha, que é o mais conservacionista entre os tipos existentes.
Que seja mantida a saturação de bases no solo próxima de 60%, com pH entre 5,5 e 6,5, livre de alumÃnio tóxico. Que sejam observadas as épocas de semeadura adequadas para a região, informações que constam no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ” MAPA (http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/portarias/portarias), cujas Portarias por Unidade Federativa tratam do Zoneamento de Risco Climático (ZARC) para diversas culturas agrícolas, inclusive o milho.
O produtor deve adotar o tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas para fitopatógenos e pragas de solo, respectivamente, pois isso traz grandes benefícios e baixo incremento ao custeio da lavoura. A atividade de semeadura deve ser realizada de forma adequada, em nível, com velocidade compatível ao tipo de semeadora, além de acertar a quantidade de sementes para um bom estabelecimento da população de plantas recomendada pela empresa e na profundidade adequada ao tipo de solo e disponibilidade hÃdrica.
Importante que se faça o aporte de nutrientes baseado na expectativa de produção e na reposição da expectativa de exportação de nutrientes junto aos órgãos vegetais colhidos, por exemplo, nos grãos de milho. Que se faça um manejo cuidadoso de plantas daninhas, sobretudo nos períodos crÃticos de interferência dessas sobre a cultura.
As aplicações fitossanitárias devem ser feitas com produtos recomendados e registrados para a cultura em horários frescos do dia, com água livre de dureza e com pH ajustado à necessidade do produto. E, por fim, que a colheita seja realizada tão logo o custo de secagem permita margem de retorno econômico, pois quanto mais tempo o milho permanece no campo após a maturidade dos grãos, maior é a perda de massa seca nos grãos e maior é a sua exposição às intempéries climáticas e a agentes depreciativos, como fungos micotoxigênicos, como o gênero Aspergillus, produtor de aflatoxinas e pragas de grãos armazenados, como Sitophiluszeamais (gorgulho do milho).
O produtor não deve jamais se descuidar da lavoura, que é anual, com ciclo curto, entre 120 a 150 dias, então o monitoramento deve ser constante. Isso garante a detecção dos problemas no início, sendo possível lançar mão de práticas de manejo e saná-los o mais rápido possível.