Nesta semana, os preços do café registraram maior volatilidade, com uma evolução rápida, mas relevante, tanto nas bolsas de referência quanto nos preços internos no Brasil. A hEDGEpoint Global Markets aborda, em relatório, os motivos da flutuação no mercado global.
“Em primeiro lugar, é fundamental observar o movimento dos preços do conilon: a variedade rompeu a marca de R$ 1.000,00/sc e, embora o arábica tenha se movimentado em paralelo, o suporte foi mais forte para o conilon. Consequentemente, o spread entre os dois tipos de cafés diminuiu para R$80/sc – um fato que não passa despercebido, pois o spread já se inverteu antes por um breve período no ciclo 16/17, durante a quebra de safra no Brasil. Nesse cenário, os recentes ajustes nos números do conilon brasileiro em 24/25 serão observados mais de perto pelo mercado, com o início da colheita agora em abril e o contexto mais amplo do mercado com o persistente déficit global de robusta”, explica Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.
Ainda assim, considerando que o mercado encontra equilíbrio em si mesmo, é certo que, em algum momento, os destinos precisariam explorar o suprimento de arábica para preencher a lacuna deixada pelo robusta.
“A questão que permanece, entretanto, é: qual é o limite? Nesse sentido, precisamos observar a tendência de arbitragem entre o arábica de NY e o robusta de LN. A arbitragem se aproximou da marca de 30 c/lb e começou a se corrigir – esse nível permanecerá relevante daqui para frente. Também é importante observar que a arbitragem entre os contratos de setembro teve mais força quando comparada aos contratos de julho no último trimestre”, destaca a analista.
Individualmente, os spreads também tiveram desenvolvimentos importantes que precisam ser considerados: embora os spreads N4-U4 do arábica e do robusta tenham apresentado tendências semelhantes, especialmente no acumulado do ano, o movimento recente foi mais forte para o arábica. Nesta semana, o spread do robusta N4-U4 foi de 90 USD/mt para 95 USD/mt (+6%), enquanto o spread do arábica aumentou de 0,7 c/lb para 0,85 c/lb (+21%).
“De fato, pode ser cedo para identificar uma mudança sólida na estrutura que tem caracterizado o mercado, especialmente devido à proximidade do desenvolvimento da safra 24/25 do Vietnã durante um El Niño ainda ativo – mostrando a possibilidade de chuvas abaixo da média até a terceira semana de abril. De qualquer forma, o aumento das importações de arábica pelos destinos tradicionais não é desprezível. O movimento mais acentuado foi observado na União Europeia: de 58% na média móvel de três meses encerrada em setembro de 2023 para 70% em janeiro, o último ponto de dados disponível. Considerando a mesma janela, os Estados Unidos registraram um aumento de 80% para 86%, enquanto o Japão atingiu o pico em dezembro (64% em setembro para 71%)”, observa.
Esta semana registrou maior volatilidade nos preços do café, especialmente no Brasil, onde os preços do conilon ultrapassaram os R$ 1.000/sc. Enquanto os preços do arábica seguiram o mesmo caminho, o conilon recebeu um suporte mais forte, estreitando o spread entre os dois para R$80/sc.
“A atenção do mercado agora se volta para os números do conilon brasileiro para a safra 24/25 em meio a um persistente déficit global de robusta e para o desenvolvimento da safra 24/25 do Vietnã em meio ao clima seco”, pontua.
E conclui: “O potencial da oferta de arábica para compensar a escassez de robusta levanta questões sobre a arbitragem entre o arábica de NY e o robusta de LN, que se aproximou da marca de 30 c/lb, com o arábica respondendo positivamente, por sua vez. Na próxima semana, os dois principais produtores de café estarão no centro das atenções, como indicadores da dinâmica da arbitragem”.
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