Igor Souza Pereira
Fitopatologista do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) – campus Uberlândia
Marcia Toyota Pereira
Fitopatologista autônoma
O oÃdio na cenoura foi observado no Brasil em 2008 e surtos recentes dessa doença ocorreram na cultura nas safras de inverno, com maior intensidade em Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo e Goiás.
De acordo com estudos feitos por meio de técnicas moleculares e morfológicas, o agente causal da doença foi identificado como sendo o fungo Erysiphe heraclei, já registrado causando danos em salsa no Brasil.
Agente causal da doença
Erysiphe heraclei é um patógeno da cenoura (Daucus carotae), do funcho (Foeniculum vulgare) e da salsa (Petroselinum crispum), não sendo, porém, relacionado a essa segunda espécie no País, de acordo com pesquisas mais recentes, indicando uma especialização ao hospedeiro.
O patógeno sobrevive, sobretudo, sobre tecidos vivos, podendo produzir estruturas de sobrevivência chamadas de cleistotécios.
Sinais e sintomas
As folhas, pecíolos e umbelas das plantas de cenoura infectadas tornam-se esbranquiçadas devido à presença do crescimento do próprio fungo sobre o tecido. Há redução na área fotossinteticamente ativa pelo recobrimento fúngico e consequente redução na produtividade, porém, com menor intensidade do que outras doenças foliares comuns nessa cultura.
Outro problema está relacionado com a colheita mecanizada, já que há uma redução na área foliar, dificultando o arranquio. Há uma maior intensidade nos sinais e sintomas quando o patógeno ataca precocemente, somado ao avanço dos estádios fenológicos da cultura.
Ocorre diferenciação na intensidade da doença de acordo com a cultivar plantada.
Condições favoráveis e disseminação
As condições mais favoráveis à doença ocorrem nos períodos de inverno caracterizados pela menor precipitação na região do cerrado. A disseminação dos esporos ocorre a partir de plantações mais velhas para as mais novas, sendo estes facilmente carregados pelo vento, associado ou não à água, podendo mover-se a longas distâncias.
Manejo
Ãœ Monitoramento das lavouras, ficando atento aos sinais iniciais da presença do patógeno;
Ãœ Fornecimento adequado de nutrientes e da irrigação para otimização do enfolhamento;
Ãœ Evitar o plantio em regiões e/ou nas épocas mais secas do ano. Essa prática torna-se inviável para a maioria dos agricultores especializados na produção de cenoura no País, que faz com que sejam necessárias outras práticas, como a aplicação de lâminas de irrigação mais pesadas;
Ãœ Uso de fungicidas. No Brasil não há fungicidas registrados para essa doença, porém, nos Estados Unidos e Austrália os agricultores lançam mão do uso de fungicidas de contato como clorotalonil (isoftalonitrila) e de fungicidas sistêmicos como a azoxistrobina (estrobilurina), trifloxistrobina (estrobilurina), piraclostrobina (estrobilurina), piraclostrobina (estrobilurina) + boscalida (anilida), boscalida (anilida) e propriconazole (triazol). Os fungicidas são recomendados em aplicação foliar no início do aparecimento da doença, realizando-se a rotação de grupos químicos. A escolha do fungicida depende das outras doenças foliares na cultura, como a Alternaria;
Ãœ Uso de cultivares que suportem melhor a doença.