Carla Verônica Corrêa
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Horticultura – UNESP/Botucatu
A batata-doce está passando por uma fase de transição, deixando de ser uma cultura de subsistência para ser cultivada em escala comercial. Como em toda cultura cultivada em maior escala, com necessidade de manejo que leve a elevadas produtividades, observa-se também o aumento da incidência de pragas e doenças, levando à necessidade de aplicação de defensivos.
Produtos indicados
No entanto, o maior problema no cultivo de batata-doce é que são poucos os produtos registrados para essa cultura. Entre os produtos comerciais registrados tem-se um inseticida de formulação granuladadispersÃvel(WG) não sistêmico de origem biológica do grupo químico das Epinosinas.
É recomendado para o controle das brocas-das-hastes (Megastespusialis), sendo indicado de 80-200 g ha-1. Trata-se de um produto em que não há evidências de problemas de incompatibilidade com outros agrotóxicos ou fertilizantes normalmente utilizados.
Outro produto indicado é um inseticida e acaricida de contato e ingestão do grupo Cetoenol de formulação Suspensão Concentrada (SC). É recomendado para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci raça B), sendo recomendado de 0,5 a 0,6 L ha-1 do produto comercial.
O fungicida sistêmico do grupo químico Triazol, de formulação suspensão concentrada (SC), é indicado para o controle da ferrugem-branca (Albugoipomoeae-panduranae), sarna-da-batata-doce (Elsinoe batatas e Spacheloma batatas) e mancha-foliar-de-phomopsis (Phomopsisipomoea-batata) nas doses de 0,375-0,5 L ha-1.
Os principais objetivos de se utilizar as misturas de tanque é aumentar o espectro de ação dos produtos e diminuir os números de aplicações, e desta forma reduzir os custos de aplicação, que são bastante altos.
Ordem das misturas
Para as misturas de tanque, a ordem de introdução dos produtos deve atender ao tipo de formulação. Isso porque as misturas podem sofrer ações aditiva (a ação da mistura de produtos é a soma das qualidades individuais de cada formulação), sinérgica (a ação da mistura é superior à soma das qualidades individuais de cada formulação) ou antagônica (a ação da mistura é inferior à soma das qualidades individuais de cada formulação), podendo não atingir os resultados necessários para o controle de doenças e pragas, e até mesmo ocasionar fitotoxicidade na cultura.
Em geral, os produtores podem seguir a seguinte ordem: produtos específicos com doses inferiores a 100 g de grânulos e em seguida as saquetas hidrossolúveis (WSB). No caso de produtos sólidos, deve-se colocar primeiro os grânulos dispersÃveis (WG), seguido dos pós molháveis (WP).
Para produtos líquidos, colocam-se os adjuvantes de compatibilidade, as suspensões concentradas (SC), os suspoemulsões (SE), a emulsão óleo em água (EW), concentrados para emulsão (EC), soluções concentradas (SL) e outros adjuvantes.
No caso de misturas que envolvam produtos sólidos e líquidos, colocam-se primeiro os grânulos dispersÃveis (WG), seguido dos pós molháveis (WP), adjuvantes de compatibilidade, as suspensões concentradas (SC), os suspoemulsões (SE), a emulsão óleo em água (EW), concentrados para emulsão (EC), soluções concentradas (SL) e outros adjuvantes.
Cuidados
Todo cuidado é pouco. A mistura de produtos, embora reduza os custos por diminuir o número de aplicações, pode resultar em frustrações aos produtores, com danos aos pulverizadores, desuniformidade na aplicação, redução na eficiência dos produtos e fitotoxicidade.
Desta forma, o produtor pode seguir as sequências descritas anteriormente para evitar alterações físicas e químicas dos produtos. Além disso, é preciso sempre verificar se há informações de incompatibilidade de mistura com outros produtos.
Erros comuns
Os principais erros são referentes à incompatibilidade de produtos. Isso pode acarretar danos nos equipamentos de pulverização, como entupimento de bicos, redução da eficiência dos produtos, quando comparado à aplicação isolada; fitotoxicidade nas plantas, como amarelecimento e queima das folhas.
Um exemplo típico é a mistura de produtos à base de óleo mineral com produtos à base de enxofre, que apresenta elevadas chances de causar “queima de folhas“. Outro grave erro que pode, inclusive, levar ao surgimento de resistência por parte tanto de pragas como doenças, é a utilização sucessiva de produtos de mesma classe ou de mesmo modo de ação.
Assim, deve ser realizada a rotação de produtos ao longo do ciclo da cultura para evitar o aparecimento de resistência.
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