Joana Caroline D’arc de Oliveira
Técnica em Agropecuária e graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
joanaolyve@gmail.com
Giovani Belutti Voltolini
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia – UFLA
giovanibelutti77@hotmail.com
Jean dos Santos Silva
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – UFLA
santos.jean96@yahoo.com.br
O agronegócio pertinente à produção de grãos é tido como uma das principais dinâmicas cadeias de produção nacional, sendo o Brasil um dos maiores produtores e exportadores. Neste sentido, para atender à demanda, o produtor de grãos possui o desafio de aumentar a produtividade de suas lavouras, mesmo com oscilações climáticas e o surgimento de outros agravantes que oneram a produção.
Para isso ser possível, o produtor dispõe de tecnologias economicamente viáveis, que auxiliam no incremento da produção e, consequentemente, geram maior lucratividade. Dentre o conjunto de operações de produção, a adubação constitui parte essencial, principalmente pelo fato de estar diretamente ligada ao desenvolvimento das plantas.
Com isso, o produtor deve atentar-se às novas tecnologias lançadas visando otimizar o uso dos insumos e melhorar o sistema de cultivo. Os fertilizantes de eficiência aumentada são exemplos do avanço no setor de fertilizantes.
Diante disso, existem diferentes tipos de fertilizantes com eficiência aumentada, como os fertilizantes estabilizados, de liberação lenta, de liberação controlada e os organominerais.
Quem são eles
O organomineral é um fertilizante obtido pela mistura ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Essa combinação permite a associação das partículas de minerais no húmus, formando ligações que protegem o nutriente, concedendo a estes minerais uma liberação gradativa e diminuindo as perdas para o ambiente.
Além da característica de liberação gradativa dos nutrientes, o organomineral possui outras vantagens em relação ao fertilizante mineral convencional, como a diminuição dos impactos ambientais, pelo fato de amenizar a salinização e acidificação do solo, assim como diminuir as perdas por volatilização e lixiviação do produto. Dessa forma, permite que os nutrientes permaneçam disponíveis para as plantas.
Dentre as outras vantagens destes fertilizantes, a ampla variação no que diz respeito à sua composição permite ao agricultor a adequação da melhor formulação a ser utilizada para cada tipo de cultura, para cada época, ou também em função do sistema de produção, das características do solo e do ambiente de cultivo.
Composição de benefícios
[rml_read_more]
Geralmente, as formulações são mais ricas em N, P e K, porém, são incrementadas com Ca e Mg (geralmente pela adição do calcário), com S (gesso) e também com micronutrientes.
Além disso, sua composição orgânica, ao longo dos anos, possibilita incrementos no teor de matéria orgânica, consequentemente, melhora as condições físicas do solo, eleva a capacidade de retenção hídrica, auxilia no desenvolvimento da microbiota, além de permitir o aumento da CTC, o que favorece a liberação dos nutrientes às plantas e, por consequência, reduz as perdas por lixiviação.
Dessa maneira, tanto em relação à eficiência no uso dos nutrientes quanto na melhoria do solo, os fertilizantes organominerais podem trazer ganhos positivos aos processos fisiológicos das plantas e ao vigor reprodutivo. Tudo isso implicará no aumento da produtividade da lavoura.
A partir de pesquisas prévias, diversos trabalhos vêm sendo realizados no âmbito de validar esta tecnologia e atrelá-la à cadeia de produção nacional. Neste sentido, os desafios caminham tanto para o setor de produção de grão do País como para outros sistemas de produção, como a cafeicultura.
Pesquisas
Alguns trabalhos realizados relatam os crescentes benefícios ligados à utilização destes insumos, de forma que, dada a sua elevada eficiência, menores quantidades de fertilizantes organominerais implicam nos mesmos ganhos produtivos inerentes a sistemas de produção com predomínio de utilização de fertilizantes minerais (químico).
Outros benefícios também são citados, como a redução da mão de obra de aplicação, visto que estes são distribuídos somente uma vez no ciclo da cultura, além dos incrementos crescentes na matéria orgânica do solo servirem como substrato para a proliferação de microrganismos e veículo para outros nutrientes exigidos em menores quantidades, que podem ser adicionados ao fertilizante organomineral, como os micronutrientes.
Em campo, o que se observa são incrementos de até 25%, seja em produtividade, ou também por meio da redução de gastos, nesta mesma ordem, devido à redução da quantidade de fertilizante aplicada, em função da grande eficiência agronômica atrelada a estes.
Princípios da técnica
Nos últimos anos, com o lançamento do organomineral na forma granulada, se tornou possível sua utilização em cultivos de grãos. Dessa forma, existem estudos que comprovam sua eficiência em lavouras de grãos, principalmente como fonte de fósforo na fase de plantio, observando ganhos ainda mais expressivos em cultivos de safrinha.
No entanto, para obter tais ganhos é necessário evitar alguns erros frequentes, normalmente ocasionados pela falta de conhecimento e informação sobre a tecnologia. Nesse sentido, o ideal é sempre buscar orientação e acompanhamento técnico antes de implantar a técnica na propriedade, pois há diferenças na recomendação e utilização do organomineral em relação ao fertilizante mineral convencional.
A recomendação do fertilizante organomineral difere do convencional por sua composição orgânica e pela eficiência aumentada dos seus nutrientes. Com isso, de acordo com o que o produtor deseja, associado a fatores edafoclimáticas e ao histórico do local, será possível determinar a melhor estratégia de utilização desta tecnologia.
Custos
O custo da utilização destes insumos geralmente é superior, quando comparado aos fertilizantes convencionais, em torno de 20-30%. Porém, para este cálculo, deve-se considerar a redução de custos com mão de obra, e também que os fertilizantes organominerais trazem consigo os demais nutrientes e elementos acima citados. Além disso, o agricultor pode diminuir ainda mais os custos a longo prazo, com a melhoria das condições do solo.
Com isso, um solo em boas condições aumenta a eficiência de absorção dos nutrientes, e ao longo da utilização do organomineral, a tendência é haver decréscimos na quantidade aplicada de fertilizantes. Diante disso, implicam em diversos benefícios, que tornam os cultivos mais sustentáveis, mais produtivos e, consequentemente, havendo maior retorno econômico aos agricultores.