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Cloro – qual a importância para as plantas

Antonio Spiassi Silva Pereira Mendes
antoniospiassimendes@gmail.com
Julia Cury Marvulle de Barros Carvalho
juliacurymbc@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (Unifio)
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e professora – Unifio
aline.gouveia@unifio.edu.br

O cloro é um dos micronutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Por ser um micronutriente de grande solubilidade na planta, atua na regulação osmótica, na transpiração e no movimento de nutrientes com cargas positivas (cátions) dentro e fora das células das plantas.
No solo está presente na forma iônica Cl-, prontamente disponível para ser absorvido pelas plantas. É encontrado em todos os tipos de solo brasileiro, devido ao fato de ser constituinte de águas oceânicas. Essas águas evaporam, formando nuvens de chuva que são depositadas em outras áreas do continente. Assim, os íons ficam retidos nas soluções dos solos, as vezes são lixiviados, porém, em sua maioria são encontrados em excesso.
Por este motivo, o que mais se estuda é a toxidez das plantas pelo íon cloro. Entretanto, algumas culturas apresentam demanda mais elevada por esse nutriente, necessitando de suplementação através da adubação.

Resultados no campo

O cloro participa ativamente da atividade fotossintética, além de contribuir para o crescimento e desenvolvimento em todas as fases fenológicas. Existem estudos recentes que também demonstram sua importância no controle osmótico da planta, ou seja, contribui para a tolerância das plantas à seca.
Além disso, possui participação na formação e desenvolvimento de frutos, assim como sua qualidade. Também foram observados resultados positivos promovidos pela presença desse micronutriente na porção do solo adjacente ao sistema radicular, onde se notou incremento na fitossanidade das plantas por meio da supressão de doenças, tais como o mal-do-pé (Gaeumannomyces graminis) que acomete a cultura do trigo, o míldio (Pseudoperonospora cubensis) em milheto e o tombamento de plantas provocado por Pythium aphanidermatum em milho, refletindo na produtividade.

Ação e reação

Os cloretos demonstram preferência de acúmulo nas partes vegetativas, particularmente nas folhas, como nos casos das culturas do algodão, trigo, soja e arroz, apresentando concentrações nos grãos que dificilmente são afetadas pelo conteúdo de Cl no solo.
A aplicação de uma taxa de até 800 mg kg-1 de solo não causa efeitos negativos com relação à salinidade por cloretos na qualidade dos grãos de milho, sorgo, arroz, milheto.
A parte vegetativa da planta pode remover quantidades substanciais de Cl, especialmente quando os níveis de Cl disponível no solo são altos. Estudos indicam que, no pico de acumulação, o conteúdo de Cl do trigo de primavera é de 18 e 61 kg-1 ha-1 em locais com baixas e altas ofertas de cloro, respectivamente.
No momento da maturação da cultura, o Cl na porção da planta acima do solo cai para 50 e 43% desses valores, respectivamente, significando que retorna ao solo. Comportamento similar foi reportado quanto aos níveis de potássio em trigo.
A remoção de Cl do solo por parte dos grãos é muito limitada. No trigo, soja e arroz de primavera, a quantidade de Cl distribuída nos grãos é de apenas 2,15, 1,34 e 1,62% do sequestro total promovido pela cultura, respectivamente.
A concentração de Cl na matéria seca de grãos de trigo é de apenas 0,05 %. A remoção de Cl na semente de soja chega a 0,45 kg-1 ha-1, que é bem menos do que a quantidade depositada anualmente no solo pelas chuvas.

Dose adequada

O produtor rural deve sempre realizar a análise de fertilidade do seu solo a fim de corrigir a fertilidade e disponibilizar aquilo que a planta necessitará durante todo seu ciclo. Com os resultados dessa análise o produtor poderá evitar excessos ou deficiências de aplicação dos nutrientes no solo.

Fique atento!

Quando existe excesso de algum mineral essencial no solo, ele fica saturado desse nutriente e, provavelmente, a planta sofrerá toxidez ou terá sua produtividade reduzida, uma vez que o excesso de um nutriente no solo já é suficiente para atrapalhar a disponibilidade de outros nutrientes também essenciais à planta.
O mesmo acontece com a deficiência dos nutrientes essenciais. Porém, é muito mais comum haver excesso do que a deficiência de cloro no solo. Dessa forma, a evolução sintomática da toxidez por cloretos se manifesta primeiramente por meio da redução da largura foliar e enrolamento dos folíolos, seguido de clorose foliar, que rapidamente evolui para necrose das margens das folhas e, em situações muito agravadas, posterior secamento e queda das mesmas.

Sem excessos

Os sintomas de toxidez são de difícil avaliação em campo, uma vez que qualquer um dos cátions que o acompanham em fertilizantes potássicos (com destaque para o sódio) causam os mesmos indícios visuais quando em excesso.
O excesso de cloro também influi em alterações nas propriedades físicas do solo, sendo a compactação a mais afetada delas, o que vem a promover agregação acentuada das partículas do solo e reduções na produtividade de diversas culturas.
Na planta, tal mudança impede a penetração das raízes no perfil do solo, prejudicando o aprofundamento e espalhamento do sistema radicular, e consequentemente, dificultando a absorção de nutrientes.
Os sintomas de deficiência muitas vezes são confundidos com os da escassez de manganês (bem menos requisitado e, portanto, com indícios visuais mais presentes), não são facilmente identificáveis e, raríssimas vezes, desenvolvem-se em condições de campo. Os sinais mais comuns abrangem a redução do tamanho das folhas, clorose, seguida por bronzeamento e necrose da folha.

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