José Antônio Silva Souza – Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESP – thiagofeliph@hotmail.com
A videira (Vitis sp.) é considerada uma das principais frutíferas do mundo com base em área de plantio e valor econômico. O fruto é consumido in natura, em forma de compotas, geleias e, principalmente sucos processados.
Desta forma, podemos dividir a produção da uva em duas partes, entre elas a uva de mesa (responsável por mais da metade da área de cultivo da uva no Brasil) e a uva para beneficiamento, que são utilizadas para a produção de vinhos de alta qualidade, vinho espumante, suco de uva, bem como destilados e vinagre.
Com base nos dados da FAOSTAT (2020) percebe-se que a Espanha possui a maior área de cultivo, com aproximadamente 949 mil hectares, seguida pela França com 855 mil hectares, Itália com 800 mil hectares, Turquia com 530 mil hectares e China com 453 mil hectares.
Em termos de área, o Brasil ocupa o 21º lugar no mundo e o 4º nas Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos (380 mil hectares), Argentina (308 mil hectares) e Chile (178 mil hectares).
Em termos de produção, a Itália ficou em primeiro lugar (9,3 milhões de toneladas), seguida pela França (6,8 milhões de toneladas), Estados Unidos (6,4 milhões de toneladas), Espanha (5,9 milhões de toneladas) e China (5,7 milhões de toneladas). Com 1,2 milhão de toneladas, o Brasil é o 13º produtor do mundo e o 4º das Américas.
Dados nacionais
No Brasil, por ser prática recente, quando comparadas a países tradicionais, a atividade vitícola tem demonstrados resultados promissores em relação a qualidade e técnicas de manejo. Dessa forma, a métrica nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), a área plantada com videiras no Brasil, em 2019, foi de 75.731 hectares (ha), acrescimento de 0,33% quando comparado ao ano anterior.
Em 2019 a produção de uvas no Brasil foi de aproximadamente 1.445.705 toneladas, sendo 9,20% inferior à produzida no ano de 2018. Quando analisamos a produção por regiões brasileiras, percebe-se que a região sul sempre se destaca na produção de uvas, apresentando-se como a maior produtora, sendo que em 2019 representou 53,53% da produção nacional.
Nessa região é comum ocorrerem alguns problemas climáticos, como é caso de granizo no Rio Grande do Sul e geada no Paraná, que acarretaram em queda da produção, como ocorreu em 2018, com uma produção de 17,48% inferior àquela verificada no ano em outros anos (Melo e Machado, 2020).
Entretanto, apesar de a região sul e o Estado do Rio Grande do Sul serem líderes em produção (aproximadamente, 666 mil toneladas), a região nordeste tem se destacado nos últimos anos por apresentar uma produção de 34,46% da produção nacional, no qual o Estado de Pernambuco caracteriza-se por liderar a produção da região (420.830 t), seguido do Estado da Bahia (74.142 t).
Os 11,70% restantes da produção nacional fica concentrado na região sudeste, em que o Estado de São Paulo tem a maior participação (148.379 t), seguido de Minas Gerais (17.307 t) e Espírito Santo (3.207 t) de frutos produzidos de uvas (Melo e Machado, 2020).
Custos envolvidos
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Nota-se que este setor tem potencial para ampliação de área e para maior produção de uvas. Considerando o fruticultor que pretende investir na implantação do pomar de videira, é preciso que o mesmo tenha um capital inicial alto, pois é um investimento que exige um valor inicial maior, tendo em vista que um dos maiores custos no início é o preparo do solo, envolvendo a correção do solo e a subsolagem do terreno onde for implantado o pomar.
Os outros custos são: adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mão de obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos que serão utilizados na cultura.
Outro custo importante é a manutenção do pomar, necessitando de mão de obra para conduzir os seguintes serviços: poda e condução, uso de defensivos contra doenças e pragas, adubação e limpeza.
Essas etapas devem ser repetidas anualmente, com exceção dos primeiros anos, quando deverão ser realizadas com mais frequência, sem contar que deve-se levar em consideração os aspectos do local que se deseja implantar a videira, como por exemplo, o clima, variedade mais indicada para a região ou município, a análise do solo e localização dos principais mercados consumidores.
Solos
É importante salientar, ainda, que a videira se adapta em amplas variedades de solos, entretanto, deve-se dar preferência a solos com textura franca e bem drenados, com pH variando de 5,0 a 6,0, em que o preparo da área tem por finalidade assegurar que as mudas de videira sejam plantadas em condições que possam expressar todo o seu potencial produtivo.
Este consta das operações de roçagem, destocamento, aração, gradagem e abertura das covas ou sulcamento (Machado, 2017). Entretanto, para que haja um bom desenvolvimento e produção da videira, é essencial evitar os solos excessivamente pesados, os de pouca profundidade, os mal drenados, além daqueles que apresentam altas concentrações de sais e outras substâncias tóxicas (Barros et al., 2020).