25.6 C
Uberlândia
sexta-feira, maio 3, 2024
- Publicidade -
InícioDestaquesPitaya é saúde para o consumidor e renda para o produtor

Pitaya é saúde para o consumidor e renda para o produtor

Por José Otavio Menten, Engº Agrônomo, Professor Sênior USP / ESALQ, Presidente do CCAS e Pesquisador da PlantCare

José Otavio Menten, Engº Agrônomo, Professor Sênior USP / ESALQ, Presidente do CCAS e Pesquisador da PlantCare

A pitaya é uma fruta não muito conhecida no Brasil e no mundo. É um cacto, semelhante ao figo-da-índia, sendo também conhecida como “fruta do dragão” – (“dragon fruit”). Tem o aspecto bastante atraente, sabor delicado e características nutricionais e medicinais que vêm agradando os consumidores no Brasil e no mundo. Com o aprimoramento da qualidade das frutas, decorrente da incorporação de tecnologia, vem ocorrendo grande estímulo à produção e consumo.

As pitaias são ricas em antioxidantes, que neutralizam radicais livres, combatendo os estresses. Apresentam baixa caloria, são refrescantes e muito saborosas. É uma fruta não-climatérica, ou seja, não amadurece após a colheita. Existem frutas de casca amarela e polpa branca e de casca vermelha e polpa branca ou vermelha.

É uma planta originária das Américas, melhorada em diversos países asiáticos e cultivada comercialmente em todo o mundo, em especial na Ásia (Vietnã, Filipinas, Índia, Tailândia, Indonésia, Malásia, China, Japão, Coreia do Sul, etc), Estados Unidos, Israel, México, etc. Também foi, e ainda é utilizada como planta ornamental, pela beleza das flores brancas ou vermelhas produzidas.

No Brasil, as pitaias vêm sendo cultivadas e estudadas desde 1990. A partir de 2010 houve grande expansão dos plantios. A pesquisa se intensificou, havendo aumento no número de artigos técnicos e científicos publicados em todo o mundo. Em 2022, foram cerca de 270 trabalhos publicados.

As pitaias são cultivadas em todo o Brasil. Os principais polos de produção são o Oeste Paulista, a região de Tomé-Açu, no Pará, e a região Sul, em especial Santa Catarina. Existem centenas de variedades cultivadas no Brasil, pertencentes a diferentes gêneros e espécies, com diferentes características e comportamentos. Algumas cultivares já estão registradas.

Embora não existam dados oficiais, membros da Diretoria da APPIBRAS (Associação dos Produtores de Pitaias do Brasil) dispõem de algumas informações sobre o cultivo das pitaias no Brasil. Estima-se que a área cultivada seja de 6.000 hectares, produzindo 60.000 toneladas por ano, com rendimento de 10 toneladas por hectare. Plantas jovens, com menos de 3 anos, apresentam baixo rendimento. O mercado interno consome 95% da produção, sendo 5% exportado. O maior consumo é de frutas in natura (80%); cerca de 20% são processadas, para a produção de polpa congelada, geleias, sorvetes, sucos, cosméticos, etc.

Os tipos mais cultivados são de polpa vermelha ou roxa (85%); 15% são frutas de polpa branca (principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Como não se dispõe de estatísticas mais precisas, calcula-se que sejam cerca de 2.000 produtores, prevalecendo os pequenos, com área cultivada de 0,5 a 5 ha; existem cerca de 100 produtores com área entre 5 e 15 ha, 70 com 15 a 25 ha, e 10 com área superior a 25 ha. No Sul, prevalecem pequenas propriedades e, no Norte, maiores. Considerando a necessidade de um trabalhador para cada hectare cultivado, estima-se que sejam 5 a 6 mil empregos diretos e 5 a 6 mil indiretos.

A cadeia de produção de pitaias vem se organizando e profissionalizando a partir de 2010, com crescimento de 5 a 10% por ano. As novas áreas vêm utilizando mudas de boa qualidade, plantios em espaldeira, adensamento (6.000 plantas / ha), com bons tratos culturais, podendo alcançar até 50 – 80 toneladas em hectare. Entretanto, existem grandes desafios, como a falta de pesticidas registrados e o manejo eficiente de pragas como o cancro, causado por Neoscytalidium dimidiatum e a abelha arapuá, Trigona spinipes.

A expectativa do setor é que as pitaias sigam a mesma trajetória do açaí, se constituindo em uma das principais frutas produzidas no Brasil.

É fundamental que o agronegócio valorize mais a produção de frutas e hortaliças no Brasil. Em geral, é dado grande destaque aos grãos, café, cana, celulose, carnes etc. Mas as frutas também são importantes. O Brasil é o 3º maior produtor mundial de frutas, ocupando 2,6 milhões de hectares, produzindo 41 milhões de toneladas (4,5% da produção mundial), gerando PIB de US$ 11 bilhões, sendo o único grande produtor localizado no hemisfério sul e gerando 6 milhões de empregos. Tem grande importância socioeconômica. A maior parte da produção, 95%, é consumida internamente. Há necessidade de ampliar as exportações. As pitaias acompanham este mercado, que exige aprimoramento nas políticas públicas, com mais pesquisa, transferência de tecnologia, certificação, rastreabilidade e sustentabilidade.

Conhecimento é fundamental! Há necessidade de superar diversos gargalos e se consolidar no mercado interno e nas exportações.

ARTIGOS RELACIONADOS

Cervejaria paranaense lança cerveja com Pitaya

Fruta típica do verão faz parte de receita exclusiva da premiada Way Beer.

Produtor rural cria geleia de pitaya para aumentar faturamento do negócio

Desafio encarado pelos pesquisadores da Unidade Embrapii IFTM no desenvolvimento do produto foi fazer o processamento da fruta sem perda do sabor característico que é muito suave

Principais doenças da Pitaya e seu controle

Fique por dentro das principais doenças que podem afetar sua plantação de Pitaya e aprenda a controlá-las

Pitayas: principais doenças e seu controle

Pitaya é uma fruta pouco difundida no Brasil, no entanto, é preciso estar atento aos patógenos que elas são suscetíveis.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!