Daniela Andrade
Consultora em Gestão de Produção – especialista em Planejamento Agrícola
daniela.agronomia@gmail.com
A produção de grãos no ciclo 2022/23 no Brasil em 312,5 milhões de toneladas, representa um aumento de 15% em comparação com a temporada anterior, com acréscimo de 40,1 milhões de toneladas.
A soja é o produto com maior volume colhido no País, com produção em 153,6 milhões de toneladas (49% do total dos grãos). A projeção reflete a tendência de crescimento de 3,54% de área para a cultura, podendo chegar a 42,4 milhões de hectares.
Relevância da sojicultura
A produção de soja é de grande importância para o setor do agronegócio brasileiro, todavia, os produtores enfrentam diversos desafios no planejamento e condução de suas lavouras.
Um dos principais fatores é o clima, que é uma variável não controlável e altamente influente na produção de soja. A ocorrência de secas, excesso de chuvas, geadas e granizos pode prejudicar o desenvolvimento das plantas e a formação das vagens, reduzindo o potencial produtivo e causando perdas na colheita.
A variação climática não é controlável, porém, o produtor pode prevenir de várias formas seus impactos. Além disso, é preciso lidar com a volatilidade dos preços da soja, que podem flutuar significativamente entre as safras. E isso pode impactar diretamente no custo de produção. Assim, é importante encontrar um equilíbrio entre a maximização da produção e a minimização dos custos.
Pontos altos
O custo de produção da soja também tem aumentado devido à desvalorização do real. É importante que os produtores considerem esses fatores em seu planejamento e busquem maneiras de aumentar a eficiência e reduzir os custos.
As pragas, doenças e plantas daninhas são outros desafios enfrentados pelos produtores de soja, que o produtor pode levar em conta para o planejamento do histórico da fazenda e as projeções do mercado.
Essas pragas e doenças podem reduzir significativamente a produtividade e a qualidade dos grãos, se não forem controlados adequadamente com medidas preventivas e curativas. Portanto, é fundamental que o produtor contabilize as aplicações e realize as compras necessárias no início da safra para evitar surpresas.
A tecnologia é outro desafio enfrentado pelos produtores de soja, uma vez que está em constante evolução. Ela pode auxiliar os produtores na coleta e análise de dados sobre a lavoura, permitindo uma tomada de decisão mais precisa e rápida.
Por fim, a sustentabilidade é uma preocupação crescente dos consumidores e, por consequência, dos produtores de soja. É importante que os produtores levem em conta as práticas sustentáveis em suas atividades e garantam que estão seguindo as regulamentações ambientais. Isso pode ser um desafio, mas é fundamental para garantir a viabilidade do negócio a longo prazo.
Em suma, os produtores de soja enfrentam diversos desafios no planejamento da próxima safra e precisam buscar soluções que possam aumentar a produtividade, a qualidade e a rentabilidade da cultura, sem comprometer a sustentabilidade ambiental e social do agronegócio.
Isso exige um planejamento cuidadoso, monitoramento constante e atualização sobre as últimas tecnologias e melhores práticas de manejo.
Fitossanidade
É importante que os produtores de soja identifiquem as doenças mais comuns em sua região porque:
• Elas podem causar perdas significativas na produtividade e na qualidade dos grãos, comprometendo a rentabilidade da cultura;
• Podem se disseminar rapidamente na lavoura;
• Exigem o uso de defensivos agrícolas, que devem ser planejados;
• Limitam as opções de rotação de culturas e de manejo integrado de pragas.
Portanto, os produtores de soja devem estar atentos aos sintomas das doenças mais comuns em sua região, como a ferrugem asiática, o mofo-branco, a antracnose, a mancha-alvo, a cercosporiose, entre outras.
Além disso, é importante acompanhar as doenças nas regiões produtoras em volta do seu Estado e País, dando atenção a doenças ou pragas novas, a fim de prevenir a chegada na sua lavoura.
Eles devem também adotar medidas preventivas e curativas para evitar ou reduzir os danos causados pelas doenças, como o uso de variedades resistentes ou tolerantes, o monitoramento constante da lavoura, o manejo adequado do solo e da água, a aplicação racional de fungicidas e outros insumos, entre outras.
Cultivares ideais
Existem diversas cultivares de soja disponíveis no mercado que apresentam resistência ou tolerância a diferentes doenças, por isso, é importante que os produtores escolham as mais apropriadas para as condições de sua região e para as doenças mais comuns em suas lavouras.
Cada cultivar deverá ser escolhida levando em consideração, além da tolerância às doenças, a melhor adaptabilidade climática, a fertilidade de solo, se a área é sequeiro ou irrigado, época de plantio e produtividade.
Com isso, a melhor cultivar é aquela que se adapta melhor à área, levando em consideração todos esses fatores.
Algumas cultivares mais populares no Brasil já vêm com resistência a doenças, pragas e matocompetição. É importante lembrar que, embora essas cultivares apresentem resistência ou tolerância a doenças específicas, elas não são totalmente imunes e podem ainda ser afetadas por outras doenças ou fatores de estresse ambiental.
Portanto, o manejo integrado de doenças continua sendo essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade da cultura da soja.
Clima x planejamento
Os produtores devem ponderar as condições climáticas ao planejar suas atividades agrícolas. Algumas medidas a serem seguidas são: eleger cultivares adaptadas às condições climáticas da região, semear na época adequada para evitar períodos críticos de estresse hídrico ou térmico, monitorar as previsões meteorológicas e fenologia da soja, realizar o manejo adequado do solo, da fertilização e da proteção da cultura.
Outras técnicas de manejo, como sistemas de irrigação, rotação de culturas, adubação equilibrada e o uso de cultivares resistentes a estresses climáticos também podem ajudar a minimizar os impactos climáticos na produção de soja.
Impactos econômicos
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a cadeia produtiva da soja gera cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos no País. Além disso, as cidades produtoras de soja têm Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) mais altos do que a média nacional.
A produção de soja contribui para o desenvolvimento de infraestrutura e serviços em regiões em crescimento, incluindo transporte, armazenamento, serviços financeiros e tecnologia. Em resumo, a produção de soja tem um papel importante na economia brasileira, contribuindo para o desenvolvimento regional, a geração de empregos e a balança comercial.