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Plantações de Corymbia

A expansão das plantações de Corymbia promete revolucionar a produção de madeira no Brasil.

José Geraldo Mageste
Engenheiro florestal, Ph.D. e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
jgmageste@ufu.br

João Flávio da Silva
Engenheiro florestal, doutor e pesquisador em melhoramento florestal – Eldorado Celulose Papel
joao.silva@eldoradobrasil.com.br

Considerando os últimos 10 anos, houve um grande avanço no aspecto nutricional, onde se passou a conhecer melhor as demandas, tanto no viveiro quanto no campo. Durante a fase de viveiro, esta espécie exige boa disponibilidade de nitrogênio, fósforo e potássio para o melhor crescimento e desenvolvimento inicial das mudas.

À esquerda, João Flávio, da Eldorado, e José Geraldo Mageste, professor da UFU
Crédito: Arquivo pessoal

Trata-se, também, de uma espécie com características de maior demanda de macronutrientes no campo, não tolerando sites de baixa fertilidade natural, que são comuns nos povoamentos do gênero Eucalyptus, por exemplo. As exigências para bom desenvolvimento no campo passam também por um solo menos compactado e bom boa aeração.

O cruzamento desta espécie com E. toleriana também tem produzido híbridos de fácil adaptação e alguma tolerância à seca. Estes híbridos têm apresentado um crescimento superior ao Corymbia puro.

Microestaquia

São diversos os desafios na propagação por microestaquia do gênero Corymbia, principalmente pela resistência que esta espécie possui para emissão de raízes das estaquias. Podemos afirmar que ainda temos muito a progredir.

Ainda precisamos desenvolver protocolos para o sucesso nesta técnica de propagação nesta espécie. Aproveitamos os conhecimentos gerados para o gênero Eucalyptus, mas isto se mostrou de baixa eficiência, necessitando gerar conhecimentos básicos, como a eleição de indivíduos de composição genética que respondam mais adequadamente ao processo de multiplicação assexuado.

Usando as mesmas técnicas, é comum alcançarmos de 30 a 40 % de enraizamento das microestaquias apenas. Ainda precisamos conhecer melhor os hormônios indutores de raízes e até mesmo a nutrição das estacas que respondam melhor ao uso desta tecnologia.

Dependendo do tamanho do povoamento a ser instalado (acima de uma demanda de 500 mil mudas, por exemplo), o mais indicado é a aquisição de mudas no mercado, deixando para viveiristas experientes e capacitados a tarefa de produção de mudas.

Trata-se de uma espécie com maiores densidades e isto parece ser até limitante para multiplicação assexuada. Os desafios passam pela eleição de materiais genéticos adequados, aspectos nutricionais e hormonais envolvidos, e até mesmo cuidados especiais para produção de brotos.

Povoamentos

Um grande desafio para instalação dos povoamentos é reduzir a competição entre as árvores e plantas invasoras (erroneamente chamadas de daninhas), principalmente nos dois primeiros anos após implantação.

A expansão rápida das copas ajuda a sombrear as plantas concorrentes e evitar a competição por água e luz. Se reduzirmos o número de capinas até o segundo ano, diminuiremos em mais de 8% o custo de implantação.

Mas, também tem suas consequências. Uma delas é a dificuldade de formação de troncos retilíneos. Dependendo do uso da madeira, a existência de troncos tortuosos pode não ser viável (produção de postes, por exemplo.).

O tronco de Corymbia é excelente para uso de estacas de cerca e postes de energia elétrica. A expansão precoce da copa dificulta este uso. Essa tortuosidade de um tronco principal pode ser amenizada procedendo-se o desgalhamento e consequente condução da copa.

Mas, isto implicará em aumento de custos. Tamanho de copa, expansão lateral, recuperação rápida dos traumas de uma poda, crescimento rápido e cobrimento do solo, além do espaçamento inicial de implantação estão diretamente relacionando com muitos outros fatores, como o Índice Local (site index). Sites melhores proporcionam povoamentos mais robustos e mais produtivos ou retornos mais palpáveis.

Custos

A redução dos custos de implantação de povoamentos com Corymbia está marcado pela redução dos custos com controle de formigas cortadeiras. De fato, a grande presença de citronela nas folhas desta espécie faz com que haja uma repelência a este inseto que causa grande dano à instalação destes povoamentos.

Quando se persegue a redução de custos de implantação dos povoamentos florestais, como também menores gastos com capinas e adubações, haverá maior lucratividade. Mas, é preciso um planejamento adequado.

O Corymbia pode e deve ser muito usado para produção de postes, tanto de energia elétrica (10 metros de altura) quanto de cercas (madeira tratada). Este último tem um grande valor agregado. O uso desta espécie é quase que obrigatório para este fim.

Por outro lado, a proibição do uso de madeira nativa (principalmente aroeira) para cercas deu um grande impulso ao cultivo desta espécie, que consequentemente teve sua demanda muito aumentada.

Aspectos silviculturais mais relevantes

Os aspectos silviculturais devem estar muito atrelados às variações de condições e oportunidades regionais. No Triângulo Mineiro, por exemplo, existe uma grande demanda por madeira desta espécie, tanto para produção de estacas de cerca (moirões) com diferentes diâmetros, quanto de madeira para pontes e telhados (cumeeiras e caibros, principalmente).

Não existem povoamentos para satisfazer toda esta demanda. Existe um grande vácuo. Trata-se de uma espécie de fácil cultivo, com ótimo pegamento inicial (acima de 99% do povoamento inicial aos dois anos de idade).

Apesar das dificuldades de disponibilidade de mudas de boa qualidade, é fácil adquirir mudas de locais distantes, como o norte de Minas (Itamarandiba) ou norte de São Paulo.

Aspectos tecnológicos

Os últimos avanços tecnológicos proporcionaram uma diferença de rendimento tão grande nesta cultura que não podem deixar de serem usados. A tecnologia silvicultural atualmente disponível é muito semelhante para outras espécies arbóreas, como eucalipto.

Podemos afirmar que um aspecto importante é a escolha do local de instalação do povoamento. Corymbia exige solo de fertilidade média a superior, diferente dos eucaliptos, que podem ser cultivados em solos de baixa fertilidade natural.

Mesmo procedendo às adubações de cobertura com disponibilização principalmente de fontes de fósforo de liberação lenta, as árvores não podem ou não devem ser cultivadas em solos rasos (profundidade menor que 1,8 m).

Raízes superficiais induzem as plantas à morte em pequenos veranicos. Solos com camadas de impedimentos a 40, 50 cm de profundidade devem ser evitados também. As raízes das árvores não possuem mecanismos se “atravessarem” solos adensados.

Cultivo em larga escala

Deve ser considerada a resistência do tronco (e tábuas) à flexão diante de um mercado demandante por madeira com estas características. Não foi alcançado ainda o nível tecnológico de produção de mudas em larga escala que possam satisfazer o mercado, mas isto não pode desanimar os silvicultores.

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