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Pneus agrícolas: como fazer a escolha certa?

Crédito: Case IH

Túlio de Almeida Machado
tulio.machado@ifgoiano.edu.br
Emerson Trogello
emerson.trogello@ifgoiano.edu.br
Professores do Instituto Federal Goiano – Campus Morrinhos

É quase impensável imaginarmos a agricultura atual brasileira sem a atuação das máquinas agrícolas. É inegável que as mesmas propiciam a agricultura em larga e pequena escala, otimizam processos, reduzem janelas de manejo e reduzem os custos totais de cultivos.

Para as mesmas, temos as mais variadas recomendações, que vão desde a regulagem em si até o óleo lubrificante ideal para cada sistema. Entretanto, poucas são as informações referentes à escolha de pneus para as diferentes maquinas presentes no campo, mesmo cientes que estes se situam entre o solo e os veículos que se movimentam, e proporcionam eficiência e desempenho necessários para que as máquinas consigam realizar suas tarefas com excelência.

Revolução

Os pneus são elementos de sustentação para as máquinas agrícolas e foram a causa de uma grande revolução nesses equipamentos. Antigamente, os rodados, principalmente de tratores, eram formados por rodas de ferro fundido ou aço, tornando as máquinas mais pesadas e dando menos flutuação sobre o solo.

Hoje, com a utilização da borracha para a fabricação dos pneus e a tecnologia de uma “flutuação” sobre um bolsão de ar contido dentro do pneu, se reduziu o peso das máquinas, que gastam menos combustíveis e aumentam a capacidade operacional dos conjuntos mecanizados.

Os pneus agrícolas são mais robustos e espessos dos que os vendidos para carros e caminhões, visto que estas máquinas trafegam em locais com uma maior quantidade de obstáculos, tais como pedras, tocos, buracos e terrenos instáveis.

Importância

A grande contribuição dos pneus para as máquinas agrícolas, em geral, é em relação à compactação do solo. Antes, os rodados de ferro fundido eram mais duros e pesados e, por isso, contribuíam para uma maior compactação.

Hoje, com a possibilidade de diferentes calibrações e a adição ou redução de lastros, eles podem, aliado às técnicas de plantio direto, contribuir para a manutenção da física do solo. Como um trator não possui sistema de amortecimento, pneus de borracha causam menos impactos com obstáculos e contribuem também para a redução do consumo de combustível, devido ao menor peso das máquinas.

A possibilidade da alternância do tamanho de rodados de uma maneira mais simples e prática é também colocada como uma vantagem dos pneus. Um exemplo claro é a mudança do tamanho do rodado de um pneu para um trator que irá realizar uma operação de pulverização.

Para que esse trator se desloque entre as linhas ou que amasse o mínimo de plantas possível durante a operação, é necessário que a largura do pneu seja de uma dimensão mais reduzida.

Por isso, há a possibilidade da troca de rodados de maior para menor largura para que não ocorram perdas no campo com amassamento de plantas. A técnica é fácil e pode ser realizada na propriedade rural com a utilização de cavaletes e macacos hidráulicos.

Opções

Pneus podem ter garras ou serem lisos. Os com garras auxiliam na redução da patinagem, pois fixam mais a máquina no solo. Os lisos são para os rodados de semeadoras, colhedoras, carretas e do eixo dianteiro de tratores 4 x 2, servindo apenas para dar direcionamento.

Tratores 4 x 2 TDA utilizam pneus com garras, mas os do eixo dianteiro são menores que os do eixo traseiro. Já tratores 4×4 utilizam pneus com garras tanto no eixo dianteiro quanto traseiro.

Crédito: New Holland

Os pneus podem ser classificados em radiais ou diagonais. Essa classificação se dá em função da disposição, em relação ao sentido do deslocamento do trator, das lonas (arames) da parte interna do pneu.

Os pneus radiais possuem as lonas a 90º no sentido de deslocamento do trator, tratando-se de pneus mais moldáveis ao solo (até 30% a mais que os pneus diagonais) e também com um maior deslocamento lateral. Já os pneus diagonais possuem a lona com arames cruzados em 45º, sendo menos moldáveis com o solo, porém, mais resistentes à perfuração.

Durabilidade

A relação de custos x durabilidade de pneus agrícolas, geralmente, é mensurada por horas trabalhadas. Pneus de diferentes fabricantes possuem um número de horas diferenciado em relação à qualidade de fabricação e de matéria-prima utilizada.

O tamanho também afeta o custo, visto que os maiores pneus tendem a custar mais que os menores, pois gastam mais com matéria-prima. Pneus que não são específicos para apenas uma utilização (ex.: Um mesmo modelo pode ser utilizado em uma semeadora ou em uma carreta agrícola), independentemente do seu tamanho, podem custar menos, pois o seu valor pode ser diluído nas várias utilizações e atribuições que possui.

No Brasil, atualmente, tratores, colhedoras, pulverizadores, dentre outros equipamentos, já estão sendo entregues ao produtor com pneus radiais. Porém, a maioria dos pneus utilizados pelos agricultores que renovam os rodados de suas máquinas são de pneus diagonais que, por possuírem um menor custo em relação aos radiais, são mais comprados pelos produtores.

Quanto custa?

Pneus radiais custam, em média, de 50% a 110% a mais que pneus diagonais para um mesmo tamanho. Pneus agrícolas radiais, pelos seus benefícios em relação à manutenção da física do solo, maior velocidade possível de operação e menor gasto de combustível possuem um maior valor de compra em relação aos pneus diagonais.

Porém, tecnologias como “IF” – Improved Flexion (radiais com bônus de 20% a mais de carga) e “VF” – Very high Flexion (radiais com bônus de 40% a mais de carga) podem dar ao produtor informações a mais, auxiliando assim na tomada de decisão no momento da compra.

Outro ponto a ser observado é o ângulo da banda (ou barra) de rolagem de pneus agrícolas, pois trata-se da parte do pneu que está diretamente em contato com o solo. É nas barras do pneu que o motor exerce tração, ou seja, o impulso que faz o veículo se deslocar. Normalmente, o ângulo ideal que se encontra entre o centro do pneu e a sua lateral é em torno dos 23º.

Cuidados

Para a prorrogação da vida útil, é necessário um cuidado tanto com a parte interna quanto a parte externa de um pneu. Em relação à parte externa, além de um abrigo de máquinas para que o pneu não fique exposto às intempéries quando a máquina não estiver operando, também devem haver cuidados com a maneira e o terreno no qual se operam as máquinas para que não haja um maior desgaste.

Para a parte interna, uma calibração (em torno de 30 psi) e lastragem com água de até 70% do espaço do pneu preenchido são ideais para que o pneu não trabalhe com insuflagem menor ou maior que o recomendado.

Resultados práticos podem ser observados quanto se muda a calibragem do pneu. Condições diferentes de insulflagem podem fazer com que o pneu trabalhe subinflado (calibração baixa), superinflado (calibração alta) ou propriamente inflado.

Uma das maneiras de poder observar essa condição é pelo rastro que o pneu deixa no solo. Um pneu subinflado deixa um rastro não definido sobre o solo e possui uma “barriga” em sua lateral. Já o pneu superinflado não possui um deslocamento lateral e deixa um rastro apenas da parte central do pneu.

Erros

Quantidade de ar e água dentro de um pneu é um erro constante. Quando mais murchos estão e entram em operação, estes podem “quebrar a lona” e danificar a estrutura do pneu. Outros erros frequentes podem ser atribuídos à montagem do pneu, tais como: sentido de ação das garras e danos causados durante a montagem, como cortes ou furos.

Uma manutenção em dias alternados quanto à calibragem e à montagem realizada com equipamentos corretos de borracharia evitariam que esses problemas ocorressem.

Portanto, antes da compra de um pneu agrícola o produtor deve observar não somente o custo de aquisição, e sim a sua durabilidade e local onde será operado. Na relação custo do pneu x benefícios de materiais com melhores tecnologias, deve-se levar em consideração inúmeros aspectos, entre eles a capacidade operacional, a economia de combustível, e como este pneu, alinhado ao excessivo trafego de máquinas que observamos nas áreas agrícolas, pode impactar as características físicas do solo trafegado.

Limitações

A compactação de solos pelo tráfego de máquinas tem limitado as produtividades em diversas áreas, principalmente naquelas de tráfego mais intenso, como nas áreas voltadas para o cultivo de milho silagem, por exemplo.

Neste cenário, o uso de tecnologias que minimizem a compactação é extremamente válido, passando também pelo tipo de pneu a ser escolhido.

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