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Buva na soja: qual a interferência na produtividade?

Crédito Brenda Santos

Ana Laura Costa Santos
analaura.csbb@outlook.com
Brenda Santos Pontes
brenda_spontes@hotmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Hugo César Rodrigues Moreira Catão
PhD em Agronomia e professor – UFU
hugo.catao@ufu.br

O Brasil se caracteriza como o maior produtor mundial de soja, obtendo na safra de 2020/21 uma produção de 135,409 milhões de toneladas, com uma área plantada de 38,502 milhões de hectares. Portanto, é fundamental um bom manejo da cultura para que seja possível alcançar bons resultados de produtividade a cada safra.

Diante disso, alguns quesitos merecem atenção e um deles relaciona-se à presença de plantas daninhas na lavoura, mais especificamente à buva (Conyza bonariensis e Coniza sumatrensis).

Caracterização da buva

A buva é uma espécie de planta daninha que pertence à família Asteraceae, é herbácea, ereta e altura pode chegar a até dois metros. É uma planta originária da América do Sul, e está amplamente disseminada nas regiões agrícolas brasileiras, especialmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O gênero Conyza é composto por diferentes espécies, sendo as predominantes no Brasil a Conyza sumatrensis e Conyza bonariensis. É uma planta de ciclo anual, capaz de produzir mais de 110 mil sementes por planta e, devido à facilidade de dispersão (pequeno tamanho das sementes), caracteriza-se como uma espécie daninha extremamente agressiva.

Algumas das culturas afetadas pela buva são: soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, café e batata.

Sintomas, prejuízos e danos

A presença de plantas daninhas na cultura da soja pode causar diversas interferências, que se classificam como diretas e indiretas. A forma direta se caracteriza pela competição entre a soja e a planta daninha por luz, água, espaço e nutrientes, que são recursos essenciais ao desenvolvimento da cultura e que, consequentemente, influenciam negativamente no rendimento e qualidade dos produtos.

Já o modo indireto se dá em decorrência da interferência prejudicial no manejo cultural, na colheita e no beneficiamento de grãos. Além disso, as plantas daninhas também podem ser hospedeiras de pragas e doenças, como a lagarta-do-cartucho e a Helicoverpa armigera.

Os sintomas causados pela buva na soja estão diretamente ligados à desnutrição da cultura, podendo ocasionar a redução do desenvolvimento da planta e queda na produção e qualidade.

Diante disso, o principal impacto da buva na soja ocorrerá na produtividade, visto que a competição citada irá ocasionar redução na produção. Assim, estudos mostram que a presença de uma planta daninha por metro quadrado causou queda da produção da soja em 14%.

Já com a interferência de duas e três plantas a produtividade caiu em 21 e 23%. E quando em presença de 10 buvas por m² a produtividade obteve redução de 59%.

Controle e manejo

Há algumas formas de realizar o controle da buva nas lavouras de soja, sendo necessário um manejo integrado. Assim, para inicialmente prevenir a disseminação da planta usam-se técnicas como a limpeza do maquinário para evitar que tenham sementes de buva e a realização do manejo no inverno, visto que a buva tem preferência por climas quentes e não germina em condições de baixas temperaturas.

Para de fato controlar a buva, é necessário integrar métodos culturais e químicos. Assim, uma das formas de realizar esse controle é por meio da presença de densas camadas de palhada, pois assim será reduzida a capacidade de germinação e emergência da planta daninha.

Isso ocorre pois a buva necessita da presença de luz para que ocorra a germinação e, sob densa camada de palha, a semente não irá receber o estímulo luminoso necessário. Além disso, a viabilidade dessas sementes irá reduzir de acordo com o tempo que permanecem no solo.

Todo cuidado é pouco

Já em relação ao controle químico, é necessário bastante cuidado. Isso porque, atualmente, em diferentes regiões do mundo já foi confirmada a resistência de Conyza spp. a alguns herbicidas.

Em estudos realizados por Allbrecht e Albrecht (2021) com amostras coletadas nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, observou-se que 93,6% dos exemplares apresentaram resistência ao glifosato, 56,7% ao clorimurom, 22,3% ao paraquate e 19,2% ao 2,4-D.

Isso demonstra que as populações de buva apresentam alta variabilidade genética e, consequentemente, potencial evolutivo para adquirir resistência a múltiplos herbicidas. Assim, a utilização de herbicidas para o controle da buva requer cuidado e recomenda-se, no caso de herbicidas pós-emergentes, o uso associado ou sucessivo de produtos com diferentes mecanismos de ação.

Devido à resistência da buva a herbicidas, é evidente a necessidade de produtos inovadores que possam contornar esse problema. Assim, há no mercado produtos como o Piroxasulfona + Fluxioxazina, um herbicida pré-emergente que traz uma tecnologia inovadora, apresentando um longo efeito residual, alta seletividade e a capacidade de controlar plantas daninhas resistentes.

Erros no controle e como evitar

Um dos problemas relacionados ao controle da buva no Brasil é referente ao uso exclusivo de herbicidas como o glifosato, promovendo a seleção de populações resistentes. Essa resistência ocorre para que a planta seja capaz de assegurar a sobrevivência da sua espécie diante da exposição ao herbicida.

Dessa forma, as plantas passam por mutações que aumentam a sua variabilidade genética e, à medida em que o herbicida é utilizado, as plantas que são resistentes irão sobreviver e o produto se tornará cada vez menos eficiente.

Portanto, o erro no controle reside no fato de se utilizar uma única ferramenta para o manejo da buva nas lavouras. Dessa forma, para evitar erros no combate é necessária uma série de medidas, tais como: a rotação de mecanismos de ação de herbicidas; incluir no manejo herbicidas pré-emergentes; adotar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas; priorizar o controle entressafra e a realização da limpeza de máquinas e implementos.

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