Pedro Maranha Peche – pedmpeche@gmail.com – Leila Aparecida Sales Pio
Pesquisadores – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
O cultivo do abacateiro vem se expandindo em todo o mundo, e no Brasil isso não é diferente, porém, o aumento dos plantios exige mais profissionalismo dos produtores, uma vez que, junto desse crescimento a pressão de pragas e doenças, além da maior demanda por qualidade de fruto, se intensificam.
Nesse contexto, o aprimoramento de tratos culturais e a intensificação dos cultivos se faz necessário. Uma das principais práticas que vem sendo adotada pelos produtores é o adensamento de plantio, migrando de sistemas extensivos, com 100 a 200 plantas por hectare (10 x 10 m; 10 x 8 m; 7 x 8 m; 7 x 7 m), para sistemas de semi-adensados, com 250 a 500 plantas por hectare (7 x 6 m; 7 x 5 m; 7 x 4 m; 6 x 6 m; 6 x 5 m; 6 x 4 m) e, em alguns casos, para espaçamentos adensados a super adensados, como população de 600 a 1.000 plantas por hectare (6 x 3 m, 5 x 3 m; 4 x 4 m; 4 x 3 m; 5 x 2 m).
Obstáculos ao adensamento
O grande problema relacionado ao adensamento está no fato de o abacateiro ter sua origem na América Central e México, possuindo hábito de planta de floresta úmida, ou seja, tendendo ao crescimento vegetativo vigoroso.
Normalmente, quando deixado em crescimento livre, apresenta um formato de copa em líder central/cone, que com o tempo vai evoluindo para um formato mais globoso. Esse fato gera dois grandes problemas: o primeiro é que, devido ao forte vigor, as plantas se fecham depois do quarto ano, dificultando os tratos fitossanitários e a colheita, mesmo em espaçamentos mais extensivos.
O segundo problema é a competição entre os brotos e os frutos, que ocorrem no verão. O plantio semi-adensado e adensado, quando mal conduzido, agrava esses problemas, pois as plantas terão menos área para se desenvolver, apesar de contribuírem para a diminuição do porte.
Podas
A poda é a principal técnica para lidar com esses problemas em qualquer densidade de plantio, porém, em sistemas com maior quantidade de plantas ela é mais importante e frequente. Podemos dividir as podas do abacateiro em poda de formação, poda de limpeza/manutenção e desbrota.
A primeira é, sem dúvida, a mais importante, pois ela definirá o formato da planta. As outras duas são mais utilizadas, uma vez que a planta se encontra em produção e tem a função de manter o formato e o equilíbrio da produção/vegetação dos abacateiros.
A poda de formação tem como objetivo orientar e educar as plantas de modo que tenha um formato e vigor equilibrado entre produção e vegetação.
Manejo
A forma de execução muda de acordo com o espaçamento utilizado. No cultivo extensivo, deixa-se o abacateiro crescer livremente até o terceiro/quarto ano, quando será feita a poda de abertura de copa, que consiste na retirada da guia central da planta para estimular o crescimento lateral da mesma.
À medida que a planta vai crescendo, será executada a poda de limpeza e de abertura, quando for necessário. No cultivo semi-adensado podemos usar duas estratégias para formar as plantas. A primeira consiste em deixar a planta crescer livre no primeiro ano em formato de líder central e a partir do segundo ano retirar o líder, formado de três a quatro pernadas bem distribuídas e conduzindo a planta em sistema multi-líder ou multi eixo.
Conduzir a planta dessa forma tem a vantagem de as pernadas saírem arqueadas naturalmente, sendo recomendado em condições de espaçamentos maiores e cultivares mais vigorosas, como a Margarida.
A segunda opção é, um mês após o plantio, fazer uma poda de retirada da ponteira da planta para estimular o crescimento de três a quatro pernadas bem distribuídas, e assim conduzir no sistema de multi eixo.
A vantagem dessa forma de condução é o fato de as pernadas saírem mais fechadas, ou seja, de forma mais ereta. É recomendado em sistemas com maior quantidade de plantas e cultivares menos vigorosas, como a ‘Hass’ e a ‘Breda’.
Em sistemas adensados e/ou superadensados, a planta deve ser conduzida em líder central. Após o plantio, deve-se escolher somente um ramo e deixar crescer de forma livre e vertical, sempre tomando o cuidado de manter a brotação lateral.
Quando a mesma atingir 3,0 m, o líder é retirado para que haja a paralização do crescimento em altura. A planta ficará com formato cônico. A vantagem desse sistema é o menor porte das plantas, facilitando os tratos culturais e as podas de manutenção.