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Polímeros via tratamento de sementes

Laís Naiara Honorato Monteiro Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e professora – Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV)laismonteiiro@gmail.com

Arthur Franchesco Queiroz Lezoarthur.franchesco16@gmail.com

Helimar Balarone da Silva Sporchhelimarbalarone@hotmail.comGraduandos em Engenharia Agronômica – UNIFEV

Sementes – Crédito: Saulo Fantini

Sabendo que o uso de sementes de qualidade, bem como produtos que favoreçam o melhor desempenho destas em campo, é uma prática essencial para o alcance do sucesso na agricultura, o tratamento de sementes tornou-se técnica consolidada entre os produtores. Por meio do tratamento, é possível utilizar produtos como polímeros para propiciar diversos benefícios à produção agrícola, como proteção às sementes e melhor desenvolvimento e estabelecimento inicial das plântulas originadas, garantindo assim uniformidade na lavoura.

A utilização de polímeros para recobrimento de sementes, técnica também chamada de peliculização, é um procedimento onde é aplicado um filme uniforme e fino na superfície das sementes.

Esses polímeros normalmente são constituídos de materiais originados em ambientes laboratoriais ou podem ser biodegradáveis, os quais são encontrados livremente na natureza. O revestimento das sementes baseado na peliculização, é uma tecnologia focada em vantagens na melhoria das performances fisiológicas, físicas e sanitárias que a espécie pode apresentar.

Demanda

A busca por produtos naturais que apresentem propriedades poliméricas tem sido cada vez maior, pois atingir a sustentabilidade nos cultivos agrícolas é o objetivo para que o meio ambiente possa ser preservado. Matérias-primas de fontes renováveis, originárias de animais e plantas, por exemplo, produzirão os biopolímeros, os quais exibirão processos produtivos e desempenho mais interessantes ecologicamente.

A partir do revestimento das sementes com polímeros é possível notar melhorias significativas nas etapas de produção das culturas. Em relação às sementes, o uso da peliculização permite maior incremento na retenção dos produtos fitossanitários, como fungicidas e inseticidas.

Nesse contexto, se ocorrer precipitação em excesso, os polímeros, por proporcionarem proteção às sementes, evitam que o produto aplicado se perca por lixiviação.

Causas

As perdas dos produtos aplicados nas sementes também podem ocorrer devido à fricção entre as sementes e a semeadora, o que não é observado quando se utiliza a peliculização. Além disso também propicia redução de riscos aos seres humanos devido à menor manipulação dos materiais químicos, sendo que a diminuição da exposição dos operadores aos produtos químicos têm sido o principal objetivo impulsionador do uso de polímeros em sementes.

Existem os chamados polímeros hidrofílicos, os quais têm propensão à absorção de água, quando secos, e os polímeros hidrofóbicos, que são materiais que rejeitam a água quando são molhados.

Escolha

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A escolha do tipo de polímero vai depender dos aspectos relacionados ao ambiente e à finalidade buscada. Independente do polímero, o que deve ser sempre considerado é que a embebição e a absorção de água pelas sementes devem ser permitidas, uma vez que o processo germinativo não deve ser influenciado. O benefício do revestimento é que a semente exiba um desempenho otimizado, para posteriormente originar plântulas vigorosas.

Implantação da técnica e manejo

A peliculização pode ser realizada de duas maneiras, sendo: tratamento convencional (chamado de “on farm”) e tratamento industrial (Tratamento Industrial de Sementes “TIS”).

No método “on farm”, utiliza-se um misturador (manual ou mecânico), ou uma betoneira para adicionar os produtos químicos às sementes. Entretanto, ao longo do tempo observou-se que se tratava de um procedimento com pouca eficácia, uma vez que não se alcança uma uniformidade – ora as sementes ficam recobertas com uma superdosagem do produto, ora ficam com uma subdosagem.

Isso proporciona prejuízos à qualidade do lote, pois os produtos devem ser aplicados na dosagem e distribuição corretas para garantir proteção às sementes.

Tecnologia a toda prova

O tratamento industrial compõe as fases de beneficiamento das sementes, compreendendo aplicações robotizadas de alta tecnologia. Além disso, o método TIS demonstrou ser a melhor opção para a técnica de peliculização das sementes, possibilitando a manutenção dos principais constituintes de rendimento da lavoura, como a uniformidade e o aumento no número de plantas do estande.

Deve-se considerar que, quando comparado ao método “on farm”, além do TIS exibir menores riscos de exposição química ao homem, também assegura melhor expressão do potencial germinativo das sementes e produtivo das plantas, devido à maior uniformidade de aplicação dos produtos nas sementes.

Mais produtividade

São diversos os fatores relacionados ao manejo que colaboram para o sucesso agrícola de uma determinada cultura, sendo que os cuidados necessários devem ser realizados desde o preparo do solo até os procedimentos pós-colheita.

Por meio do tratamento de sementes utilizando polímeros, os resultados em campo são muito promissores, o que já foi demonstrado devido ao aumento na produção total dos cultivos. Estudos revelam que mesmo aquelas sementes que possuem baixo vigor, por meio da peliculização podem incrementar o percentual de germinação.

Além disso, a técnica de peliculização pode melhorar a emergência das plântulas, o que, consequentemente, potencializa a produtividade das culturas. Os benefícios às plantas envolvem a tolerância ao déficit hídrico, proteção contra o ataque de patógenos e pragas, o que pode ocasionar melhor desenvolvimento e estabelecimento inicial das plântulas em estande adequado e, consequentemente, mais rendimento do produto final.

Em campo

A peliculização reduz esses possíveis danos em condições de baixas temperaturas, em que sementes de algumas espécies se revelam sensíveis ao processo de embebição, fundamental para realização da germinação.

Alguns polímeros funcionam como impedimento à lixiviação dos solutos, pois formam uma fina camada entre a semente e a solução externa, o que propicia maior longevidade. Associado a isso, sementes revestidas de espécies forrageiras demonstraram resultados satisfatórios em campo por meio do estabelecimento das plântulas.

Nesse sentido, estudos relatam que, a partir da peliculização, plântulas de espécies hortícolas apresentaram aumento da sobrevivência quando a semeadura foi realizada diretamente no local definitivo de cultivo.

Quais os benefícios?

Vantagens agronômicas já foram relatadas pelo uso de polímeros em sementes de crambe, arroz e soja. Nesse último caso, observou-se que os materiais que constituem o polímero podem causar efeitos fungicidas às sementes, que em condições de campo torna-se muito interessante.

Devido à aplicação de produtos com macro e micronutrientes, por meio através da técnica de peliculização, observou-se que a área que contornava as sementes exibiu correção da acidez do solo. Com esses tipos de produtos, a técnica de polímeros permitiu que as plântulas tivessem maior disponibilidade nutricional, o que resultou em maior desenvolvimento das plântulas em razão do incremento no vigor.

A adubação de nutrientes diretamente no sulco de plantio em alguns casos pode até ser menos eficiente, quando comparada ao fornecimento dos elementos essenciais à cultura, por meio da incorporação pelos polímeros.

Erros

As aplicações dos produtos em concentrações excessivas às sementes acarretam dificuldade de ocorrência dos processos de germinação e emergência das plântulas. Isso normalmente ocorre devido ao uso do método “on farm”, em que as sementes não são revestidas uniformemente, ou também pelo fato de utilizar máquinas desreguladas no TIS.

Se o produtor optar pelo tratamento convencional, deve preocupar-se com a distribuição homogênea do produto às sementes e ainda com a composição da mistura, para que não ocasione incompatibilidade entre os princípios ativos escolhidos. Outra atenção exigida nesse tipo de aplicação de polímeros é a falta de segurança humana. Em razão disso, deve-se sempre dar preferência à mínima manipulação dos produtos químicos.

Se a técnica de peliculização for realizada pelo tratamento industrial, atenção deve ser dada aos equipamentos envolvidos no procedimento, pois estes necessitam de regulagens constantes para que haja aumento e uniformidade na retenção dos produtos e menores perdas por lixiviação.

O ideal é que se priorize o uso de máquinas com alta tecnologia, dessa maneira, a mistura e a dosagem dos produtos serão incorporados adequadamente às sementes, possibilitando melhor recobrimento e coloração.

Pelo impacto ambiental ser uma das maiores preocupações atualmente, técnicas na agricultura que reduzam esses danos estão sendo cada vez mais aderidas aos cultivos. A associação dos polímeros com produtos fitossanitários é uma eficiente ferramenta para evitar perdas de produtos químicos, o que contribui para a redução de contaminantes na água e no solo. Dessa forma, optar pela peliculização das sementes também é uma forma de agregar sustentabilidade ao sistema de produção.


Comprovação de resultados

Pesquisas revelam que o uso de polímeros é uma técnica viável no tratamento de sementes, pois quando comparado às possíveis perdas econômicas que o cultivo inicial pode acarretar, é definida como um procedimento barato. Em relação ao custo de produção, os valores variam, mas não ultrapassam 2 a 3% do custo total.

Devido os resultados já mencionados, o retorno do investimento se dá a curto prazo, sendo que a relação custo-benefício é positiva.

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