Thaís Cirino Bueno
Bióloga e doutora em Agronomia – FCA – UNESP
tcscirino@hotmail.com
Roberta Thiago
Graduanda em Engenharia Agronômica – UNESP
roberta.thiago@unesp.br
A macieira, apesar de produzir frutos por autopolinização, necessita da polinização cruzada do ponto de vista comercial, ou seja, a transferência do pólen de uma planta para outra, para que ocorra uma produção de fato satisfatória.
Isso porque, na maioria dos casos, ocorre autoincompatibilidade na espécie, o que, na prática, diminui tanto a produção quanto a qualidade dos frutos. Dessa forma, a ação realizada por polinizadores neste cultivo está associada diretamente à produtividade, peso e tamanho de frutos, quantidade de sementes e, consequentemente, ao sucesso do produtor.
Para que ocorra polinização cruzada no cultivo da macieira, é necessário a utilização de duas variedades de plantas: as polinizadas e as polinizadoras, e é imprescindível que sejam compatíveis e que estejam em sincronia de floração.
Além da presença das plantas, é necessário que também ocorra a correta proporção e distribuição das mesmas no pomar. Visando a produtividade e qualidade de frutos, o percentual mínimo de plantas polinizadoras é de 12% distribuídas de forma homogênea no pomar.
De acordo com Sezerino (2017), como as abelhas possuem a tendência de voo entre plantas de uma mesma fila, é interessante que as plantas polinizadoras sejam intercaladas a cada 10 metros em cada fila de plantas polinizadas.
Ainda segundo o autor, a situação ideal para a ótima polinização seria com a porcentagem de 50% de cada tipo de plantas, entretanto, esse cenário dificultaria o manejo, uma vez que cada tipo de planta requer manejos diferentes.
Com as variedades compatíveis distribuídas de forma correta no pomar, o próximo passo é se atentar para a presença de insetos polinizadores para que, de fato, a polinização cruzada ocorra.
Os polinizadores
A espécie com maior importância comercial para o cultivo da macieira é a abelha-africanizada, Apis mellifera L. (Hymenoptera, Apidae), que ao visitar as flores para coletar pólen para alimentação acaba transferindo o material para outras flores e realizando, assim, a polinização cruzada.
Além da possibilidade da criação de colmeias da abelha-africanizada por parte do produtor, é possível também, de acordo com a Associação Brasileira de Produção de Maçãs, que ocorra o aluguel das mesmas por preços que variam de região para região.
Independentemente da fonte das colmeias, alguns cuidados são necessários para que o trabalho dos polinizadores acabe em efeitos comerciais desejados. Entre eles, podemos citar que de 60 a 70% dos caixilhos das colmeias devem estar cobertos por abelhas adultas, para que estas realizem efetivamente a busca pelo pólen.
Colmeias com níveis abaixo do citado preferem retirar o néctar ao invés do pólen, o que não permite que ocorra a polinização, uma vez que, quando a abelha visita o nectário das flores de macieira, ela não entra em contato com as estruturas reprodutivas da planta.
Para que esse e outros detalhes em relação à efetividade da atividade ocorram, é necessário salientar que o preparo da mesma deve ocorrer anteriormente ao período de floração, aproximadamente 42 dias antes.