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Pragas de maracujá controladas com armadilhas

Armadilhas eficazes controlam pragas do maracujá.

Paulo Henrique Santarosa
Engenheiro agrônomo – ESALQ/USP
santarosa.pauloh@gmail.com

Matheus Roussenq
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
matheusrous@gmail.com

Camila Queiroz da Silva Sanfim de Sant’Anna
Engenheira agrônoma e doutora em Produção Vegetal – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
agro.camilaqs@gmail.com

O maracujazeiro é uma planta natural das zonas tropicais e subtropicais, com aproximadamente 500 espécies conhecidas, sendo o Brasil líder mundial em produção. Apesar de tantas variedades, apenas duas espécies são produzidas em maior escala no país, possuindo valor comercial para as indústrias de bebidas, cosméticos e também farmacêuticas, além de seu uso in natura.

Foto: Shutterstock

Seu cultivo está em franca expansão e os estados de Bahia, Ceará e Santa Catarina lideram o ranking nacional de produção.

Fitossanidade

Assim como em qualquer outra cultura, o maracujazeiro sofre constantes ataques de pragas e doenças em seus diversos ciclos de vida, depreciando a qualidade dos frutos, diminuindo seu valor comercial e também reduzindo a produtividade e a longevidade da cultura.

Como forma de minimizar essas perdas, o produtor utiliza várias técnicas e manejos para controlar, principalmente, os chamados insetos-praga. Algumas dessas alternativas são a utilização de armadilhas e atrativos sexuais (feromônios) e alimentares.

Fique de olho

As principais pragas que assolam o maracujazeiro e seus frutos são: percevejos, lagarta do maracujazeiro, lagarta da folha, mosca-das-frutas, broca-da-haste, ácaros, cochonilhas e pulgões.

Neste mesmo contexto, entram também as doenças ocasionadas por vírus, bactérias, fungos e nematoides. O reconhecimento dos sinais e dos sintomas, juntamente com sua distribuição, com os danos ocasionados e com as condições favoráveis ao seu aparecimento, são informações de extrema importância para estabelecer o MIP, um programa de Manejo Integrado de Pragas que visa a redução e controle das pragas e doenças.

Este termo refere-se à integração de diferentes ferramentas de controle utilizadas com planejamento e harmonia, baseadas em parâmetros técnicos, econômicos, ecológicos e sociais.

Ferramentas do MIP

Dentre as várias opções que compõem o MIP podemos citar, por exemplo: métodos culturais, controle biológico, químico, controle por comportamento, mecânico, físico, resistência de plantas e armadilhas. Essas últimas auxiliam tanto no monitoramento como no controle das pragas.

Seu uso na cultura do maracujazeiro está diretamente relacionado à polinização e ao índice de pegamento e qualidade dos frutos. Com esta mesma finalidade, pode-se utilizar também atrativos sexuais (feromônios) e alimentares.

As armadilhas são dispositivos que atraem e capturam insetos-praga que possam causar danos às plantas e frutos de maracujá. Já os atrativos sexuais são compostos químicos que mimetizam os feromônios produzidos pelos insetos, assim atraindo os animais para estas armadilhas.

As armadilhas e atrativos sexuais são técnicas alternativas aos defensivos agrícolas para o controle de pragas nas lavouras; são utilizadas em diversas culturas agrícolas e podem ser combinadas com outras práticas.

A favor do maracujá

A captura de insetos-praga com o uso de armadilhas, por exemplo, pode reduzir a competição por recursos entre as pragas e os polinizadores, melhorando a polinização das flores de maracujá.

Além disso, a redução da população de insetos-praga pode diminuir a incidência de doenças nas plantas de maracujá, o que pode resultar em frutos de melhor qualidade. Os atrativos sexuais, por sua vez, podem ser utilizados para atrair os machos das pragas para as armadilhas, reduzindo a população de insetos-praga e, consequentemente, melhorando a qualidade dos frutos.

Estudos apontam que os feromônios sexuais podem reduzir a taxa de acasalamento e manter baixo o nível populacional de algumas pragas ocasionadas de danos ao maracujazeiro.

As armadilhas e atrativos sexuais são técnicas alternativas
Foto: Shutterstock

Atrativos alimentares

Outra alternativa que vem recebendo destaque é a utilização de atrativos alimentares para controle e monitoramento de algumas pragas. Atrativos como açúcares, proteína hidrolisada, sucos de frutas e levedura são utilizados em armadilhas para atração do inseto-praga de interesse.

Ou seja, tanto os atrativos sexuais quanto os alimentares são utilizados em conjunto com as armadilhas. Mas, há também armadilhas que não precisam ser abastecidas com atrativos – são os casos das armadilhas luminosas e as armadilhas adesivas.

As mesmas podem ser de diferentes cores, formas, dimensões e materiais e devem sempre ser adequadas aos tipos de comportamento dos insetos, garantindo sua captura e otimizando seu controle.

Armadilhas luminosas atraem e capturam insetos nas formas aladas e que possuem afinidade pela luz. Estes insetos, ao serem atraídos pela luminosidade, ficam aprisionados na armadilha e morrem posteriormente, contribuindo, assim, para redução de populações dessas pragas até mesmo próximo ao nível de dano econômico, impactando diretamente na redução do uso de defensivos de controle.

Já as armadilhas adesivas são compostas por cartões besuntados por resina e cera que, em contato com o inseto, o prendem e o impedem de assolar a cultura. Estas armadilhas possuem colorações chamativas aos insetos e podem conter feromônios ou atrativos alimentares.

Sua utilização facilita o monitoramento populacional da praga, permitindo a detecção dos focos de infestação e a necessidade de controle. Também podem ser utilizadas após o uso de qualquer outro tipo de controle para verificar a eficiência do método utilizado.

Efetividade

Para que se garanta a efetividade no uso das armadilhas e atrativos há a necessidade de saber as características dos insetos-praga.

Assim sendo, alguns cuidados são necessários, tais como: escolha do atrativo, concentração dos atrativos, época do ano e condições climáticas, posicionamento das armadilhas e conhecimento sobre hábitos alimentares e reprodutivos dos insetos.

Benefícios das armadilhas

A utilização de armadilhas e atrativos para o controle de pragas em lavouras apresenta diversos benefícios, como exemplo podemos citar:

  • Redução do uso de agrotóxicos;
  • Redução da contaminação ambiental;
  • Redução no consumo de água;
  • Preservação de organismos benéficos;
  • Redução de custos com utilização de defensivos;
  • Diminuição do risco de resistência dos insetos aos defensivos agrícolas;
  • Identificação das pragas;
  • Monitoramento contínuo; e
  • Captura seletiva dos insetos-praga (para armadilhas com feromônio).

Viabilidade

Essas técnicas podem ser eficazes no monitoramento e controle de pragas em diferentes culturas, contribuindo para uma produção agrícola mais sustentável e reduzindo o uso de agrotóxicos.

A utilização de feromônio para captura da traça-do-tomateiro, por exemplo, pode auxiliar no monitoramento e controle dessa praga nas lavouras. O feromônio é uma substância química que imita o odor liberado pelas fêmeas da traça-do-tomateiro para atrair os machos.

Consorciado à utilização de armadilhas, é possível atrair os machos da praga, permitindo o monitoramento da população e a avaliação da intensidade do ataque. O feromônio sintético também pode ser utilizado para interromper o acasalamento da traça-do-tomateiro, pois ao liberar uma determinada quantidade de feromônio no ambiente, é possível confundir os machos, dificultando a localização das fêmeas, reduzindo, assim, a população deste inseto.

Esses são apenas alguns exemplos da utilização de armadilhas e atrativos para o controle de pragas em lavouras de maracujazeiros e tomateiros. Como já descrito, a adoção de armadilhas e atrativos sexuais e alimentares podem ser integrados a outras estratégias de manejo e expandido a diversas culturas.

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