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Irrigação: Respostas à florada do maracujazeiro

Paula Almeida Nascimento Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)paula.alna@yahoo.com.br

Leila Aparecida Salles PioDoutora em Fitotecnia e professora– UFLAleilapio.ufla@gmail.com

Maracujá – Foto: Shutterstock

O maracujá é uma frutífera de clima tropical pertencente à família Passifloraceae. O Brasil é o primeiro produtor mundial de maracujá e sua produção está em franca expansão, tanto para a produção de frutas para consumo “in natura” como para a produção de suco.

No maracujazeiro é preciso que existam no mínimo duas plantas bem próximas para haver produção de frutos. Essas plantas devem vir de frutos diferentes para que ocorra fecundação.

Uma consideração importante no cultivo de maracujá é a presença de mamangavas, insetos grandes e pretos, para realizarem a polinização transportando pólen de uma flor à outra entre plantas diferentes. Na ausência das mamangavas é necessário realizar a polinização manual.

A planta possui crescimento vigoroso e várias fases de crescimento simultâneas, assim, é necessário que se faça, a cada mês, a adubação com a mesma proporção de nitrogênio e potássio. Além disso, deve-se irrigar a cultura sempre que os ponteiros se apresentarem murchos.

Irrigação na florada

Na cultura do maracujá, a irrigação permite a floração e a frutificação continuamente, e a necessidade de água é elevada quando o fruto se encontra próximo da maturação. O estresse hídrico durante o desenvolvimento do fruto pode levar a decréscimos no peso e no volume de polpa, à murcha e queda dos frutos.

Desta forma, os maiores consumos de água pelas plantas de maracujazeiro ocorrem nas fases de floração, de frutificação e de produção, entre 90 e 360 dias, com demanda hídrica acima de 10 mm por dia. O maracujazeiro necessita de cerca de 800 a 1.700 mm de chuva por ano, bem distribuídos.

As chuvas mal distribuídas e em excesso durante o florescimento afetam a atividade dos insetos polinizadores e dificultam o grão de pólen, reduzindo a produção. O maracujazeiro resiste bem a uma estiagem curta, mas a seca prolongada retarda seu desenvolvimento e florescimento.

Condições ideais

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O maracujazeiro, planta tropical, desenvolve-se em regiões com altitude entre 100 e 900 m, com temperaturas médias de 25 a 27ºC, comprimento do dia de pelo menos 11 horas de luz e chuvas de 800 a 1.750 mm. Os períodos secos são prejudiciais à produção, comprometendo o pegamento da florada, enquanto que chuvas intensas favorecem a incidência de moléstias, comprometendo a produção.

A falta de umidade no solo determina a queda das folhas e dos frutos do maracujá na fase inicial de desenvolvimento e pode causar enrugamento em frutos verdes e grandes.

A irrigação em cultivos de maracujazeiro permite um ótimo desenvolvimento das plantas mantendo em bom estado hídrico por meio da otimização do uso da água. Em regiões com período de luz solar acima de 11 horas por dia, a irrigação permite a floração e a frutificação continuamente, garantindo a produção de frutos o ano inteiro.

Além disso, há possibilidade de uso da fertirrigação, manejo adequado de fertilizantes, aumentando a produtividade, e melhoria da qualidade dos frutos, proporcionando um retorno econômico satisfatório para o produtor.

Benefícios da atividade

Na maioria das regiões produtoras de maracujá do Brasil, os rendimentos produtivos são muito baixos, devido à falta de tecnologia adequada. A irrigação pode antecipar e aumentar a produção.

O método mais utilizado é por gotejamento, proporcionando, nos períodos de seca, uma quantidade de 10 litros de água por planta/ dia. Já o método de irrigação por aspersão não é recomendado, porque mantém a umidade da parte aérea elevada, favorecendo o aparecimento de doenças, além de prejudicar a polinização.

O método de irrigação mais adequado para o maracujá é o gotejamento, porque a aplicação da água e de nutrientes é próxima do tronco da planta, visando a região de maior concentração das raízes, permitindo melhor controle da umidade, e tem como vantagem não molhar a parte aérea das plantas, diminuindo a ocorrência de doenças.

Nos períodos de baixa precipitação, como na fase de florescimento e pegamento dos frutos, há necessidade de irrigação da cultura. A irrigação é essencial para o desenvolvimento do maracujazeiro, pois promove aumento da produtividade e frutos de boa qualidade.

A falta de umidade no solo ocasiona a queda das folhas e dos frutos, assim crescendo enrugados. A produtividade do maracujazeiro é muito afetada pela radiação solar, temperatura, número de horas de brilho solar e perda da umidade no solo. Além disso, estresse hídrico e deficiências nutricionais, juntamente com dias curtos e baixas temperaturas, dificultam o crescimento e o potencial produtivo do maracujazeiro.

A irrigação adequada permite a floração e a frutificação do maracujazeiro continuamente. O manejo correto da irrigação inclui utilizar técnicas para aumentar a eficiência do uso da água, em destaque por gotejamento, com o fornecimento de água em alta frequência e baixo volume.

Desta forma, a distribuição e a manutenção de níveis ótimos de umidade no solo durante todo o ciclo da cultura reduz as perdas de água por drenagem e os períodos de estresse hídrico da cultura. A irrigação se destaca como alternativa da produção na entressafra, em regiões bem secas, onde a precipitação é insuficiente.

Como implantar a técnica

A irrigação na cultura do maracujazeiro tem sido feita pelos métodos de irrigação localizada, superfície e aspersão. No entanto, o sistema de irrigação mais utilizado na cultura do maracujazeiro é por gotejamento.

Assim, visando o melhor aproveitamento de água pela cultura, o sistema de irrigação por gotejamento proporciona a aplicação de água e nutrientes junto ao sistema radicular da cultura.

Ao dimensionar um sistema de irrigação por gotejamento para maracujazeiro, deve-se considerar a quantidade de gotejadores por planta, que deve ser em função da sua vazão e do tipo de solo. A quantidade pode ser de dois a quatro gotejadores por planta.

Os gotejadores devem ter vazão variando de 2,0 a 4,0 L/h. Os gotejadores devem ser instalados a certa distância entre eles, que permita sobreposição do bulbo úmido. Essa distância deve ser calculada de conformidade com a vazão dos gotejadores e com a textura do solo.

Com relação ao caule da planta, os gotejadores devem ser instalados onde houver maior concentração das raízes.

Produtividade

Quando as irrigações não são feitas em frequências adequadas, os efeitos negativos na produtividade e qualidade são significativos. Nas fases de floração, de frutificação e de crescimento dos frutos, deficiências de água no solo causam problemas de produtividade e qualidade dos frutos e maiores prejuízos econômicos.

Em campo

O maracujazeiro é uma frutífera que responde bem ao uso da irrigação. A prática permite aumento de produtividade, obtenção de produção de forma contínua e uniforme, com frutos de boa qualidade.

O uso do sistema de irrigação por gotejamento resulta em máxima produtividade do maracujazeiro, entretanto, exige conhecimento das propriedades físicas e químicas do solo, da profundidade do sistema radicular, das condições climáticas da região e características da cultura do maracujá.

Direto ao ponto

As limitações que mais interferem na cultura do maracujazeiro são climáticas, sendo responsáveis por grandes variações no ciclo produtivo em diferentes localidades e épocas do ano. O estresse hídrico é sempre prejudicial ao crescimento das plantas de maracujazeiro, restringindo seu potencial produtivo.

Assim, deve-se evitar que as plantas sofram estresse hídrico. Os principais problemas causados às plantas de maracujá são crescimento não satisfatório, retardamento da floração das plantas, redução na emissão de flores e frutos, abortamento de flores, queda de frutos, baixa produtividade das plantas e vulnerabilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças.

A irrigação localizada destaca-se na fruticultura porque utiliza a água com maior eficiência. Sua economia caracteriza-se pela significativa redução das perdas por evaporação e escoamento superficial.

A aplicação da água diretamente sob a copa das plantas reduz as perdas e propicia resultados positivos, com uma eficiência de 90% de uso racional. Outra vantagem é a possibilidade de aplicação de nutrientes via água de irrigação junto ao tronco da planta, região de maior concentração das raízes.

Além disso, a incidência de doenças na parte aérea é menor, pois há uma redução de umidade nas folhas e a irrigação localizada não causa prejuízos à polinização. As desvantagens são o alto custo da implantação do sistema de irrigação e a necessidade de bom sistema de filtragem, mas a irrigação localizada é a melhor opção.

Técnicas que têm dado certo

Os consumidores procuram frutas limpas e sem resíduos de agrotóxicos. Recomenda-se evitar uma produção elevada numa época em que haja grande oferta de frutos e preços baixos, plantio escalonado e realizar as podas controladas em plantios com mais de um ano de idade.

Para o manejo da florada, é preciso conhecimento da fenologia do maracujá desde a abertura da flor até a colheita do fruto maduro. Os defensivos agrícolas só devem ser aplicados cedo, pela manhã. Em áreas acima de 10 de hectares recomenda-se a polinização artificial. O rendimento da polinização artificial é de 50 flores por minuto. Duas a três pessoas polinizam um hectare por tarde. Assim, atinge-se 60 – 80% de rendimento (frutificações).

O maracujazeiro, como uma planta dependente de polinização cruzada, não produz se as flores não forem polinizadas com pólen de outra planta. Desta forma, a técnica é realizada nos períodos de maior floração, utilizando-se dedeiras de flanela e tocando-se de leve e ligeiramente as flores de plantas alternadas.

A porcentagem de frutificação, o tamanho final dos frutos, a quantidade de sementes e o conteúdo de suco são dependentes da eficácia na polinização. Sem excesso de chuvas, a porcentagem de frutificação do maracujá é da ordem de 13 – 15%, mas com a polinização manual em dias claros e ensolarados a frutificação do maracujazeiro pode chegar a 92%.

Custo

Embora a irrigação por gotejamento seja muito eficiente na distribuição da água, o custo dos equipamentos na implementação apresenta a maior dificuldade. Além disso, a manutenção do sistema é um pouco complexa.

A quantidade de peças necessárias para implementar o sistema por gotejamento depende da cultura escolhida e do tamanho da lavoura.  O sistema é composto de mangueiras próprias para gotejamento, gotejadores, conectores para a mangueira e válvulas para controle de pressão.

A irrigação por gotejamento proporciona aumentos significativos na produtividade do maracujá e simultaneamente economiza insumos: água, energia, fertilizantes e mão de obra, consequentemente aumentando os lucros dos agricultores.

Apesar de ser alto o custo inicial, a irrigação por gotejamento é mais eficiente. Deve-se ter um planejamento com relação ao número e a disposição dos gotejadores em torno do caule da planta em motivo de sua vazão e tipo de solo. Os gotejadores podem ser distribuídos em linha, com dois ou três emissores por planta. A distribuição ideal consiste no arranjamento dos gotejadores em torno do caule da planta, permitindo a sobreposição dos bulbos úmidos.

Investimento x retorno

A falta de água no solo afeta a hidratação dos tecidos na planta, com consequentemente surgimento de ramos menores e menor número de nós, resultando em quantidades menores de botões florais, flores abertas e frutos.

O uso da irrigação diariamente garante à planta frutos maiores e com mais sementes.  Assim, a irrigação é importante para a obtenção de maior produção e frutos de melhor qualidade e destaca –se melhor peso e formato fisiológico externo do fruto, o que implica em melhor preço de venda, principalmente para o mercado de frutas in natura.

Os benefícios da irrigação por gotejamento são: aumentos consistentes de qualidade da produção; grande economia de água: sem evaporação, sem escoamento e sem desperdício, irrigação uniforme em qualquer área, topografia e tipo de solo, economia de energia com baixa pressão, uso eficiente de fertilizantes e produtos para proteção de cultivos sem lixiviação, menor dependência do clima, maior estabilidade e menores riscos.

Desta forma, a existência de áreas com topografia plana e solos de textura média, disponibilidade de água em quantidade e qualidade na propriedade, disponibilidade de mão de obra qualificada, existência e perspectiva de expansão de mercado consumidor de frutos in natura, existência de agroindústria para processamento dos frutos e preço final dos frutos no mercado consumidor é muito importante.

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