28.6 C
Uberlândia
sábado, abril 27, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosHortifrútiPragas e doenças - Ameaça ao caquizeiro

Pragas e doenças – Ameaça ao caquizeiro

Autores

Marco Antonio Tecchio
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Agronomia/Horticultura – Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA)/UNESP
marco.a.tecchio@unesp.br
Ronnie Tomaz Pereira
ronnie@educarpv.com
Victória Monteiro da Motta
victoriamonteiro11@gmail.com

O caquizeiro possui diversos problemas fitossanitários relacionados ao seu cultivo e que culminam na redução da produtividade, qualidade da produção e, em alguns casos, a perda do produto comercial. As principais doenças relacionadas à cultura são a cercosporiose (Cercospora Kaki), antracnose (Colletotrichum horii), mofo cinzento (Botrytis cinerea), pestalozia (Pestalotiopsis spp.), a queima-dos-fios (Cerotobasidium sp.) e a galha da coroa (Agrobacterium tumefaciens). A cercosporiose e antracnose consistem nas principais doenças que ocorrem na cultura.

Alerta

A cercosporiose é causada pelo fungo Cercospora caki e pela condição ambiental de elevada umidade relativa e temperaturas amenas, sendo disseminada pelo vento e água. As cultivares mais resistentes são Taubaté e Trakoukaki, enquanto que Rama Forte e Guiombo são moderadamente suscetíveis e Fuyu suscetível.

Recomenda-se como forma de controle o tratamento de inverno, com a aplicação de calda sulfocálcica em proporção 1:9, apresentando eficiência na diminuição das estruturas de resistência do fungo. Além da calda sulfocálcica, recomenda-se a utilização de fungicidas recomendados para a cultura. Os principais ingredientes ativos/produtos utilizados para o controle são: estrobilurina + triazol, ou triazol.

A antracnose também causa sérios danos à cultura. Possui como agente causal espécies do gênero Colletotrichum, desenvolvendo em condições de alta umidade relativa e temperaturas entre 10 e 36°C.

O Estado do Paraná apresentou maior infestação da doença, e em São Paulo a presença do fungo nos pomares já causa sérios danos à cultura. A doença é destrutiva e disseminada por insetos e água, e afeta folhas, ramos e frutos, que em consequência ocorre a desfolha, podridão, queda dos frutos e a perda do produto comercial.

Os frutos afetados apresentam maturação precoce, rachaduras, amolecimento da polpa e queda acentuada. Medidas preventivas são fundamentais para evitar a ocorrência da doença, como o tratamento de inverno com calda sulfocálcica no período de dormência; a eliminação de restos culturais; podar ramos secos, fracos e doentes para melhor arejamento e insolação das árvores; realização da poda verde em dezembro/janeiro; o uso de calda bordalesa durante o desenvolvimento dos frutos; a desinfestação das ferramentas; catação dos frutos com sintomas da doença; implantação do pomar em locais de maior altitude, evitando-se baixadas úmidas, entre outros.

A variedade Giombo é muito suscetível à doença, sendo praticamente extinta no Paraná, enquanto que a Rama Forte e Fuyu são pouco suscetíveis. Atualmente, existem apenas quatro produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo os princípios ativos utilizados para o controle o oxicloreto de cobre e sulfato de cobre.

Custo

O manejo fitossanitário no controle de doenças, segundo produtores Cooperativa NSV, de Jundiaí, representa cerca de 15% do custo total de produção, em que o número de pulverizações varia de 15 a 35, dependendo do produtor. O volume de calda utilizado é de 800 L/ha, considerando o espaçamento 7 x 6 m, o que equivale a 3,36 L/planta.

As pragas

Entre as pragas estão a lagarta-dos-frutos (Hypocala andremona), tripes (Heliothrips haemorrhoidalis), cochonilhas (Pseudococcus spp.), ácaro rajado (Tetranychus urticae) e a mosca-das-frutas (Anastrepha spp e Ceratitis capitata).

A lagarta-dos-frutos (Hypocala andremona) é uma praga que causa danos significativos no caqui, depreciando a qualidade e valor comercial. Os principais danos são perfurações, desfolhamento e o secamento, causado pelo hábito de broquear nervuras, em seguida depredam todo o limbo foliar, com exceção da nervura principal.

Os frutos são atacados, ocorrendo a raspadura da casca, e ao longo do desenvolvimento forma-se uma cicatriz anelar. O tripes (Heliothrips haemorrhoidalis) é uma praga de tamanho muito pequeno, e por essa razão consegue se abrigar facilmente no cálice dos frutos.

Os danos ocorrem nas folhas e frutos, em que as folhas atacadas caem prematuramente e a casca dos frutos fica ressecada, podendo ocorrer o rompimento, causando podridão da fruta e ainda atrair outros insetos. O controle do tripes deve ser realizado durante o florescimento e início da frutificação.

Cochonilhas

As cochonilhas (Pseudococcus spp.) sugam os frutos para se alimentarem e em consequência ocorre a formação de uma mancha escura, depreciando o fruto. A mosca-das-frutas é considerada uma praga secundária para a cultura do caqui e quando a colheita é feita no ponto certo dificilmente ocorrerá um ataque da praga. Os frutos atacados são, normalmente, maduros e já não apresentam valor comercial.

Há pouca disponibilidade de produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de pragas da cultura do caquizeiro, tendo o neonicotinoide + éter difenílico (Eleitto) para mosca-das-frutas e o cetoenol (Oberon) para o ácaro rajado. Assim, utilizam-se técnicas alternativas para o controle.

Alternativas

O ensacamento dos frutos, prática comumente utilizada na produção orgânica, é uma alternativa no manejo de pragas, principalmente da mosca-das-frutas. A técnica proporciona ainda uma manutenção da qualidade dos frutos.

Experimentos recentes demonstraram que o ensacamento de caquis com embalagem de polipropileno perfurado é uma boa alternativa ao controle químico de pragas. Mais recentemente está o uso do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o qual consiste em um sistema de manejo de pragas que associa o ambiente e a população da espécie, fazendo uso de técnicas apropriadas.

O MIP baseia-se na exploração do controle natural, níveis de tolerância das plantas aos danos causados, no monitoramento das população e na biologia da praga e da planta. O monitoramento da densidade populacional da praga-alvo é uma das formas de iniciar o MIP, com o uso de amostragens e armadilhas capazes de detectar a população de insetos.

ARTIGOS RELACIONADOS

Aminoácidos – Solução para proteção de espécies florestais

Os aminoácidos são moléculas de características estruturais em comum, constituídos de um carbono central, geralmente assimétrico, ligado a um grupamento carboxila (COOH), um grupamento amino (NH2) e um átomo de hidrogênio.

Como monitorar e controlar a broca-do-café com eficiência

Anísio José Diniz Pesquisador - Transferência de Tecnologia da Embrapa Café anisio.diniz@embrapa.br   A broca do café (Hypothenemus hampei) é um pequeno besouro (coleóptero) de cor escura brilhante....

Qual a importância de escolher bem as mudas e porta-enxertos?

AutoresDiego Munhoz Gomes Graduando em Engenharia Florestal - UNESP/FCA diegomgomes77@gmail.com Roque de Carvalho Dias roquediasagro@gmail.com Leandro Bianchi leandro_bianchii@hotmail.com Samara Moreira Perissato samaraperissato@gmail.com Vitor...

Dimicron recebe o Prêmio Vencedores do Agronegócio

Programa Construindo Plantas é reconhecido em premiação da Federasul O Programa Construindo Plantas é vencedor na categoria Destaque Especial da Indústria de Insumos na 3ª...

2 COMENTÁRIOS

Deixe um comentário para Miriam Lins Cancelar resposta

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!