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Produção de cogumelos em fazendas verticais

A produção de cogumelos em fazendas verticais está revolucionando a agricultura urbana.

Daniela Aparecida Teixeira
Doutora em Horticultura – FCA-UNESP/Botucatu
daniela.teixeira@hotmail.com

A questão produtiva com viés altamente sustentável se alinha com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), pois o objetivo 11 fala exatamente sobre sociedades que sejam mais sustentáveis, enquanto a ODS número 12 dispõe sobre padrões de produção e consumo mais sustentáveis, sem desperdício de alimentos e de recursos naturais.

Crédito: Ana Maria Diniz

Para os sócios da Migthy Greens, que antes trabalhavam apenas com microverdes, a produção de cogumelos nesses moldes é uma excelente oportunidade. Eles identificaram, por levantamento de mercado, que os cogumelos advindos de outros estados chegavam ao Rio de Janeiro com baixa qualidade.

Nas fazendas verticais, o produto já está apto para ser comercializado em apenas três dias, devido ao substrato próprio para a cultura que já chega pronto na área de cultivo.

Fazendas verticais de cogumelos

As fazendas verticais são unidades produtivas em centros urbanos (agricultura urbana) que demandam de pequenos espaços, tendo em vista que os processos empregados visam alta produtividade, menor tempo e qualidade.

Para isso, são utilizadas tecnologias que controlam todas as condições desse ambiente. Um sistema de inteligência artificial realiza o monitoramento produtivo de toda a safra. Para as hortaliças, de forma geral, a iluminação é artificial e realizada por luzes de LED.

Na cultura do cogumelo, essa questão não se aplica, pois são organismos que preferem ambientes escuros. A temperatura, umidade e níveis de gás carbônico são controlados de maneira semelhante às outras fazendas verticais de hortaliças.

Controle de temperatura

Todas as atividades, nas fazendas verticais, são automatizadas. A empresa Migthy Greens, que hoje concentra sua produção no shiitake em uma sala de 50 m2 com luz de LED rosa, faz o controle da temperatura baseado em estudos sobre as condições climáticas do continente asiático, de onde é originado o tipo de cogumelo produzido.

Por meio desses estudos, os equipamentos responsáveis por temperatura, umidade, etc., são programados para reproduzir exatamente as condições ideais para o desenvolvimento dos micélios. 

Benefícios da luz artificial

A luz artificial vem para substituir a luz solar. A luz utilizada é de cor rosa, uma mistura de azul e vermelha, que será absorvida pelas plantas. Com o controle da luz pode-se produzir sem impedimento da sazonalidade, pois, dependendo da época do ano, os níveis de radiação são menores devido ao período de outono/ inverno.

Nesses empreendimentos, a iluminação é utilizada nos períodos noturnos, o que resulta em aumento de produção. O processo fica totalmente independente de condições de climáticas.

Fornecimento de água

O consumo de água nas fazendas verticais é 70% menor, quando comparado a um cultivo convencional. Toda água utilizada nesses espaços, que se localizam na área urbana, é fornecida pelo município, como premissa básica de responsabilidade onde a estrutura está instalada.

Essa água, quando chega às fazendas, ainda passa por um novo tratamento interno para remoção total de qualquer tipo de contaminantes. O ambiente precisa estar sempre úmido e, em alguns casos, pode-se utilizar nebulizadores, quando o sistema se assemelha a estufas.

Em outros casos, a água utilizada é reaproveitada dos sistemas de refrigeração e, pós armazenamento e filtragem, é destinada à produção.

Controle fitossanitário

Não são utilizados agrotóxicos, pois as fazendas verticais utilizam sistemas fechados e altamente controlados, impedindo assim a entrada de insetos e microrganismos. Por contarem com processos rigorosos de biossegurança e todo tipo de controle do ambiente, esses locais são isentos de qualquer espécie que venha a trazer algum problema para a cultura.

Como há contaminantes, o produto, após colhido, já vai direto para a etapa de embalagem para posterior comercialização.

Desafios na produção vertical

Um desafio apontado nas fazendas verticais é o mercado, pois são estruturas que necessitam de investimento inicial alto, e consequentemente, de um bom retorno para ser compensatório.

Os produtores se mostram otimistas, pois a proximidade aos centros e a alta qualidade do produto se mostram promissores, principalmente para o comércio com restaurantes e supermercados que trabalham com produtos de alta qualidade, voltados para públicos com maior poder aquisitivo.

Outro desafio é o alto consumo de energia que esses modelos demandam, pois todo processo é automatizado, além de a energia artificial ter alto consumo mensal. A mão de obra, de forma geral, é um problema para a produção de alimentos, mas nesse caso, precisa de pessoal altamente capacitado para a execução da atividade.

Importância econômica

O estado de São Paulo é o maior produtor de cogumelos do país. São 500 fungicultores, com produção de 12 toneladas ao ano. No Brasil, seguindo o cultivo convencional, os cogumelos mais produzidos são os mais consumidos.

Sendo assim, destacam-se o champignon de paris (Agaricus bisporus), o shimeji (Pleurotus spp.) e o shiitake (Lentinula edodes), que são os três, respectivamente, que estão no pódio.

Nas fazendas verticais há possibilidade de produzir qualquer um desses, pois cada sala pode ser controlada para a especificidade de cada espécie. São empreendimentos recentes que estão se dedicando à fungicultura nesses moldes no Brasil, pelo capital inicial, que é alto.

Uma das características de viabilidade desse negócio é o baixo custo com transporte e logística, ficando próximos a seus centros de comercialização, o que, de forma direta, influencia no tipo de cogumelo a ser produzido.

Dicas importantes

Seguindo a linha de maior preferência por consumidores locais e um bom retorno financeiro, essa pode ser a tomada de decisão para iniciar a produção, ou então aumentá-la. Tomando como exemplo novamente a Migthy Greens, sua produção de shiitake mensal chega a 6,0 toneladas em 100 m2.

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