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Produção de mudas: bandejas de isopor ou plásticas?

É uma difícil decisão já que existem várias opções mas Rayla Nemis e Rafael Rosa falam um pouco sobre as melhores escolhas.

Rayla Nemis de Souza
nemisrayla@gmail.com
Rafael Rosa Rocha
rafaelrochaagro@outlook.com
Engenheiros agrônomos e mestres em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)

Existem várias opções de tamanhos e tipos de bandejas para serem utilizadas na produção das mudas de olerícolas. Entretanto, há uma certa preferência pelo uso de bandejas com células menores, em que a maioria apresenta dimensões de 68 cm x 34 cm e a quantidade de células (128, 242, 284, 288, etc.) é definida conforme o tipo de muda a ser formada.

Quanto menor o volume das células, maior será o número de mudas e menor necessidade de substrato, com consequente menor custo de produção.

Opções

Historicamente, no início da década de 1980 as bandejas de isopor (poliestireno expandido) eram as únicas disponíveis no mercado. Com o passar do tempo, o trânsito de bandejas entre uma propriedade e outra trouxe problemas do tipo fitossanitário.

No isopor são criadas fissuras com as sucessivas reutilizações, e a consequência disso é que a eficiência de limpeza e desinfecção das bandejas diminui, pois nestas frestas acumulam-se restos de substratos e mesmo partes de raízes (as raízes das mudas buscam espaço para crescimento nestas frestas quando as bandejas já estão bem desgastadas).

Existem, hoje, bandejas de diversos materiais, como plástico (polietileno) rígido, plástico (polietileno) flexível e outros, inclusive biodegradáveis, como fibras vegetais. Como regra geral, todos eles devem conter orifícios de dreno de água, sendo furos no fundo de cada célula para evitar o encharcamento do substrato, o que comprometeria a produção desde o início, já na germinação das sementes.

Reuso

As bandejas de células de plástico flexível tendem a dominar o mercado
Crédito: Péricles Carvalho

Bandejas de isopor e de plástico sempre são reutilizadas. No caso de plásticos, existem hoje materiais que são descartáveis, porém não são tão viáveis. No caso das reutilizáveis, torna-se necessária sua higienização no reuso, para evitar problemas de contaminação que possam prejudicar o desenvolvimento das mudas, principalmente no caso das bandejas que estão em fluxo de entrada e saída em mais de uma propriedade, isso independente de qual material é usado na confecção das bandejas.

O mais recomendável, e geralmente o que se vê em viveiros comerciais, é a realização de uma pré-lavagem (limpeza) das bandejas com jato de água para eliminação da “sujeira” mais grossa, seguida de uma desinfecção com produtos à base de cloro, como o hipoclorito de sódio, em concentrações que podem variar de 5,0 a 10% para eliminar os microrganismos patogênicos.

Essa etapa é realizada em tanques ou caixas d’água, onde as bandejas são imersas por alguns minutos. Com relação às bandejas descartáveis, a destinação correta merece atenção especial por parte dos produtores, pois é fundamental a conscientização sobre problemas ambientais que surgem por descuido ou negligência.

Critérios importantes

Vale lembrar que, antes também da escolha de qual material utilizar nas bandejas, é necessário conhecimento e escolha em relação às exigências de cada hortaliça. O volume apropriado das células da bandeja pode também direcionar a decisão sobre qual modelo utilizar.

Por exemplo, pesquisas mostram que a produção de mudas de hortaliças folhosas pode ser realizada em bandejas com células de menor volume. Já para as solanáceas, como o tomate e o pimentão, recomenda-se o uso de células maiores.

Outros fatores podem estar relacionados com essa escolha, como o sistema de produção adotado, a qualidade do substrato e subsequentes complementos de nutrição das mudas (adubações de cobertura), variando desde um substrato de boa fertilidade (volumes de células maiores) a um substrato nutricionalmente mais pobre, sem que sua qualidade nutricional será compensada no decorrer da produção (volumes de células menores).

A utilização de recipientes, dentre a enorme variedade disponível no mercado, que permite a individualização, a produção em quantidade e qualidade satisfatórias e a praticidade, como a bandeja de células, facilita a produção de mudas de hortaliças por parte do produtor, por trazer vantagens significativas que tornam a atividade tecnicamente viável.

Tendência

Atualmente, a atividade tem atraído muitos produtores, que se profissionalizam nesta atividade e passam a fornecer mudas de alto padrão para produtores de hortaliças. Assim, o sistema de produção pautado na utilização de bandejas de células aparece como uma opção de diversificação e geração de renda.

No momento de retirada das mudas das bandejas de células de isopor, por ocasião do transplantio, muitas radículas se quebram e ficam presas nas células da bandeja, podendo atuar como fonte de inóculos de patógenos.

Nos últimos anos, as bandejas de plástico rígido começaram a entrar forte no mercado, com a grande vantagem de serem mais facilmente limpas e desinfestadas, apesar de mais pesadas.

Atualmente, as bandejas de células de plástico flexível tendem a dominar o mercado, pelo menos como preferência entre os médios e grandes produtores. A escolha correta da bandeja é de extrema importância, levando-se em conta as dimensões do ambiente de produção do viveiro, ou seja, o dimensionamento da área de produção.

Assim, a base para esse cálculo acaba sendo a quantidade de mudas e, mais especificamente, as dimensões do modelo de bandeja a ser adotado.

Pesquisas

Trabalhos com a alface relatam que o uso das bandejas do tipo isopor e descartável contribuem igualmente para o crescimento da parte aérea das mudas de alface. Trani et al. (2004) observaram que nas bandejas do tipo descartável com 200 células, em função do maior volume de substrato, as plantas apresentaram área foliar maior que nas de 288 células.

Ainda Trani et al. (2004), verificaram que em ambos os tipos de bandejas descartáveis (200 e 288 células) houve a mesma estabilidade da raiz aos 15 e aos 20 dias. Porém, aos 25 dias houve diferença significativa para o crescimento da raiz, comparando-se a bandeja do tipo isopor (200 e 288 células) e a bandeja do tipo descartável com 200 células.

Já Farinacio et al. (2010) relatou que o tipo de substrato utilizado e a bandeja exercem grande influência no desenvolvimento da cultura da alface, tanto na produção de mudas como no seu rendimento final e verificou, do ponto de vista das qualidades das mudas, que a bandeja com 200 células apresentou um desenvolvimento intermediário e a de 288 células apresentou um menor desenvolvimento.

Desta maneira, a escolha das bandejas está muito mais relacionada à realidade do produtor e aos objetivos, pois ambas refletem no bom desenvolvimento de mudas.

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