28.3 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasProdução florestal e controle de formigas cortadeiras

Produção florestal e controle de formigas cortadeiras

 

 

Marco Antonio Galli

Engenheiro agrônomo fitopatologista, doutor e professor/pesquisador da UniPinhal

marcogalli@unipinhal.edu.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

As saúvas cortadeiras foram relatadas nas Américas desde que os portugueses aqui chegaram, e estima-se que elas estejam na terra a mais de 100 milhões de anos. Os danos causados por estes insetos às florestas plantadas têm sido crescentes, com prejuízos à produção e acarretando aumento dos custos de implantação e manutenção de reflorestamentos.

Pesquisas têm mostrado que a retirada da vegetação nativa e a substituição por monoculturas têm provocado desequilíbrios, reduzindo os inimigos naturais das saúvas e provocando a degradação do ambiente, com reflexos na migração de pragas, que antes se “refugiavam“ nas matas, para lavouras agrícolas e florestais.

Torna-se necessário e urgente, portanto, compreender melhor as relações entre estes insetos e as plantas cultivadas, integrando práticas de manejo cultural, controle químico e biológico; como ferramentas eficientes e ecologicamente corretas para controlar essas pragas e minimizar seus danos.

As cortadeiras

As formigas cortadeiras de folhas mais importantes são insetos pertencentes à Ordem Hymenoptera, Família Formicidae, sendo dois os principais gêneros: Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns), bastante comuns em muitas espécies de plantas cultivadas, incluindo as florestas plantadas.

Um único formigueiro pode conter até seismilhões de formigas.Caracterizam-se por uma organização social em castas e a divisão de trabalhos, uma engenharia subterrânea em compartimentos (panelas) e uma rede de canais que se comunicam, podem a tingir até oito metros de profundidade por 20 metros de circunferência, causando danos em uma diversidade de plantas, incluindo pastagens, culturas anuais, frutíferas e espécies florestais.

Danos causados por formigas em plantio de pinus - Crédito Nilton Sousa
Danos causados por formigas em plantio de pinus – Crédito Nilton Sousa

Incidência

Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos com espécies de eucalipto, e atacam a maioria das espécies florestais em monocultivos, sendo sua incidência menor quando trabalhamos com alta diversidade de espécies de plantas.

Na floresta nativa, formigas ocorrem naturalmente e causam poucos danos devido à diversidade de espécies florestais e também pelo controle biológico natural (predadores e competidores). Porém, com menos florestas nativas e mais monocultivos a tendência é o desequilíbrio e o aumento do dano causado pela praga.

Estes insetos podem causar enormes prejuízos às florestas plantadas, sendo mais frequente em áreas que antes eram de pastagens. As formigas atacam logo após o plantio, cortando folhas e ramos e levando-os para o interior do formigueiro.

Os primeiros 12 meses após o plantio são a fase mais crítica, quando seu ataque pode “matar“ a muda plantada, ou atrasar seu crescimento e prejudicar a forma do fuste.Diferentemente do que muitas pessoas pensam, as formigas não se alimentam das folhas, mas utilizam as folhas para cultivar um fungo, e se alimentam dele.

Perdas de produtividade

O desfolhamento causado pelas formigas reduz significativamente a produção de madeira, provocando a redução do crescimento das árvores e também deixando as árvores mais vulneráveis ao ataque de outras pragas.

Resultados de experimentos têm demonstrado perdas acima de 40% na produção de madeira (volume) para Eucalyptussaligna, e perdas acima de 30% para pinus e outras espécies reflorestadas em monocultivos.

Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos
Saúvas e quenquéns são as principais pragas dos reflorestamentos

Sintomas do ataque de formigas

Os sintomas em mudas recém-plantadas são o corte dos brotos (ponteiros) e o secamento da muda. Com um único ataque, as mudas podem rebrotar, mas com dois ou mais ataques sucessivos a muda vai perdendo vigor e acaba morrendo, ou tem sua forma e crescimento comprometidos.

Em árvores em crescimento, o corte de folhas é generalizado, sendo que muitas vezes elas cortam mais do que conseguem carregar, e podemos observar no dia seguinte várias folhas caídas sob a projeção da copa. De hábitos noturnos, elas começam a cortar as folhas ao pôr do sol e são capazes de desfolhar uma árvore inteira em uma única noite. Raramente trabalham sob a luz do dia.

 

O controle

 

Os ataques ocorrem geralmente nos primeiros meses de idade, por isso se recomenda o controle antes mesmo de realizar o preparo do solo, e depois de plantado fazer inspeções frequentes para que não ocorra um novo ataque.

O controle de formigas cortadeiras é fundamental em reflorestamentos, uma vez que as mesmas constituem fator limitante ao seu desenvolvimento, causando tanto perdas diretas, como a morte de mudas e a redução do crescimento de árvores; quanto indiretas, como a diminuição da resistência das árvores a outros insetos e agentes patogênicos.

Segundo os pesquisadores a seguir, o combate às formigas cortadeiras representa 75% dos custos de produção e do tempo gasto no controle de outras pragas (VILELA, 1986). O controle de formigas representa 30% dos gastos com a floresta até o terceiro ciclo, o que segundo, REZENDE et al. (1983), correspondem a aproximadamente 8% do preço da madeira em pé.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro/novembro  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Qual o espaçamento ideal entre os tubos de hidroponia?

AutoresLuana Keslley Nascimento Casais luana.casais@gmail.com Rhaiana Oliveira de Aviz rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com Tayna Amaro de Carvalho taynacarvalho12@hotmail.com Graduandas em Agronomia - Universidade Federal Rural da Amazônia...

Mercado de defensivo biológico cresce 20% ao ano

Pedro Faria Jr. Presidente da ABCBio   O controle biológico não deixa resíduos nos alimentos e os produtos com ativos microbiológicos são de baixa toxicidade ao aplicador...

5 orientações para o manejo integrado de nematoides

Cana-de-açúcar, café, soja, algodão, laranja, milho, batata e hortaliças são algumas das grandes culturas que podem ser atacadas pelos nematoides. São atingidos o sistema...

Adjuvantes otimizam eficiência da pulverização aérea

  Manoel Ibrain Lobo Jr Engenheiro Agrônomo, consultor em tecnologia de aplicação de agroquímicos lobo@pulverizador.com.br Os redutores de deriva são produtos adjuvantes de calda utilizados nas aplicações de...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!