Autores
Bruno Nicchio
Doutor em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas e professor de Pós-Graduação da FUCAMP – Monte Carmelo (MG)
bruno_nicchio@hotmail.com
Marlon Anderson Marcondes Vieira
Mestrando em Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Na busca por um solo ideal, um dos problemas enfrentados na maioria das propriedades rurais do País é a acidez causada pelo alumínio tóxico e hidrogênio. O manejo utilizado para resolver esta situação é a correção do solo com a utilização de calcário, porém, a faixa de ação deste manejo corretivo é muito pequena (0-20 cm de profundidade), o que faz com que as partes mais profundas do solo apresentem problemas de toxidez de alumínio, ferro e manganês.
O uso de gesso agrícola vem como uma estratégia visando melhorar as condições do solo em profundidade, fazendo com que este produto tenha ação condicionadora no perfil, já que este produto é cerca de 150 vezes mais solúvel que o calcário.
Além da presença de cálcio em sua composição, o gesso agrícola contém enxofre, importante nutriente para as plantas, pois o cálcio repele o alumínio e o sulfato o neutraliza, promovendo condicionamento do solo em profundidade, sem alterar o pH.
Promove a descompactação do solo pelo seu efeito intenso na floculação das argilas, aumentando a aeração, a taxa de infiltração de água no solo e o maior crescimento radicular em profundidade, o que aumenta e melhora a qualidade das culturas, tornando-as mais resistentes a veranicos ou estiagens.
Por isso, diversas empresas vêm buscando este mercado por meio da produção de fertilizante mineral à base de cálcio e enxofre, concentrados na forma granulada. Este produto pode apresentar grandes ganhos para o produtor em termos de redução de custo e quantidade de aplicação, já que na forma granulada ele pode ser aplicado na mesma operação que os demais fertilizantes convencionais, o que pode trazer melhor custo/benefício para o produtor.
Experimentos
A forma granulada desta fonte de enxofre e cálcio (sulfato de cálcio – CaSO4) pode facilitar o manejo de aplicação em comparação com o gesso agrícola tradicional, seja em área total/lanço ou linha, o que pode trazer menor custo de mão de obra e transporte.
Para aplicação localizada, a dose pode ser em função da necessidade de enxofre para a cultura e em área total em função da recomendação para aplicação de gesso.
Ao avaliar a eficiência de sulfato de cálcio (15% de S; 21% de Ca; e, 1% de P) granulado (entre 2,0 e 4,0 mm) na cultura da soja em uma estação de pesquisa na cidade de Passo Fundo (RS), o engenheiro agrônomo Luiz Gustavo Floss observou incrementos de até 567 kg ha-1 no rendimento de grãos de soja em comparação com a testemunha e 320 kg ha-1 em comparação com tratamento de enxofre elementar.
Em outro experimento com os mesmos tratamentos e doses de aplicação, mas em trigo, o autor observou incrementos de até 531 kg ha-1, mas concluiu que a dose de 100 kg ha-1 do produto foi a melhor recomendada para cultura.
Ao avaliar a aplicação do mesmo produto em áreas com milho e soja, os autores Clovis Albino Perin e Evandro Cezar Nogara verificaram que aplicação de sulfato de cálcio granulado nas doses de 300 e 400 kg ha-1 proporcionou incrementos de 580 e 600 kg ha-1 de grãos de soja.
Nas áreas de milho, todas as doses avaliadas (300, 400, 600, 800 e 900 kg ha-1) apresentaram incrementos significativos em comparação com a testemunha, acima de 1.591 kg ha-1 de produtividade. De acordo com os autores, a dose de 400 kg ha-1 apresentou maior viabilidade técnica e econômica, sendo recomendadas para ambas as culturas.