19.6 C
Uberlândia
sábado, julho 27, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosProtetores solares: protege e aumenta produtividade do tomate

Protetores solares: protege e aumenta produtividade do tomate

Crédito: Luize Hess

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br

O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma espécie cultivada no mundo inteiro, tendo alto valor econômico, social e nutricional, sendo os seus frutos considerados um alimento funcional: são ricos em princípios nutricionais e farmacológicos, sendo utilizados na culinária, em diversas formas de preparo.

Contém teores apreciáveis de vitaminas A e B, entre as quais o ácido fólico, minerais importantes, como o cálcio, e licopeno, que medicinalmente é importante por fortalecer a imunidade e combater o câncer de próstata. Emprega expressiva mão de obra na produção e no processamento industrial de seus produtos.

Importância econômica

O Brasil é um dos 10 maiores produtores de tomate do mundo, estando Goiás à frente nacionalmente (23,6% do total), com o predomínio do cultivo de tomate rasteiro para indústria produzido sobre a palha de milho ou soja. São Paulo ocupa a segunda posição (21,3%) e Minas Gerais a terceira, ambos com produção basicamente de tomate de mesa.

Cultivo

A espécie, devido a sua origem, desenvolve-se bem em climas amenos: para germinação a temperatura ótima a faixa deve estar de 15 a 25°C. Já para o seu desenvolvimento e produção dos frutos, o ideal é 21°C, entretanto, tolera uma faixa de 10 a 34°C.

A espécie é capaz de se desenvolver e produzir em alta temperaturas, quando em presença de alta umidade do ambiente, porém, nessa condição há perda na produtividade, aumento na proporção de frutos pequenos e prejuízo na coloração, devido à diminuição da síntese de licopeno, responsável pela cor vermelha do fruto e aumento da produção de caroteno, pigmento alaranjado.

Também podem ocorrer distúrbios fisiológicos, como a queimadura (escaldadura) dos frutos, causada pelo aquecimento do fruto pelo sol, e ainda estresse da planta e frutos ocados.

Água e luz

Trata-se de cultura exigente em água. Tanto a falta como o excesso causam distúrbios que resultam em queda de produção. As plantas murcham, ficam amareladas, o crescimento e a produtividade caem.

A luminosidade é outro fator importante. A cultura é bastante exigente neste quesito. Quando há baixa oferta de luz, notam-se prejuízos na formação de pigmentos nos frutos. O excesso de luminosidade, principalmente em presença de altas temperaturas, pode ocasionar danos, propiciados pelo aumento de fotorrespiração – que diminui a taxa fotossintética líquida e causa menor geração de energia para o desenvolvimento e produção – e evapotranspiração acelerada.

Os danos, então, são visíveis, com queda de formação de frutos e amarelecimento dos mesmos, e até queimaduras solares.

O tomateiro, então, é exigente em clima: temperatura, umidade e luminosidade adequadas, ao lado da nutrição, que são fundamentais para que tal cultivo expresse o seu potencial genético.

Proteção solar

As mudanças climáticas, a irregular distribuição pluviométrica e o aumento das temperaturas médias no planeta são fatores de preocupação para a produção agrícola. As altas temperaturas e a alta luminosidade podem causar queimaduras em folhas e frutos, além de sérios distúrbios fisiológicos nas plantas, como diminuição da fotossíntese, degradação de enzimas e diminuição da estabilidade de membranas celulares.

Crédito: Rone Oliveira

Todos esses fatores impactam no crescimento das plantas e desenvolvimento de flores e frutos e levam à queda de produtividade de qualquer lavoura. Para minimizar tais efeitos negativos, surgiram no mercado produtos denominados de protetores solares.

Um protetor solar para plantas e frutos busca proporcionar conforto térmico para o vegetal, evitando o estresse nas plantas causado por altas temperaturas, reduzindo a temperatura foliar. Usado em pulverização, cria uma película de partículas finas e atua como uma barreira física contra o excesso de radiação, protegendo as folhas e frutos, não tendo fitotoxicidade para os vegetais.

Objetivo

O objetivo principal da aplicação dos protetores solares sobre o vegetal é criar uma película branca ou de coloração clara, a qual é capaz de refletir uma quantidade maior de radiação solar incidente, reduzindo assim os danos pelo acúmulo de temperatura na folha, devido à elevada incidência de radiação solar.

De forma genérica, os protetores solares para plantas são à base de carbonato de cálcio ou caolin (silicato de cálcio).

A literatura esclarece que tais produtos promovem redução da evapotranspiração das folhas, mantendo a turgidez e o metabolismo delas, otimizam a utilização da água e dos nutrientes disponíveis às plantas, protegendo-as e aos frutos, contra os danos causados pela escaldadura.

Ainda mencionam que tais insumos, por auxiliarem a fotossíntese e as atividades metabólicas dos vegetais, têm propiciado benefícios à produção e efeito de repelência da presença de algumas pragas.

Para o tomate

E a relação protetor de plantas e tomateiro? Como exposto, o tomateiro é exigente em água e prefere clima ameno. Altas temperaturas prejudicam a qualidade e tamanho dos frutos. Trata-se, então, de cultura que tem potencial de boas respostas ao emprego de protetor solar.

Observações de campo têm demonstrado os benefícios da inclusão do protetor solar na lavoura de tomate, protegendo a cultura contra os efeitos nocivos causados pelo excesso de radiação solar e altas temperaturas.

Em estudo realizado com tomateiro, a inclusão de protetor solar aplicado em diferentes fases do ciclo, no estágio vegetativo, no início da frutificação e durante a frutificação plena, proporcionou redução da temperatura foliar, aumentos de 4% de produtividade, melhoria de coloração dos frutos (frutos mais avermelhados devido à formação em maior quantidade de licopeno) e redução de infestação de mosca-branca e tripes (9,0 e 16%, respectivamente), causado pelo efeito repelência.

Então, o uso do protetor solar proporcionou maior produtividade e frutos de melhor qualidade. Ainda, a diminuição de temperatura foliar atesta o melhor aproveitamento da água, causada pelo decréscimo da evapotranspiração causada pela introdução do produto.

Assim, pode-se considerar que a inclusão do protetor solar nos plantios de tomateiro pode resultar em benefícios à produtividade e qualidade dos frutos, devido à redução dos dados causados pela radiação solar e pelas altas temperaturas.

Os frutos são mais avermelhados: a redução da temperatura promove formação de licopenos, que é um pigmento vermelho.

Opções

Existem algumas opções no mercado, entre as quais, produtos com nanopartículas (partículas entre 1,0 e 100 nanômetros) de carbonato de cálcio, apresentação na forma de gel com suspensão homogênea. Pode ser aplicado com pulverizadores manuais, mecanizado e aéreo.

Outra opção se apresenta em pó molhável e formulado com silicato de cálcio. A recomendação da empresa para a cultura é aplicar 2,5 – 5,0 kg 100 L, com turbinas atomizadoras ou com pulverizadores com pressão, em intervalos de sete a 21 dias. Não há necessidade de intervalo de segurança.

Mais um produto para este mesmo fim, essa opção sugere quatro aplicações durante o ciclo (iniciando-se aos 30 dias pós-transplantio e as demais no penúltimo estágio vegetativo, no início da frutificação e na frutificação plena).

A aplicação deve ser isolada e nunca com outros insumos e não há restrição em relação aos equipamentos ou técnica de aplicação.

Por fim, com ativo de silicato de cálcio e potássio, um outro produto garante excelente solubilidade e pode ser aplicado com qualquer equipamento. Recomenda-se aplicar sobre as mudas antes do plantio a 5% v/v. Plantas em produção: empregar 5,0 L por hectare aos 30 dias após o transplante das mudas e 10 L por hectare aos 90 dias após o plantio. Não há restrições quanto ao tipo de equipamento.

Observe que as doses a recomendar dependem do produto escolhido. Os cuidados para aplicação seguem as básicas: aplicar nas horas de temperaturas amenas, com pouco vento e, ainda, usar os equipamentos de segurança.

Viabilidade

Com certeza os protetores solares são insumos interessantes, e não apenas para o tomateiro. Garantem proteção contra efeitos nocivos de radiação solar, de altas temperaturas, melhoram a atividade fotossintética e otimizam o aproveitamento da água e dos nutrientes. Então, se apresentam com bom custo-benefício.

ARTIGOS RELACIONADOS

Algas podem melhorar a eficiência dos fungicidas

Luís Antônio Siqueira de Azevedo Professor de Fitopatologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e diretor técnico da LASA Suporte em Proteção de...

A enxertia proporciona mais sanidade no cultivo de hortaliças?

AutoresHerika Paula Pessoa Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) herikapaulapessoa@gmail.com Louise Pinto Guisolfi Engenheira agrônoma e mestranda...

Soluções IHARA para as culturas de soja e milho estão na Tecnoshow Comigo

  Durante evento, que acontece de 09 a 13 de abril em Rio Verde (GO), empresa apresenta os fungicidas FUSÃO e APPROVE e os inseticidas...

Algas calcárias – Solução para correção do solo

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!