Independente da cultura agrícola, plantar na época mais indicada é sempre o melhor a ser feito no campo. Para gerar esse tipo de informação, um dos trabalhos de pesquisa agropecuária mais relevantes é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Desenvolvido em parceria pela Embrapa e por outras instituições, orienta o produtor considerando variáveis de solo e de clima, por exemplo.
No Tocantins, recentemente foi atualizado o zoneamento para a cultura do maracujá, recomendada para 112 dos 139 municípios. O período ideal envolve os meses de outubro e novembro, quando normalmente começam as chuvas no estado. Mas cada tipo de solo, cada condição de clima requer determinada época de plantio. A pesquisa trabalha com decêndios (períodos de 10 dias; portanto, um mês tem três decêndios, compreendidos nos intervalos de dias 01 a 10, 11 a 20 e 21 até o final do mês).
Para ilustrar as recomendações, são gerados mapas a partir do cruzamento dos diversos dados. Dois conceitos importantes envolvem a frequência de sucesso e o risco de insucesso. A pesquisa trabalha com frequências de sucesso de 80% (com o respectivo risco de 20% de perda de rendimento), 70% de sucesso (com 30% de risco) e 60% de sucesso (e, portanto, risco de 40% de perda). Pode parecer complexo, com muitos números envolvidos, mas na verdade é uma maneira de simplificar grande quantidade de parâmetros e suas interações.
E para o produtor, no campo, por que é importante seguir as recomendações? Quem explica é Balbino Evangelista, analista de pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO): “é de muita importância para o produtor porque, se ele seguir as orientações do estudo e plantar na época recomendada, significa que vai aumentar suas chances de obter boa produtividade e lucro. Ou seja, vai reduzir os riscos de quebra de colheita de frutos por falta de chuva ou ocorrência de temperaturas elevadas durante o cultivo”.
Balbino atua no Núcleo Temático de Sistemas Agrícolas, um dos grupos de pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura. Esse grupo desenvolve pesquisas voltadas às condições dos Cerrados do Centro-Norte do país, incluindo o Matopiba (região formada por partes do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia). São pesquisas tanto com atividades já em execução, como outras que apresentam potencial de desenvolvimento para essa grande área de expansão agropecuária.
Publicação – As recomendações para o plantio de maracujá no Tocantins foram atualizadas e reunidas numa publicação técnica recentemente finalizada e disponível gratuitamente no site da Embrapa (confira link no final do texto). O trabalho publicado objetivou: delimitar as áreas com risco climático para o maracujá plantado no sistema de sequeiro no Tocantins; e indicar os melhores períodos ou datas para o plantio, levando em conta o clima, os tipos de solo e a fenologia (como a planta se comporta em suas diferentes etapas de crescimento) das cultivares recomendadas para o estado.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 o Tocantins produziu 847 toneladas de maracujá, com produtividade média de 9,2 toneladas por hectare. Os principais municípios produtores foram Nova Olinda, Palmeiras do Tocantins, Miranorte, Sítio Novo do Tocantins, Tabocão e Bernardo Sayão, responsáveis por cerca de 65% da produção do estado naquele ano.
Balbino, da Embrapa, ressalta que o estudo atual foi aperfeiçoado, sendo mais preciso que o anterior. O que é normal em trabalhos com Zarc: “precisam ser atualizados no decorrer dos anos para que possam ser aperfeiçoados sempre que ocorrerem atualização das bases de dados de clima, avanços nas pesquisas de manejo dos solos e com o lançamento de novas cultivares de maracujá, materiais mais produtivos e mais resistentes às variações do clima, especialmente tolerantes a secas e a temperaturas altas”.
A publicação tem aderência ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome zero e agricultura sustentável), um dos 17 ODSs estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
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