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Pulverização foliar no abacateiro

Mantenha seu abacateiro saudável com a pulverização foliar adequada

Endrik Jhonatan dos Santos Miranda
Produtor rural e graduando em Agronomia – Centro Universitário de Ourinhos (Unifio)
endrikmiranda.agro@gmail.com
Guilherme Barbieri França
Graduando em Agronomia – Unifio
guilhermefaculdade@gmail.com
Adilson Pimentel Júnior
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Unifio
adilson_pimentel@outlook.com

O abacate está sendo cultivado em todas as regiões do Brasil, sendo uma excelente forma dentro do ramo da fruticultura de diversificação. No entanto, a produção maior se concentra nas regiões sudeste e sul do País.
Grande destaque para os municípios de Rio Parnaíba (MG), Jardinópolis (SP) e Aguaí (SP), como maiores produtores da fruta no Brasil.

Os hormônios

Foto: Shutterstock

Dentro da abacaticultura, um dos maiores desafios é manter a alta produtividade do pomar, uma vez que a planta tem grande característica de bienalidade, ou seja, produz muito em um ano,, com uma queda na produção no ano sequente.
A pulverização foliar é uma alternativa aliada do produtor rural, para diminuir as quedas de produção, seja com o uso de defensivos específicos ou realizada com o intuito de fornecer principalmente microelementos nutricionais por meio de aplicações programadas.
Ainda, a aplicação de fitorreguladores interage no organismo das plantas com o intuito de beneficiar o sistema hormonal. A operação é realizada comumente com turbo-atomizadores de arrasto, muito semelhantes aos usados na citricultura; tracionados por tratores de pequeno a médio porte.

Resultados

No que diz respeito à utilização de pulverizações foliares, tem se utilizado muito o cálcio via foliar e até em pulverização direta nos frutos, elemento principal para a membrana celular da fruta do abacateiro.
O cálcio é indispensável para o sistema fisiológico vegetal, para uma boa formação de frutos, redução de desordens fisiológicas, maior firmeza de frutos e, consequentemente, melhor qualidade pós-colheita, aumentando o shelf life (tempo de prateleira) do produto.
O uso de fitorreguladores vegetais também tem se tornado um aliado para alcançar grandes produtividades, como é o caso da utilização de alguns triazóis, inibidores da biossíntese de giberelina e etileno, diminuindo a queda prematura de frutos, chocamento, bienalidade na produção e melhoria na qualidade final das variedades mais comercializadas.

Opções

No mercado existem diversos fabricantes e modelos de turbo-atomizadores para aplicação via foliar, sendo os mais comuns em formato de leque e caracol. A tomada de força do trator é o que garante que o ventilador do implemento impulsione a calda com pressão até o alvo, atingindo a superfície das folhas no alto, meio e baixeiro da planta, adentrando até os pontos mais fechados.
Dentro da classe dos triazois, temos o uniconazole (UCZ) e paclobutrazol (PBZ), utilizados como antagonistas da síntese de giberelinas, hormônio vegetal responsável pela queda prematura de frutos.
Estes são utilizados também para desaceleração do crescimento de ramos após a florada do abacateiro, uma vez que ramos com alto vigor vegetativo demandam energias que a planta poderia estar direcionando para o fruto.
A utilização de citocininas, especificamente a citocinina benziladenina (BA), via pulverização foliar, para diminuir a alternância produtiva do abacate, vem demonstrando excelentes resultados.

Recomendações

Recomenda-se a utilização de uniconazole ou paclobutrazol nas dosagens de 0,7%, para diminuição do crescimento vegetativo de ramos, e maior comprimento longitudinal e transversal de frutos, resultando em aumento de massa fresca.
Alguns estudos demonstram que a utilização de UCZ proporciona aumentos de duas a três toneladas por hectare.
O uso de citocininas na dosagem de 25 mg/L diminui a alternância produtiva em até 70% em pomares de abacateiro e melhoram o aspecto de brilho da casca, mantendo um verde mais intenso por mais tempo, a depender da variedade.

Foto: Shutterstock

Eficiência da pulverização foliar

No abacate, as pulverizações são escaladas, a depender da variedade. Como sabemos, existem quatro variedades principais produzidas no Brasil, sendo elas Fortuna, Geada e Margarida de clima tropical, e o Hass de clima temperado.
Busca-se fazer pulverizações de fontes nitrogenadas, citocininas e reguladores exógenos em períodos que compreendem os meses de abril e maio (outono), época apropriada para a nutrição das gemas florais, e outubro a novembro (primavera), época apropriada para nutrição de flores e frutos.
As pulverizações programadas devem ser feitas antes da florada a fim de fornecer nutrientes ao organismo vegetal, depois da antese (maturação fisiológica da flor), e em fases de chumbinho, quando frutos estão prestes a iniciar sua granação.
Já a pulverização de fitorreguladores são normalmente divididas em duas vezes, sendo no período da antese e frutos em estágio chumbinho, para diminuir a queda de flores e frutos.

Dicas importantes

Para o abacateiro, existem horários ótimos para melhor absorção de produtos pulverizados, como temperatura abaixo de 28ºC. Acima disso, teremos a interferência do calor no fechamento de estômatos, dificultando a penetração das moléculas no organismo.
Com umidade relativa do ar superior a 55%, evita-se a evaporação antes da absorção, e velocidade do ar inferior a 8 km/hora diminui a taxa de deriva. É muito importante o produtor se atentar às recomendações em bula de produtos, bem como à regulagem de equipamentos e à velocidade de trabalho, a fim de minimizar perdas, buscando sempre pulverizar em horários que a planta responda melhor, como períodos frescos do dia e com incidência solar.
É preciso estar sempre atento a previsões meteorológicas, evitando a perda do produto por chuvas ou orvalho.


O que você precisa saber

Na preparação da calda de aplicação, deve ser utilizado de forma correta o EPI adequado para este tipo de procedimento, misturar bem o produto com a água, atentar-se à qualidade da água usada na solução, pois o pH dela pode interferir no pH da calda, aumentando a volatilização e diminuindo a eficiência das moléculas.
O pH ideal deve estar entre 5,5 a 6,5, segundo manuais técnicos. A utilização de adjuvantes espalhantes melhora a eficiência de absorção pelas folhas, fazendo com que o produto chegue no alvo com mais facilidade.

Foto: Bruno Leite

Atenção!

Apesar dos inúmeros benefícios da pulverização foliar, é sempre importante seguir a recomendação de um técnico na área para evitar perdas na produtividade ou até mesmo plantas, sendo de suma importância respeitar recomendações da bula.
O uso de doses cavalares de produtos de origem nitrogenada, potássica ou clorada pode ocasionar queimas de ramos, folhas e frutos, ou até mesmo o abortamento de botões florais, trazendo prejuízos ao produtor, como quebra de safra e até perdas irreparáveis, como morte de plantas.
Os momentos mais críticos geralmente são as entradas no pomar, quando as plantas estão frágeis e necessitam de um cuidado maior. Por isso, se faz importante reconhecer os sinais aparentes e buscar por soluções sustentáveis que minimizem os riscos e que aumentem a produção.

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