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Qual a ação dos fertilizantes organominerais na beterraba?

Autores

Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
jcragronomo@gmail.com
Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia/Produção Vegetal – UFRRJ
carlosantoniods@ufrrj.br
Fotos: Shutterstock

O cultivo de beterraba no País é amplamente difundido entre produtores de hortaliças da região sul e sudeste, abrangendo, principalmente, os Estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Estes representam, respectivamente, 26%, 22%, 21% e 20% da produção nacional de beterraba.

As condições climáticas favoráveis dessas regiões possibilitam um desenvolvimento satisfatório da cultura, atingindo índices de produção de 15 a 30 toneladas de raízes tuberosas limpas por hectare (Anuário HF, 2016).

Como forma de se alcançar boa produtividade nas lavoras de beterraba, alguns cuidados são requeridos, principalmente no tocante ao manejo nutricional da cultura. A beterraba é bastante exigente em termos nutricionais, requerendo uma adubação equilibrada e que seja capaz de repor os nutrientes extraídos pelas plantas, evitando assim o esgotamento do solo.

Em função destas características, os fertilizantes organominerais se destacam pela sua potencialidade de uso na cultura da beterraba, por fornecerem nutrientes às plantas e melhorarem ainda alguns atributos físicos e biológicos do solo. Características como estrutura, retenção de água e aeração do solo são influenciadas pelo uso de fertilizantes organominerais, proporcionando melhor desenvolvimento do sistema radicular, o que é extremamente vantajoso, por ser uma cultura com raiz tuberosa.

Receita de sucesso

Os fertilizantes organominerais são adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes minerais, e que são mais eficientes quanto ao fornecimento de nutrientes às plantas quando comparados aos fertilizantes minerais solúveis. Isso se deve às suas características, que proporcionam uma disponibilização gradual de nutrientes para as plantas ao longo de seu ciclo, garantindo um desenvolvimento adequado, com maior eficiência e economia.

Os fertilizantes organominerais se diferem dos fertilizantes minerais solúveis, que geralmente apresentam uma liberação rápida de nutrientes no solo, o que favorece as perdas, sejam elas por volatilização e/ou lixiviação, a depender do nutriente.

Quando comparado às fontes minerais solúveis, o aumento da eficiência de aproveitamento de nutrientes com a aplicação de fertilizantes organominerais pode chegar a 40% para o fósforo, alcançando índices de 70% para o nitrogênio, e de até 75% para o potássio.

Sustentabilidade

A utilização de fertilizantes organominerais no cultivo de beterraba e de outras hortaliças tem aumentado nos últimos anos, principalmente em decorrência dos efeitos benéficos proporcionados ao solo pela adição de matéria orgânica e de nutrientes às plantas.

Esses sistemas de produção, usualmente de ciclos curtos e de cultivos intensificados, proporcionam grande extração de nutrientes. Portanto, como forma de assegurar a sustentabilidade do sistema de produção, é recomendado que o solo seja manejado visando uma correta reposição dos nutrientes, além de garantir melhoria de suas características químicas, físicas e biológicas.           

A melhoria na qualidade física e biológica do solo proporcionada pelos fertilizantes organominerais reflete no aumento da biodiversidade de microrganismos do solo, favorecendo o fornecimento de energia para a manutenção e o aumento das populações microbianas, no aumento da agregação, porosidade, e redução da densidade do solo, melhorando a aeração e infiltração de água no perfil, além de reduzir perdas de solo e nutrientes por erosão.

Manejo

Dentre os tipos de fertilizantes organominerais existentes, os mais comercializados são em forma farelada, granulada, peletizada ou fluida, por apresentarem uma fácil aplicação. Os organominerais farelados, granulados ou peletizados podem ser aplicados no plantio próximo à semente ou à muda de beterraba, ou ainda, na adubação em cobertura, quando inicia-se o crescimento mais intenso das plantas.

Recomenda-se, sempre que possível, incorporá-lo ao solo para que possa obter maior eficiência. Já os organominerais fluidos podem ser veiculados via fertirrigação ou aplicação foliar, possibilitando o suprimento nutricional mais rápido às plantas.

De modo geral, mesmo apresentando formas variadas de composição, os fertilizantes organominerais podem ser aplicados com os mesmos equipamentos e procedimentos dos fertilizantes convencionais, não havendo necessidade de aquisição de novos maquinários.

A quantidade apropriada a ser aplicada de qualquer tipo de fertilizante organomineral deve sempre levar em conta os resultados de fertilidade do solo cultivado, que podem ser verificadas pela análise prévia do solo, e as recomendações técnicas do fabricante para a cultura.

Deve ser considerado, ainda, que a realização da análise do solo e eventual correção da acidez por meio de calagem, quando necessário, é importante para uma melhor disponibilidade dos nutrientes aplicados ao solo via fertilizantes organominerais ou qualquer outro tipo de fertilizante. 

Resultados

Estudos realizados nas principais regiões produtoras de beterraba apontam que a melhoria na qualidade química, física e biológica do solo pela utilização de fertilizantes organominerais tem proporcionado maior vigor, uniformidade e desenvolvimento das plantas, maior teor de sólidos solúveis em sua composição, melhorando a qualidade e produção comercial por hectare.

Outros potencias benefícios também devem ser considerados pelos efeitos das substâncias húmicas presentes nos fertilizantes organominerais, que podem ser capazes de estimular fisiologicamente o crescimento, proporcionando um maior desenvolvimento vegetativo e radicular, além de maior resistência a determinadas pragas e doenças.

É importante ressaltar, ainda, que para uma maior eficiência dos fertilizantes organominerais é necessário que seu uso seja prolongado, visto que o incremento de matéria orgânica é gradativo ao longo dos anos, favorecendo o efeito condicionante do solo.

Erros frequentes

Em decorrência da cultura da beterraba ser bastante exigente em fertilidade, um dos principais erros cometidos em seu cultivo é a recomendação de fertilizantes organominerais sem a realização prévia da análise de solo e eventuais correções do solo, se necessárias. A ausência desses cuidados pode reduzir a eficiência do fertilizante aplicado, gerando insuficiência no fornecimento de nutrientes para as plantas de beterraba.

Outro principal cuidado que merece atenção é a aquisição de produtos de qualidade, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que assegurará a garantia da composição de nutrientes e qualidade do fertilizante organomineral.

Investimento x retorno

Os fertilizantes organominerais apresentam maior concentração de nutrientes em relação à maioria dos fertilizantes orgânicos, podendo ser empregados em menor quantidade por área, reduzindo-se, assim, até 20% dos custos de produção.

O uso dos fertilizantes organominerais apresenta benefícios sólidos ao produtor em função da melhoria do condicionamento químico, físico e biológico do solo, favorecendo melhores condições de desenvolvimento das raízes tuberosas da beterraba a médio e longo prazo, resultando em melhor equilíbrio nutricional das plantas e, consequentemente, melhor qualidade e produtividade da cultura.

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